João Ribeiro, 29 anos, canoísta do Sport Lisboa e Benfica. O campeão do mundo em K2, em 2013, relembra este momento mágico na sua carreira, fala sobre o seu colega Fernando Pimenta e sobre o seu amor incondicional pelo Sport Lisboa e Benfica.
Como foram os seus começos na modalidade?
Foram como qualquer atleta de canoagem. Lembro-me que no primeiro dia virei 11 ou 12 vezes, mas saí com vontade de voltar no dia seguinte e de aprender mais! Nessa altura jogava futebol e depois comecei a praticar canoagem. Ia alternando, inverno futebol e verão canoagem, até que entrei na seleção nacional, em 2005, e decidi dedicar-me a 100% à canoagem.
Qual o momento que sentiu que poderia fazer alguma coisa especial enquanto praticante?
Não posso dizer que houve um momento exato, apenas a partir de 2005, com entrada na seleção nacional, fui ganhando o meu espaço e subindo degrau a degrau.
A partir da primeira vitória, em Itália, no Festival Olímpico da Juventude, e até aos dias de hoje, já conquistou inúmeros títulos. É seguro dizer que a conquista mais saborosa foi aquando da vitória da medalha de ouro em K2 500 metros, na Alemanha?
Sim, todas as conquistas são especiais e únicas, mas em 2013 foi, sem dúvida, um dos momentos mais altos da minha carreira.
O que separa um atleta de topo, dos outros?
O trabalho e o empenho, juntando o talento de cada um. Estas caraterísticas é que fazem essa seleção natural.
A canoagem, sendo um desporto outdoor, possui características que mais nenhum outro desporto possui. Dou o exemplo dos dias mais frios e chuvosos. Como é que encara esses dias mais difíceis e que imagino, sejam mais difíceis de ultrapassar?
Sem dúvida que o frio e o vento são dois fatores que prejudicam o treino. Mas quando temos objetivos bem definidos, e os queremos alcançar, tudo isso é ultrapassável. Em relação à chuva, até gosto, por vezes, treinar com chuva, principalmente quando treino sozinho. Fica um silêncio no rio e sinto-me em sintonia com a natureza.
Tendo em conta que a canoagem não tem a atenção de outros desportos em Portugal, consegue fazer uma pequena imagem dos pormenores que podem deitar tudo a perder numa corrida ou que, pelo contrário, podem elevar o atleta a uma vitória?
A canoagem tem varias categorias, desde o k1, k2, ao k4. Em barcos individuais (k1), só depende do teu desempenho e do teu foco. Em embarcações de equipa (k2 e k4), tem que haver uma sincronização entre os atletas e todos têm de estar a 100%, para tudo sair bem.
Quais as diferenças na preparação mental e física, da estratégia do próprio atleta, para encarar uma prova de 500 metros em relação a uma, por exemplo, de 1000?
São provas diferentes, os 1000 metros requerem muita mais resistência de que os 500 metros. Os 500 metros é uma prova mais aberta. Nos 1000 metros, ainda dá para recuperar algo que corra mal durante própria a prova, apesar de ser muito difícil. Nos 500 metros, não há margem para erros! Por isso, só por aí são preparações físicas e mentais completamente distintas.
As conquistas da canoagem portuguesa tiveram uma grande expressão no país e uma importância ímpar na comunicação social e na sociedade portuguesa. É o impulso que a canoagem necessita para ganhar mais atenção e importância no país?
Acho que nunca vamos ter a atenção que todos os atletas de canoagem desejam, mas hoje em dia toda a gente sabe o que é canoagem. Quando eu entrei, chamavam remo à canoagem. Agora tenho visto o contrario… Ainda assim, é sem dúvida uma conquista importante.
Como caracteriza os feitos de Fernando Pimenta, principalmente, no último mundial? Pode-se dizer que o Fernando é o maior símbolo da canoagem em Portugal, atualmente?
Sim, o Fernando é o melhor atleta que a canoagem já teve! Nunca houve ninguém como ele e, num futuro próximo, também não haverá, mas a canoagem portuguesa não pode viver só com os resultados do Fernando Pimenta. A federação tem de valorizar toda a equipa.
O João é, atualmente, um dos ativos mais importantes do designado “Benfica Olímpico”. Como descreve a sua parceria com o Sport Lisboa e Benfica?
Foi um sonho concretizado quando recebi a proposta do Sport Lisboa e Benfica. Ficarei no Benfica para o resto da minha vida desportiva. Ter assinado pelo Benfica foi tão importante como ter sido campeão do mundo.
Que podemos esperar do João nos próximos tempos e nas próximas grandes competições?
Vou continuar a trabalhar e a dar o meu melhor. Acredito que ainda tenho muitas coisas boas para ganhar e vou honrar a camisola do meu Sport Lisboa e Benfica e da Federação Portuguesa de Canoagem.