Clube da minha terra é uma rubrica onde desvendamos os segredos e as particularidades de vários clubes locais. Esta semana, fomos conhecer um dos mais históricos clubes de Évora – o Lusitano Ginásio Clube.
Fundado em dezembro de 1911, mais conhecido como Lusitano de Évora, o clube alentejano é dos mais conhecidos na sua região e tem um recheado palmarés. No presente momento encontra-se em primeiro lugar da Divisão de Elite de Évora, os seniores deste clube centenário encontra-se perto de dar mais um importante passo para a história do clube.
Com muitos anos de competição e formação de atletas, há coisas que mudam com o passar dos tempos. Os objetivos do clube, relativamente à formação, não fogem à regra e, segundo o responsável máximo pela coordenação da formação do Lusitano, Joel Roque, atualmente centram-se em três pilares fundamentais: o ser humano em si, o ser humano como atleta e o futebolista. “Desenvolver e respeitar todas as etapas de formação do atleta nos diferentes escalões de formação é um dos principais objetivos, bem como valorizar e criar um forte sentimento de pertença à identidade de formação de jogo, de treino, de jogador e de treinador do Lusitano” refere Joel Roque.
No que toca a valores transmitidos aos atletas como ser humano e como o desportista que é, o clube valoriza o desenvolvimento desportivo, social e académico de cada um. “Tenta-se sempre estabelecer uma cultura desportiva integral e um forte sentimento de pertença ao clube, com regras bem definidas e princípios coerentes tais como o comportamento, o empenho e a assiduidade que resultam no assumir de um compromisso. O Lusitano tem por base um modelo de jogo que, por sua vez, orienta a conceção de um modelo de treino, potenciando e desenvolvendo o seu modelo de jogador tendo em vista, a promoção de atletas para o plantel sénior”, explica o coordenador da formação do Lusitano Ginásio Clube.
Quando confrontado com o que considera ser uma “grande vitória” nos escalões de formação, o coordenador da formação do clube não hesita em responder que o acolhimento de crianças de 4/5 anos e a posterior fidelização ao clube faz com que se criem condições para o desenvolvimento no futebol. Nesta presente época desportiva, “fazem parte do plantel sénior atletas que fizeram toda a sua formação no clube”, o que deixa obviamente todos os responsáveis do clube orgulhosos, que permitirá reforçar a posição de “mais alto representante desportivo da cidade e da região”.
No que diz respeito às principais dificuldades com que se depara o clube, Joel Roque refere que a falta de investimento e apoios financeiros para a modernização do complexo desportivo são problemas sérios que o clube tem de resolver, tendo em conta que possuem uma estrutura muito pesada – desde o futebol de iniciação à equipa sénior, o clube possui um total de 15 plantéis.
Apesar de Portugal ser conhecido lá fora pela qualidade da sua formação, bem como por ter fornecido alguns tesouros ao futebol mundial, o coordenador da formação do clube do Alentejo refere que ainda existem alguns pormenores a serem melhorados, tais como o facto de se olhar cada vez mais para a formação e para os atletas como um negócio. Acredita ainda que o que se passa no futebol profissional está de certa forma a alastrar-se para o plano da formação de jovens atletas, quando numa fase de iniciação não devia existir essa pressão, o que pode prejudicar a evolução dos jovens atletas.
Para tentarmos perceber de uma forma mais eficaz qual a sensação de defender as cores deste clube, falámos também com o atleta José Quito, proveniente da formação do clube, que neste momento atua na equipa sénior. O atleta admite que vestir a camisola do Lusitano não é para qualquer um, referindo que “só veste esta camisola quem tem a responsabilidade do que é representar um clube centenário e histórico”. Por outro lado, para além de sentir uma mística enorme, considera que é um grande orgulho representar um clube conhecido e respeitado a nível nacional.
Quando questionado sobre qual a ligação dos adeptos a este clube centenário, José Quito refere que, na sua perspetiva, é exatamente esse o ponto de diferença do Lusitano para os restantes clubes da região, na medida em que os adeptos possuem uma grande proximidade com todas as equipas, salientando também que “o clube mexe com muita gente”. Desta forma, acredita que os adeptos possuem uma importância fundamental naquilo que é o trabalho diário de todos os que representam o clube, acrescentando que nos dias de jogo, independentemente de qual for o desfecho do mesmo, têm o apoio dos “Lusitanistas, que vivem o clube de uma forma muito intensa e carinhosa”.