Começou na Renascença há mais de 20 anos e acredita que “a sentença de morte à rádio, apregoada há muitos anos, nunca se vai cumprir”. As redes sociais deram um rosto à sua voz e foi quando deixou de ser “alto, louro e de olhos azuis” para passar apenas a ser o companheiro de todos os dias. Óscar Daniel conta a sua história desde os tempos em que fazia locução num rádio de brincar, até se tornar numa das vozes de referência da Emissora Católica Portuguesa.
Nasceu em Cabo Verde, mas a sua vida foi dividida entre a ilha do Faial e Lisboa. Quando estava nos Açores, que contacto tinha com a rádio? Alguma vez lhe passou pela cabeça que acabaria no meio?
Só em casa a brincar. Curiosamente, o meu pai tinha um rádio daqueles antigos que se chamava Oskar com K, que era a marca do rádio. Tínhamos um pequeno microfone e eu tinha cassetes – os mais novos se calhar já não sabem o que é isso –, punha as músicas a tocar, interrompia e fazia um bocado de locução, foi só isso. Acho que já se estava a germinar qualquer coisa (risos).
Confesso que nunca me imaginei no meio. Depois, com o andar da minha vida, fui estudar para um seminário, onde normalmente vão os jovens que pensam ser padres. Nessa altura, comecei a gravar muitas coisas para as freiras, de forma a que elas tivessem material para dar catequese e formação. Achavam a minha voz interessante. Então, comecei a gravar e aquilo também começou a mexer um pouco comigo, mas pensar que um dia ia ser locutor, ainda por cima, numa rádio como a Renascença, nunca.
Por que razão escolheu ir para o seminário? Foi uma decisão consciente?
É curioso. Quando somos jovens, sobretudo, na adolescência, temos uma visão muito a preto e branco do mundo, não olhamos para as cores todas. E achamos que se pudermos fazer uma pequena revolução, mudamos qualquer coisa no mundo.
Aos 13 anos, estava a estudar num liceu problemático em Lisboa e, naquela altura, a questão das vagas era muito complicada. Por isso, acabei por cair num liceu na Ameixoeira, um meio muito difícil e com o qual nunca tinha tido contacto. Havia jovens com muitas dificuldades que nem sequer conseguiam ter livros para estudar, outros que já naquela idade tinham de trabalhar para conseguir pagar os estudos. Pensei: “Há aqui qualquer coisa que é preciso mudar e quero fazer parte desta mudança”. Foi isso que me levou a crer que um dia poderia mudar o mundo sendo padre. É estranho, mas na altura ocorreu-me.
Foi uma decisão consciente e muito boa. Quando cheguei ao seminário, tinha ideia que ia ser padre e a primeira coisa que me disseram foi: “Tu não estás cá para ser padre, mas sim para descobrir uma vocação que pode, ou não, ser a de padre. Sobretudo, queremos dar-te valores e uma formação humana que pode, também, ajudar a mudar o mundo.” Na altura, acho que foi uma opção consciente e devo dizer que, para mim, a decisão de entrar no seminário foi mais fácil do que a de sair. Quando decidi sair, quis ter a certeza que não estava a arranjar uma desculpa para fugir de uma vocação, quis mesmo ter a certeza que esse não era o meu caminho. As duas decisões revelaram-se conscientes e boas. A experiência do seminário foi ótima em termos de formação, de aprendizagem, nomeadamente, a viver em comunidade porque não conhecia ninguém e, de repente, fui viver com aproximadamente 50 jovens que não conhecia de lado nenhum. Tive regras e disciplinas que, se calhar, não me apetecia muito obedecer e aprendi que elas fazem parte da vida e que são importantes.
Cinco anos depois, saiu do seminário com 18 anos rumo a Lisboa para ingressar num curso de Direito. Quando percebeu que esta área era a sua vocação?
Vou ser muito honesto, só percebi mais tarde. Quando somos jovens, passamos por isso quando temos de definir o nosso caminho. Pensamos naquilo que queremos e que gostamos, mas depois há um conjunto de vozes e circunstâncias à nossa volta que dizem: “Se calhar, esse caminho não te vai levar ao sucesso, a uma profissão, a lado nenhum”. A minha primeira escolha foi filosofia, mas toda a gente me dizia: “Ah, isso não te vai dar nada. Se calhar, vais passar o resto da vida a ser professor e a ganhar uma ninharia, ou então nem chegas a arranjar emprego com um curso desses.” Por causa dessa pressão toda, fui para Direito e acabei por descobrir que esse não era o meu caminho. Tive a certeza que esse não era o meu caminho. Só fiz três anos do curso. Ainda carreguei os manuais enormes de Economia Política, Direito Constitucional, Direito Administrativo e coisas do género. (risos)
O que é que ainda fica do Direito na sua vida?
Honestamente, o que mais me cativou no curso de Direito foi Direito Constitucional. Foi a minha disciplina favorita. Acho a Constituição um documento extraordinário com uma beleza extrema, ideais fabulosos. Gostaria que, um dia, conseguíssemos olhar para eles de uma forma mais séria e trazê-los à realidade.
Início Radiofónico
Em 1994, quando a Rádio Renascença abriu castings para novos locutores decidiu participar e ficou. Que importância teve esse momento?
A minha mãe telefonou-me e disse: “Olha, estão a abrir um casting para rádio, não queres ir lá?”. Eu não fazia a mínima ideia do que era isto de fazer rádio, mas disse: “Está bem eu vou lá”. Então inscrevi-me e chamaram-me para fazer o teste. Na altura, lembro-me bem quando cheguei a casa. Ela disse: “Então gostaste?” e eu respondi: “Gostei, mas não correu nada bem. Acho que não vou ficar, havia lá gente muito bonita e com muita capacidade”, mas fiquei, até hoje.
Teve toda a diferença, porque há todo um mundo novo que se revela à nossa frente e dizemos que, realmente sem saber, era isto que eu queria. E a rádio foi uma paixão à primeira vista. Quando fui fazer o serviço militar obrigatório e me forçou a estar três meses e duas semanas fora dela, contava todos os dias. Lembro-me de ter noites a olhar para o luar e a pensar: “Quando é que vou voltar a fazer rádio?” É um vício tremendo.
Alguma vez, durante esse período, sentiu instabilidade?
Crescer é sempre uma instabilidade muito grande porque temos de tomar decisões. De repente, dizem-nos que deixámos de ser aquela criança em que os pais decidem por nós. Quando fui para o 10º ano, já me diziam que tinha de pensar para que área queria ir. Se estamos no seminário, temos de continuar na área de Letras. Quando saltamos para o 12ºano, dizem-nos que temos de começar a pensar no curso que vamos ter e, depois disso, temos de começar a pensar em termos de futuro. Portanto, esta fase de crescimento é sempre uma fase de constante instabilidade, mas boa. Vamos descobrindo caminhos e é extraordinário, quando acertamos nas nossas escolhas e encontramos as nossas paixões.
Devo dizer que a rádio começou por acaso, mas se calhar, foi um acaso que já estava programado na minha vida. Não me via a fazer mais nada senão rádio.
Já na rádio, começou por fazer as madrugadas das duas às cinco. Programas que lhe permitiram entrar em contacto direto com ouvintes. Que histórias recorda desses tempos?
A primeira coisa que fiz em rádio foi as madrugadas, das duas às cinco da manhã. Era um jovem imberbe e puseram-me a fazer as madrugadas e disseram-me: “Vai fazer qualquer coisa disto.” Cheguei lá e comecei as minhas primeiras experiências. Lembro-me de pensar: “Bom, as pessoas querem ouvir músicas. À partida, quem está acordado de madrugada, são pessoas que gostam de ouvir música com pica.” Nesse tempo, não tínhamos playlists. Éramos nós que escolhíamos a música e eu ia dar às pessoas aquilo que elas queriam.
Depois das duas primeiras semanas, recebi muitos telefonemas a dizer para escolher outra coisa para fazer na vida, porque não percebia rigorosamente nada daquilo. Apercebi-me que alguma coisa tinha que mudar. Trabalhava com um técnico aqui na Renascença, que era o Miguel Martins, que infelizmente já faleceu. Um dia, olhámos um para o outro e dissemos: “Isto não me está a satisfazer nem a ti, nem a mim, nem a quem nos ouve. Vamos fazer disto alguma coisa.” E eu disse-lhe: “Temos números de telefone. Tu estás aí desse lado, eu vou desafiar as pessoas a virem conversar” e foi assim. Tive experiências absolutamente extraordinárias nessas madrugadas, porque aparecia todo o género de pessoas.
Na época, tinha 20 e poucos anos. Aconteceu ligaram-me e dizem-me: “Somos um casal, estamos os dois agarrados à droga, já fizemos tudo quanto é tratamentos de recuperação e nada resultou. Já vendemos tudo o que temos em casa para poder consumir e estamos a ligar porque precisávamos de desabafar e dizer que a partir de hoje tomámos uma decisão: a minha mulher vai-se prostituir para conseguirmos continuar a consumir droga.” É terrível quando nos lançam uma coisa destas. Tive ainda vários casos de violência doméstica, em que tentávamos ajudar, mas, infelizmente, na altura era muito mais difícil conseguir chegar às vítimas.
Também tive um caso muito interessante de uma senhora que ligou e conversou imenso. De uma forma perfeitamente normal, desabafou as coisas dela. Passado uns meses, fui para um convívio organizado pela Renascença. Chegou uma senhora ao pé de mim e disse-me:” Lembra-se de mim, numa noite em que conversámos? Tinha uma caixa de comprimidos à minha frente para me suicidar, liguei o rádio, ouvi a sua voz e decidi ligar. Quando acabámos de conversar, deitei a caixa de comprimidos para o lixo.” É bom ouvir isso, é bom saber que, de alguma forma, participei nisso.
Relação locutor – ouvinte
Considera importante, para o sucesso de uma rádio, existir essa interação locutor-ouvinte?
Foi das coisas que mais me encantou, esta capacidade que a rádio tem de aproximar as pessoas. De tal forma que, quando fiz durante anos o programa da meia-noite às duas, com conversas na rádio à noite, das coisas mais interessantes nessas conversas, era alguém ligar, falar comigo na rádio e contar coisas muito pessoais, que nunca contaram a ninguém e dizerem: “Só o estou a contar a si”, mas tinham um auditório inteiro a ouvir. Para a pessoa, ela estava a falar comigo. Nós tínhamos ali uma relação pessoal. Esse é o grande encanto da rádio e que não consigo encontrar noutro meio de comunicação.
Esteve à frente do programa “Dia do Senhor”, onde tinha consigo o patriarca D. Manuel Clemente. Como foi voltar a estar tão próximo da linguagem do seminário, tantos anos depois?
Foi uma experiência que também aconteceu por acaso. Depois, durou mais de dez anos. O patriarca D. Manuel Clemente era bispo auxiliar de Lisboa e tinha um programa que ele gravava sozinho na rádio. Lia os textos e fazia uns comentários. Na altura, houve um programa de Natal e ele disse que gostava de ter alguém ao lado só para dar mais vida e dinâmica ao programa. Disseram-me que talvez eu fosse a pessoa indicada, e eu fui. Ele gostou tanto da experiência que disse: “A partir de agora, já não faço o programa sozinho, faço com o Óscar.”
Uma das coisas mais interessantes e que gostava que as pessoas percebessem é que tínhamos uma linguagem perfeitamente informal e normal. Falava-se de coisas do Evangelho, mas era numa linguagem normal. O patriarca tem essa linguagem muito próxima e era muito curioso. Tínhamos um auditório jovem muito interessante às dez da manhã de domingo. O que mostra que, mesmo quando se fala de religião, quando apresentamos o tema numa linguagem viva e próxima das pessoas, com tradução concreta na sua vida, a mensagem chega.
Acredita na velha máxima: “Não é o que se diz, mas como se diz”?
Sem dúvida. Em rádio isso faz toda a diferença.
O programa “Olá Manhã” recebia vários convidados conhecidos do público. Cantou para Pedro Boucherie, foi elogiado por Luísa Castelo Branco e cruzou-se com nomes como Herman José. O que sente que foi mais difícil conseguir vencer num horário em que a oferta é tanta e tão variada?
A equipa era extraordinária. Para além de Dina Isabel, tínhamos a parte de apoio da produção que era absolutamente fantástica. Desde início que concluímos que tínhamos de ser aquilo que somos. Obviamente que temos de adaptar a nossa linguagem à rádio, a um ritmo da manhã diferente, mas era importante transmitir às pessoas aquilo que somos. Ou seja, não consigo imaginar-me a fazer um programa de rádio com os meus problemas ou maldisposto. Tive situações, quando fazia nomeadamente, o programa da noite, em que as pessoas já sabiam. Diziam-me: “Hoje está mais cansado” e eu confirmava. Quando somos nós, as pessoas ouvem-nos e identificam-se connosco”. A rádio pede pessoas. Gosto de rádio com gente. Ao longo dos anos, tenho tentado ser a pessoa que sou todos os dias.
O programa terminou em 2016 com a mudança de grelha da Renascença. O que aconteceu para ter de mudar novamente?
Faz parte dos ciclos da rádio. Tudo tem um ciclo, o programa do “Olá Manhã” teve um ciclo, deu-nos um gozo enorme a todos os que participámos. As mudanças não são decididas por nós. Temos uma direção de programas, mas isso também não melindrou ninguém. Toda a gente aceita que são ciclos, depois de alguns anos na rádio.
Foi-me feita uma proposta que acabou por ser extremamente aliciante para mim. Fiquei encarregue de dois segmentos na rádio: um sobre saúde e bem-estar e outro sobre gastronomia. Portanto, o melhor dos dois mundos. Deu-me um gozo enorme porque comecei a contactar com gente absolutamente extraordinária. Foi-me pedido que vestisse aquilo da forma que achasse melhor e decidi procurar gente que, no meio disto tudo, olha para a vida e para si mesmo e diz: “Estou a engordar, a perder capacidades, a ficar menos bem de saúde e, se calhar, tem a ver com algum estilo de vida que adotei e que não é o melhor.” Houve pessoas que fizeram verdadeiras mudanças e alguns, até, verdadeiros milagres. Acabei por encontrar gente muito interessante, sem falar que tive oportunidade de falar com grandes chefes da nossa cozinha, o que é muito bom.
Pediu conselhos?
Pedi claro, porque a cozinha é uma das minhas paixões.
Já trabalhou em todos os horários na rádio: manhãs, tardes, noites e madrugadas. Qual o horário que mais gosta e porquê?
Definitivamente, o horário que me deu mais prazer foi o da noite porque poder sentar-me a um microfone e falar com pessoas, acho que é o sonho de qualquer um que gosta de fazer rádio: é poder conversar com ouvintes e ter uma conversa como se estivéssemos cara a cara, juntos na mesma sala e ouvir conversas absolutamente incríveis e outras, se calhar, mais difíceis. Foram estas situações que levaram a que esse tenha sido o horário que me deu mais gozo.
O futuro da rádio
Trabalha novamente de madrugada, na Rádio Renascença. Como é o dia a dia quando se tem os horários trocados?
Tive de lidar com isso depois de ser pai. Tinha dias em que dormia duas horas e outros nem tanto, porque – vou revelar aqui um pouco de mim – foi decidido que o bebé não ia para uma creche. Então, chegava a casa às três e tal da manhã, adormecia lá para as cinco e tal, ele acordava lá para as seis e estávamos o dia todo juntos. À noite, eu ia novamente trabalhar. Não é nada fácil lidar com os horários, mas quando temos a paixão, vale a pena.
As redes sociais vieram trazer uma nova dimensão à interação entre o ouvinte e a rádio que passa a dar a conhecer o rosto da voz de quem ouvimos diariamente. Sentiu alguma diferença com a exposição a que ficou sujeito?
Senti muita diferença em tudo. Para além dessa mudança das redes sociais, também tivemos alguma evolução tecnológica. Deixámos as fitas, as bobines, o vinil e passámos para músicas num computador. Tudo isso influencia.
A exposição de início, confesso que não foi fácil, porque, de um momento para o outro, deixei de ser um louro, alto de olhos azuis para ser aquilo que eu sou. Chegares a um lugar – ainda há pouco tempo tive num evento em Coruche para umas ações de reportagem e cruzava-me com as pessoas na rua e diziam: “você não é o…”. Era algo a que não estávamos habituados em rádio porque, apesar de tudo, era levada alguma fantasia aos ouvintes, permitia que imaginassem aquilo que, se calhar, não era a nossa imagem e também nos resguardava um pouco. Não foi fácil, mas acho que também é muito bom porque – convínhamos – sermos reconhecidos pelo nosso trabalho na rua também não é tão mau quanto isso. É muito bom. Acho que lido muito bem com isso até porque não é nada que me faça moça. Às vezes, tenho oportunidade de conversar com as pessoas, assim de perto, porque de repente, reconhecem-me na rua, em alguns eventos e algumas feiras onde vou e é muito bom. Trocamos conversas e recordamos algumas histórias da rádio que, às vezes, nem eu me lembro.
Tendo em conta a evolução veloz de meios alternativos, como vê o futuro da rádio?
Essa é uma pergunta para um milhão de euros. (risos) Penso que não há uma única resposta para essa pergunta. Uma coisa tenho a certeza: a rádio soube sempre resistir e adaptar-se a todas as mudanças. O que a rádio tem feito desde o início das redes sociais é aproveitar as mesmas para chegar a mais gente e levar outros conteúdos, nomeadamente multimédia e, nesse aspeto, a rádio tem uma jovialidade absolutamente extraordinária. Não ficou sentada à espera, tem sabido ir em frente e reinventar-se, ganhar uma nova linguagem, ganhar até imagem que era uma coisa impensável. Nunca me imaginaria a realizar um vídeo para a rádio e agora faço e aparece nas redes sociais.
Aquela sentença de morte à rádio, apregoada há muitos anos, nunca se vai cumprir. Aliás, antes pelo contrário, a rádio vai sempre surpreender as pessoas.
E vai sempre contar com pessoas para a fazer?
Se não contar com gente, não é rádio. Agora que se discute muito a questão da Inteligência Artificial, há dias, li um artigo que dava conta da existência de um pivot com inteligência artificial, na China. E sinto que esse não é, definitivamente, o caminho. Haverá sempre gente que diz piadas tontas, se engana, ri, chora, se emociona e que fala connosco porque vamos continuar a precisar de emoções e a procurar essas emoções em todo o lado. Não creio que as pessoas vão querer um pivot com inteligência artificial a contar-lhes histórias. Às vezes, as histórias que contamos, na rádio, são as que vivemos. Vamos continuar a ter gente com coração e com lágrimas.
Como vê o seu futuro?
Continuar a fazer rádio. Estou numa fase muito interessante porque tenho revivido algumas coisas de quando comecei a trabalhar em rádio. Num momento, estou sentado na secretária e, no outro, mandam-me fazer alguma coisa que não estava à espera, uma reportagem, um programa ou uma rubrica e tenho de me adaptar na hora. Era o que fazíamos quando começámos a fazer rádio. É o estagiário. Agora, estou a viver um pouco isso e está a dar-me um certo gozo. Um dia, estou em Coruche a desenvolver uma reportagem sobre um festival de balões de ar quente e, dois dias depois, estou na Web Summit, a maior cimeira tecnológica. É bom.