O Teatroesfera, em Queluz, apresentou ao público A Companhia – Lusíadas, o Musical Pimba, um espetáculo que pretende mostrar de forma cómica os bastidores de uma companhia e os desafios de produzir uma peça. Uma noite de muito riso e gargalhadas.
21:15h. No palco surge Fernando (José Nobre), encenador e líder da companhia. Anuncia que vai reunir-se com uma editora para, finalmente, conseguir os direitos das músicas emblemáticas portuguesas, como o “Homem do leme”, dos Xutos e Pontapés. Enquanto isso, o elenco dá a primeira conferência de imprensa.
Fernando regressa, entretanto, com uma má notícia. “Não consegui o direito das músicas”, exclama. Este anúncio faz os colegas entrarem em ‘parafuso’, mas o encenador apresenta de imediato uma solução: “Comprei outras músicas”, diz. Música ‘pimba’.
Apesar dos desentendimentos entre o grupo, das contas por pagar, o espetáculo consegue ir para a frente. Mas há outras particularidades. Estas músicas têm que estar misturadas com os textos emblemáticos de Os Lusíadas. E não só. Para conseguir a renda, a companhia vê-se obrigada a publicidade aos supermercados Tavares e às suas promoções semanais. No fim, o espetáculo torna-se um caos, mas um ator nunca cai. Ergue-se e acaba sempre a peça.
A reação do público à proposta foi imediata, com as gargalhadas a ecoarem na plateia desde o primeiro minuto. Não só pela premissa de misturarem o texto de Camões com música popular — das quais “Eu tenho dois amores”, de Marco Paulo, é apenas um exemplo — mas também fruto da personalidade das personagens, aspeto fulcral para que a peça se torne ainda mais divertida.
Todas elas estão bastante bem construídas e têm todo o seu momento de comédia, desde António Camelier confundir Florbela Espanca com a Floribella até Tiago Ribas levar uma tampa de uma jornalista da TVI no Chimarrão.
No final do espetáculo, o elenco reuniu-se — ao qual se juntou o convidado Ricardo Neves-Neves e a autora da peça, Mafalda Santos — para conversar sobre a escrita de comédia em Portugal.
O diálogo entre plateia e atores/autores foi bastante fluído, concluindo-se que o público está cada vez mais exigente. Quando questionada pelo UALMedia sobre como puxar os jovens para o teatro, Mafalda referiu a necessidade de abordar assuntos atuais e com os quais nos identificamos. “O espectador tem de ter a sensação que faz parte da peça, porque o que está a ver já lhe aconteceu ou então é um tema que conhece.”
No último fim de semana de exibição, o Teatroesfera teve casa cheia. Não são só as grandes companhias nacionais que têm peças de sucesso. As companhias pequenas e locais também.