Entre o microfone da Mega Hits e a criação de conteúdos digitais, Zé Vida divide-se entre várias paixões. Com um estilo irreverente e uma energia contagiante, tornou-se uma referência incontornável para o público mais jovem. Ele que aprendeu a gostar das manhãs.
Em 2018, deu um passo importante ao iniciar a Licenciatura em Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior de Educação de Coimbra. O que o motivou a escolher esta área?
Foi a minha indecisão na altura em que fui para a faculdade. Não sabia ainda muito bem aquilo que queria fazer. Sempre quis comunicação e adorei esta parte da rádio, mas, ao mesmo tempo, tinha uma paixão muito grande por design, por arte, por fotografia, por vídeo. Na altura, pareceu-me ser a licenciatura mais indicada, porque acabava por incluir todas estas vertentes de trabalho de que gosto muito.
Durante a licenciatura, começou a explorar o digital, descobrindo um mundo cheio de oportunidades. Foi difícil conciliar os estudos com o crescimento nas plataformas digitais?
Foi tranquilo. Na altura em que comecei a ter uma presença mais forte no digital foi durante a pandemia. Tinha ali uma flexibilidade de tempo para fazer mais coisas. Não estava a acontecer grande coisa no mundo. Por isso, estando em casa, deu-me esta possibilidade de conseguir gerir melhor o trabalho que fazia para o digital e aquilo que estava a fazer na licenciatura na altura.
Em 2022, chegou à Mega Hits como estagiário, um marco importante na sua vida profissional. Como foi a transição até chegar à rádio?
A transição da licenciatura para a rádio demorou cerca de um ano. Durante esse tempo, trabalhei no digital, monitorizei as minhas redes sociais e associei-me a projetos que pudessem servir de portefólio para a área da comunicação. Associei-me a festivais de verão e à produção de conteúdos, conciliando esse trabalho com a criação de conteúdos, algo que sabia que ia ser útil para conseguir trabalhar em rádio.
Atualmente, faz o programa Snooze, ao lado de Pilar Lourenço e Joana Sequeira, animando as manhãs de segunda a sexta-feira, das 06h às 10h. Como tem sido essa experiência?
Muito boa. Tenho descoberto uma nova versão minha, que é o Zé Morning Person, que não existia na altura da faculdade. Tem sido uma dinâmica muito gira, porque também era a minha primeira vez a fazer um programa on air [em direto]. Fazer logo ao lado de duas pessoas que me deixam super à vontade tem sido um crescimento muito grande a nível profissional e uma ótima experiência no geral.

“Acho que a minha comunicação passa muito pela abordagem criativa”
Em 2024 lançou o podcast Zé la Vie, onde recebeu convidados como Inês Teixeira, Rui Pedro Silva e Catarina Maia. O que o inspirou a criar este projeto?
O podcast foi um espaço que criei para falar sem as limitações da área onde estou. Na rádio, temos muita liberdade, especialmente na Mega Hits, mas é um trabalho direcionado para o que a empresa quer: falar com certos artistas, lançamentos ou eventos. O podcast permitiu-me comunicar sem tantas regras ou exigências. Queria um espaço para falar livremente e descobrir as temáticas que me apaixonam. No início da minha carreira, ainda tenho muito para descobrir, e este formato mais livre dá-me essa oportunidade.
É conhecido por ter uma grande ligação com o público jovem. O que acha que distingue a sua comunicação?
Acho que a minha comunicação, passa muito pela abordagem criativa. Tento sempre trazer um ponto de vista mais criativo para os meus conteúdos. A arte e a estética sempre me interessaram muito e o digital acaba por ser um bom ponto de sinergias entre o mundo da comunicação e o mundo da estética e da arte que gosto. Consigo misturar os dois um pouco.
Entre a rádio, o podcast, o digital e outros projetos, a sua rotina é bastante preenchida. Como consegue manter o foco em cada área?
Não sei [risos]. Tem sido interessante ver como lido com tanta coisa. A minha agenda está muito preenchida. Acho que o conselho é fazer uma tarefa de cada vez e ir tirando coisas da to-do list aos poucos. Não stressar por antecipação, especialmente numa área como esta, em que as coisas são para ontem. É importante manter a calma, porque tentar resolver tudo ao mesmo tempo é impossível.
Na sua trajetória, enfrentou desafios tanto na rádio quanto no digital. Quais foram os momentos mais difíceis que viveu e como os superou?
Nunca ter feito rádio e começar num programa das manhãs, o prime time da rádio, foi um grande desafio. Tive de aceitar que seria uma aprendizagem e não exigir de mim um nível que ainda não podia atingir, aprendendo a confiar no meu trabalho e a manter os pés assentes na terra. Como brincamos no programa: “Pés na terra e olho no sky.” Além disso, não ter vindo de um curso de Comunicação Social, mas de uma área mais abrangente. Tive de criar muitas bases por autorrecriação, percebendo que isso não me torna menos válido no meu trabalho. Ser humilde e reconhecer que não sabemos tudo tem sido uma aprendizagem diária.

“Os festivais de verão são a materialização da rádio”
Ao longo do percurso na rádio, esteve presente em festivais como o Sudoeste, Rock in Rio e Primavera Sound. Como foi viver esses eventos tão de perto?
Muito bom [entusiasmado]. A minha altura favorita do ano é a festival season, e já era antes de trabalhar em rádio. Quando ia a festivais sem trabalhar, pensava que queria estar neles com a rádio. É uma experiência inacreditável, um dos maiores pontos positivos deste trabalho, porque os festivais de verão, acabam por ser uma materialização de uma rádio: falamos de música, moda, pop culture, eventos e da energia que a música traz. Um festival é tudo isso, e é muito bom.
A música está presente em várias vertentes da sua vida, tanto na rádio como fora dela. Houve algum encontro ou situação ligada à música que o tenha deixado particularmente nervoso ou marcado de forma especial?
Sim, especialmente a trabalhar em rádio. Acabamos por nos cruzar com muitos artistas, mesmo em festivais de verão. Este ano tive a oportunidade de entrevistar um dos meus artistas favoritos desde sempre, o Richie Campbell. Apesar de ser um artista nacional, sabia que eventualmente iria acontecer, mas aconteceu pela primeira vez este ano e foi muito especial. Ele já me conhecia há algum tempo, por causa desta dinâmica de fã [risos]. Foi uma entrevista muito especial.
@megahitstiktok Depois do concerto no @Sudoeste 🧭 , o Richie Campbell esteve à conversa com o @Zé Vida 💥 #Sudoeste #festivalsudoeste #sudas #richiecampbell #even
“Tento sempre desafiar-me, a nível criativo”
O surf parece ser uma das suas grandes paixões, proporcionando uma ligação única e profunda com o mar e a natureza. O que mais o fascina nesse estilo de vida?
A sensação de que o mundo está em pausa. Acho que é tão normal, especialmente neste trabalho em que estás constantemente a ser estimulado por tanta coisa: entrevistas com pessoas, dinâmicas que estás a fazer, música que estás a ouvir, a rapidez que este trabalho exige. O surf realmente é um refúgio do mundo real, porque quando estás só tu, a tua prancha de surf e o mar, não há mais nada a acontecer. Isso obriga-te a descansar, quer queiras quer não.
Além do surf, a fotografia também ocupa um espaço especial na sua vida. O que o inspira na fotografia?
Tanto música, como videoclipes, arte, pessoas, conversas, estética, moda… Acho que o bonito da fotografia é precisamente a liberdade criativa que dá, e cada um exprime pela fotografia a sua própria visão. Tento sempre desafiar-me, a nível criativo. Gosto especialmente desse desafio: tentar sempre pensar num contexto diferente ou num contexto mais criativo que o anterior.
Está envolvido em diversos projetos e sempre com ideias inovadoras. Pode partilhar algum projeto atual em que esteja a trabalhar?
Ui [risos]. Será que posso? Talvez… Tenho o meu podcast Zé la Vie que está a chegar ao final da temporada e que acaba este ano [2024]. No próximo ano, faço uma pausa para criar outra dinâmica, passa também pelo YouTube. É algo mais chill, um formato diferente do que tenho feito.