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-Início»Entrevistas»Alberto Lopes: “Emoções não expressas nunca morrem, voltam mais tarde em forma de doença”
Foto cedida pelo entrevistado

Alberto Lopes: “Emoções não expressas nunca morrem, voltam mais tarde em forma de doença”

Julia Lopes julias.lopes99@gmail.com 13 Ago 2018 Entrevistas

A sede pelo conhecimento levou Alberto Lopes a explorar o poder da mente. A hipnose trilhou-o numa constante luta pela desmistificação e conscientização dos grandes benefícios da técnica mais humanizada da terapêutica: a hipnoterapia.

Alberto Lopes é neuropsicólogo e um dos primeiros precursores do uso da hipnose para fins terapêuticos em Portugal. Para além de autor, palestrante e formador, é um dos fundadores e atualmente presidente da APHCH (Associação Portuguesa de Hipnose Clinica e Hipnoanálise). A sua paixão pela hipnose consagra-o e contribuiu para descobertas de grande relevância no universo da hipnoterapia. Numa conversa carregada de surpreendentes revelações, mostrou onde se encontram as respostas das questões mais complexas da vida e a inacreditável capacidade de cura existente na mente humana.

Qual foi seu primeiro contacto com a hipnose?

Minha família trabalhava com estudantes e nós decidimos convidar o hipnólogo Ruston Roseiro, que mais tarde foi o meu primeiro mestre na hipnose. Quando ele hipnotizou alguns estudantes, achei aquilo bizarro, de todo não acreditava, era um cético, mas pedi para que me hipnotizasse e, espantosamente, entrei em transe. Parafraseando Fernando Pessoa quando diz que “primeiro estranha-se depois entranha-se”, foi desta forma que a hipnose aconteceu comigo há 25 anos. Foi uma experiência muito interessante, pois de imediato fiz uma regressão, isto é, fui buscar um momento da infância onde a minha professora me expos em frente aos meninos… Acredito que aquele momento de certa forma me perturbou e no futuro continuava a me recalcar, já que tinha uma grande dificuldade em falar em publico, o que felizmente mudou após este dia. A partir daí, quis saber mais e entender esta técnica que faz tamanhas transformações. Em Portugal, particularmente, não havia grandes escolas na área. Fui para a Espanha, onde estive cerca de duas semanas a aprender sobre hipnose, nunca mais parei. Fui para a Holanda, varias vezes para os Estados Unidos, Brasil e, sobretudo, mudei de curso: estava em Gestão e avancei para Psicologia. Tinha 29 anos quando senti esse apelo.

Em que contexto nasceu a Associação Portuguesa de Hipnose Clinica e Hipnoanálise, da qual assume presidência atualmente?

Havia certo desconhecimento e até preconceito relativamente à técnica em Portugal. Não havia escolas que ensinassem a hipnose, havia alguns autodidatas. O meu primeiro mestre foi um deles. Mas a hipnose era mostrada em rua, no palco e com alguma ligeireza. Nós tínhamos uma lacuna em termos éticos, deontológicos, na área do ensino e um conceito muito errado de que a hipnose era magia e quase comandava o outro, portanto, tive a necessidade de apresentar a hipnose como uma técnica válida, autêntica e que possui um lado clínico. Eu tinha convicção de que podia trazer bem-estar às pessoas e, por isso, me reuni com um conjunto de colegas para criar a nossa associação, uma das mais antigas de Portugal, a mais representativa e a que mais colabora em termos académicos. Nós também organizamos um congresso mundial da hipnose no Porto anualmente, chamado “Jornadas Internacionais de Hipnose”, trazemos grandes nomes da hipnose mundial, como a Betty Erickson, Roy Hunter, entre outros.

Qual seria o caminho para desconstruir o preconceito na maneira como as pessoas olham a hipnose?

Parece-me um paradoxo, pois a hipnose é uma técnica tão antiga quanto a humanidade. Se recuarmos nos primórdios, o primeiro tratado médico da história, o famoso “Papiro de Ebers” faz referência ao uso da hipnose para o controlo da dor, e na Grécia havia inclusive um templo dedicado à hipnose onde centenas de pessoas iam aos sacerdotes hipnotistas que colocavam as pessoas “num sono que tudo curava”. Mas se pensarmos que a Organização Mundial de Saúde, a Associação Psiquiátrica Americana, as principais ordens médicas mundiais reconhecem, atualmente, o benefício e recomendam o uso da hipnose no controlo da dor, da ansiedade e, sobretudo, a vertente de auto-hipnose, ainda me espanta num país como o nosso, que considero não estar muito atrasado com isto, ter tantos preconceitos relativamente à técnica. Só conseguiremos desconstruí-los levando a hipnose para as faculdades e isso tem sido feito, por exemplo, pela associação que represento em colaboração com o Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar e a Universidade do Porto. Temos vários estudos, nomeadamente, do uso da hipnose no controlo da dor. Ou seja, são esses trabalhos que temos que avançar e demonstrar ao publico o lado clínico e terapêutico da hipnose. Mas sabe uma coisa? Estou na área há mais de 25 anos, sempre senti que a credibilização da hipnose era uma corrida de obstáculos, de altos e baixos, mas que no final a técnica iria prevalecer.

De onde vem este preconceito?

Principalmente das demonstrações de rua, a hipnose teatral, onde se mistura de tudo… No mesmo saco mete-se ilusionismo, com mentalismo e hipnotismo. Inclusive, atualmente passa na SIC o “Divertidamente”, um programa onde se retrata com muita ligeireza e, digamos, até com alguma fraude o conceito da hipnose. Há pouco fiz um programa no mesmo canal chamado “O Poder da Mente” e percebo que há uma guerra entre as audiências… Quando me convidaram pra fazer parte do “Divertidamente”, eu recusei, assim como todos os meus amigos portugueses da área. Por este motivo, buscaram um hipnólogo em Espanha. Não houve aqui quem o fizesse e isso demonstra o quão sério levamos a hipnose, não alinhamos com essa ligeireza. Eu não sou contra as demonstrações de hipnose, se forem acompanhadas com uma explicação séria, credível e que transmite, pelo menos, o conceito clínico, mas não é isso que se passa naquele programa.

“A felicidade não esta no comprimido”

Como descreveria sua profissão? O que é ser um hipnoterapeuta?

Bom, costumo dizer que a hipnose para além da mudança subjetiva, um dos seus aspectos fundamentais é o de poder ser ensinada ao nosso consulente para que ele possa continuar a fazer os trabalhos de mudança em casa. É melhor retratarmos isso em uma frase da filosofia oriental que diz: “quando alguém tem fome, não lhe dê o peixe, ensina-o a pescar”. A hipnose ensina-nos a pescar nas águas turbulentas da nossa vida. Acredito que o grande problema das pessoas é continuarem agarradas aos dramas do passado… Ora, um hipnoterapeuta nada mais, nada menos, cria um estado especial de atenção em que a pessoa faz um mergulho no seu interior, nas suas emoções, nos seus desejos mais profundos, já que permite evocar recursos adormecidos, questionar as verdades absolutas e libertar-se das crenças do passado que, muitas vezes, são autenticas prisões. Como diz a filosofia budista: “Nem os teus piores inimigos podem te fazer tão mal como os teus próprios pensamentos.” O hipnoterapeuta é um facilitador deste potencial adormecido, nosso trabalho não acaba no escritório, ele perpetua-se se o consulente conseguir fazer a auto-hipnose para que, no futuro, possa evocar esse efeito residual da hipnose e possa “pescar o seu peixe”.

Quais os benefícios que a hipnoterapia pode trazer à vida de uma pessoa?

Acredito que o maior problema da sociedade é a solidão. As relações são descartáveis e, cada vez, mais precisamos falar a linguagem dos afetos. A hipnose permite isso. Cerca de 40% dos portugueses tomam psicofarmácos, modeladores do humor, antidepressivos. O Observatório da Saúde Mental alega que, de 2014 a 2018, aumentaram em 33% os consumos de psicofarmácos em Portugal, isto é, as abordagens convencionais, tanto os comprimidos como as terapias convencionais, não estão a dar respostas, isto porque a felicidade não está no comprimido. Em psicologia, dizemos que sentimento sem motivo é patológico, mas quando damos um sentimento à dor ela pode se transformar, se libertar e a hipnose proporciona isso. Ajuda na depressão, a controlar a dor, o stress, a ansiedade e é ótima, por exemplo, para controlar as adições como o tabaco e o álcool. Ela vai ao encontro dos seus medos mais profundos, das suas convicções mais rígidas e consegue altera-las, torna-las mais flexíveis. Portanto, para além de humanizar a terapêutica, além de tornar a pessoa participativa na sua auto-cura, a hipnose traz equilíbrio à pessoa, a sensação de que é um ser único, de que a vida a espera e depende apenas dela ir ao encontro de sua felicidade.

Quais são as limitações da hipnose relativamente ao controlo da dor?

Fiz colaboração no primeiro estudo, a nível mundial, que demonstra a hipnose com níveis equipotentes comparativamente ao Reminfetanil, o mais potente anestésico que temos. Em dores mais profundas, de facto, o anestésico teve maior efeito, mas qual é a abrangência clínica deste estudo? Muito simples, se pensarmos que 85% dos nossos doentes vão à unidade da dor hospitalar com dores leves a moderadas, 85% dos pacientes podem usar a hipnose ao invés da medicação. Ou seja, se fossemos capazes de introduzir nas unidades da dor em hospitais um especialista na área da hipnose e ensinar às pessoas a vertente da auto-hipnose, isso reduziria substancialmente o consumo de analgésicos, além de corresponder a uma diminuição de despesas do erário publico. Inclusive, já temos aqui em Lisboa o enfermeiro Luís Abrantes que atua na unidade da dor de Santa Maria fazendo uso da hipnose para ajudar no controlo da dor, sobretudo, na fibromialgia e a artrite reumatoide, e o Centro Hospitalar também tem um hipnólogo que aplica um protocolo para trabalhar com parturientes, para as futuras mamãs que queiram um parto sem dor.

Em Junho, irei lançar o meu quarto livro que se chama “Hipnose e Regressão: Do Mito à Prática Clínica” que aborda dois anos de estudo da aplicação de hipnose em doentes para o controlo das dores de doenças autoimunes como a fibromialgia e o cancro, com o objetivo de atenuar os efeitos da quimioterapia e radioterapia. A Europacolon e a Mama Help, que apoia doentes do cancro da mama, colaboraram na elaboração de um protocolo juntamente comigo e, de facto, temos obtido resultados extraordinários. A hipnose permitiu não só atenuar a dor, as náuseas e combater a depressão, mas também fortalecer o sistema imunitário e dizer à pessoa que há vida após o cancro.

“O tempo é uma construção da mente”

Como funciona a técnica de regressão na qual é especializado?

Apesar dos preconceitos que possam existir relativamente à técnica de regressão, se eu lhe pedir para recordar o que fez ontem, de alguma forma você já esta em regressão, não é? Agora, precisamos perceber que para a mente inconsciente o tempo não existe. O tempo é uma construção da mente consciente, onde o passado e futuro estão a coexistir ao mesmo tempo. A regressão parte do pressuposto de que somos o somatório de várias experiências vividas no passado que se manifestam de forma benéfica ou patológica no nosso presente, é muito fácil perceber isso… O facto de falarmos português é porque a nossa família nuclear falava a língua portuguesa, portanto, é perfeitamente compreensível que as experiências do passado afetem ou condicionem o presente. A pergunta que se põe é: “e as experiências que nós passamos e não conseguimos ultrapassar? Aqueles momentos traumáticos, muitas vezes vividos na infância, que deixaram uma espécie de ferida psicológica que metemos para debaixo do tapete, porque não temos recursos para lidar?” Chamamos isso de encapsulamento em psicologia, que mais tarde gera um comportamento disfuncional, ou seja, aquilo que a mente não consegue resolver, o corpo encarrega-se de transformar em doença.

Atrevo-me a dizer que a base de todas as doenças são as emoções. A mente tem uma influência muito grande no nosso corpo, Freud já nos alertava sobre isso: “as emoções não expressas nunca morrem, elas temporariamente vão embora, mas tendem a voltar mais tarde em forma de doença”. Portanto, a hipnose vai à origem dessa ferida psicológica, no momento em que ela foi inculcada e remove na sua origem o sintoma, porque muitas vezes o sintoma é uma expressão vital do organismo a pedir mudanças e que se dê atenção às feridas que ficaram por cicatrizar no passado. A regressão da oportunidade com segurança, com facilidade, com um hipnotepeuta ao seu lado, sonhar seus piores dramas, resolvê-los e resgatar o seu interior do passado.

Em seu livro “O Sentido da Vida” aborda experiências de regressão a vidas passadas. Existe algum tipo de ligação entre a religião e a hipnose? No sentido de que algumas religiões abordam a reencarnação.

Olha… Isso é mais complexo. Com a mente hipnotizada, nós somos capazes não só de resgatar momentos da infância, dos primeiros anos de vida, mas até memorias a níveis pré-primários da nossa organização mental. Aqui temos que buscar alguns modelos da psicologia, como o trabalho de Carl Jung que fala das memórias ancestrais, dos nossos familiares, uma espécie de memória genética que se perpetua no tempo e deixa esse legado geracional nos futuros. Há quem diga com a mente devidamente hipnotizada que está a viver numa outra vida, noutra época, em outro corpo e eu, de facto, sou um especialista sobre isso… Agora se me perguntar até que ponto consegue-se demonstrar ou provar que essas experiências relatadas em transe são reais, de facto, não se consegue. Porém, as pessoas que recordam uma experiência de vidas passadas veem os seus planos resolvidos, despertam para a vida com um sentido muito mais profundo daquilo que têm para fazer. Não é fácil e nem vamos aceitar com ligeireza que são relatos reais… Podem ser desejos inconscientes, expressões oníricas da mente, ou podem mesmo ser verdadeiras. Eu digo muitas vezes quando o paciente sai do transe, confuso se o que recordou do passado é real, que, se a mente tem a necessidade de criar essa metáfora para lhe dar respostas para as principais perguntas da vida, porque não aceita-la? Não é? O que é a realidade? Se pararmos para pensar, o nosso mundo é constituído por átomos, nós inclusive, mas o que vemos não são eles, vemos o que é a construção da nossa mente. Apesar de tudo, não vale a pena discutir se é real, aquilo que eu discuto é que transforma a vida das pessoas.

Quais foram as maiores descobertas que teve ao longo de sua carreira?

De facto, digo muitas vezes que a hipnose não é tudo, a hipnose é o princípio de tudo. A natureza dotou-nos de um fantástico, maravilhoso computador biológico. Ele é capaz de quase tudo, mas infelizmente o cérebro humano não traz um manual de instruções: a hipnose (e eu estou a hiperbolizar) pode bem ser o manual de instruções que procurávamos para nós. Citando Mark Twain quando diz que “os dois momentos mais importantes da vida de uma pessoa é o dia que ela nasce e o dia em que descobre para quê”, a hipnose dá essas respostas e permite-nos sonhar. Não é à toa que técnicas como a meditação transcendental, ioga, o reiki, têm cada vez mais adeptos, são todos de auto-hipnose. Acredito que o primeiro momento mais importante da minha vida foi quando nasci, e depois quando descobri a hipnose e percebi o porquê de ter nascido, o porquê de estar aqui e para onde quero ir. Não importa muitas vezes se você escolhe o caminho da esquerda ou da direita. Se está feliz, está no caminho certo e eu estou feliz. É como dizem: “faça aquilo que gosta e não terá que trabalhar um único dia”… Eu faço o que gosto e me pagam ainda por cima, tenho que ser uma pessoa muito feliz, não é? Portanto, a hipnose me deu respostas às principais perguntas da vida e um caminho para seguir.

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Alberto Lopes Associação Portuguesa de Hipnose Clinica e Hipnoanálise hipnose hipnoterapia Poder Da Mente psicologia saúde 2018-08-13
Júlia Lopes
Tags Alberto Lopes Associação Portuguesa de Hipnose Clinica e Hipnoanálise hipnose hipnoterapia Poder Da Mente psicologia saúde
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