Em Portugal, cerca de 20 a 35% da população sofre de algum tipo de intolerância alimentar. Sendo uma condição para toda a vida, saiba que cuidados a ter para recuperar a qualidade de vida.
Especialistas estimam que 15 a 20% da população mundial seja afetada por intolerâncias alimentares, com o problema a incidir mais na população feminina. De acordo com um estudo da Faculdade de Medicina, da Universidade de Coimbra, acredita-se que o aumento dos casos que se tem registado nos últimos anos esteja relacionado com as constantes alterações aos hábitos alimentares, em especial por causa do uso abusivo de aditivos utilizados pela indústria do setor.
Como explica Inês Pádua, nutricionista doutorada em Ciências do Consumo Alimentar, “o sistema imunológico é um conjunto de órgãos responsáveis pelo combate dos microrganismos invasores, impedindo doenças futuras”. Para este tipo de doenças, a especialista considera ser “importante perceber o sistema imunológico e estar alerta aos sintomas que o mesmo pode dar. A intolerância alimentar engloba um vasto número de reações de hipersensibilidade a alimentos não-alérgicas, sendo mediadas por diferentes mecanismos, desde enzimáticos, farmacológicos e até psicossomáticos”.
Não existe uma idade certa para ser detetado algum tipo de intolerância, dada as variedades de mecanismos que envolvem este tipo de doença. “Ainda assim, se olharmos para intolerância particular, como à lactose, uma das mais frequentes, sabemos que a capacidade de o organismo produzir lactase, a enzima que degrada a lactose, vai diminuindo com a idade e que, por isso, será expectável que os sintomas sejam mais frequentes em adultos”, esclarece Inês Pádua.
Diagnóstico, sintomatologia e tratamento
O primeiro passo para um possível diagnóstico é uma consulta no médico. Após a ingestão de alimentos que possam causar algum dos sintomas destacados nas intolerâncias alimentares, a avaliação do clínico será, como refere a nutricionista, “crucial, realizando alguns testes que levarão ao diagnóstico final de uma possível intolerância”.
Existem testes para diagnósticos da intolerância à lactose e à frutose. São as intolerâncias mais comuns verificadas entre a população. São testes respiratórios, realizados em meio hospitalar. Como refere Inês Pádua, “existem outros de intolerância alimentar generalistas e correntes que ganharam alguma notoriedade nos últimos anos, mas não têm nenhuma validade científica nem utilidade diagnóstica”.
As manifestações de uma intolerância alimentar são “especialmente gastrointestinais, ou seja, cólicas, diarreia ou obstipação e vómitos”. Em alguns pacientes são, afirma Inês Pádua, “também reportados episódios de mal-estar e cefaleias. Requer-se uma especial atenção a estes sintomas, mas não são prejudiciais ao ponto de colocar alguém em risco”.
Não existe cura para uma intolerância alimentar. “Regra geral, assim que é diagnosticado o tipo de intolerância, esse alimento em questão é automaticamente excluído ou reduzido da dieta alimentar. É preciso começar a ler rótulos e ter cuidado com a dieta, pois a partir desse momento tem que se ter em conta os valores nutricionais. Ou seja, quando o nutriente é excluído, tem de ser e substituído para não haver défices nutricionais. Poderão, ainda, existir exceções em que a intolerância decorre de um processo inflamatório ou cirúrgico, o que pode ter melhorias com o tempo”, esclarece a especialista.
Tipos de Intolerância alimentar mais comuns:
Doença celíaca: Esta patologia pronuncia-se por uma resposta do intestino ao consumo de glúten, proteína encontrada em grãos, malte e cevada. Ou seja, esta é uma inflamação crónica, sem cura, da mucosa do intestino delgado. Os sintomas desta doença são dor abdominal, prisão de ventre, irritabilidade, desânimo, diarreia crónica e humor alterado e distensão.
Sensibilidade ao glúten: Muito semelhante à doença celíaca, esta engloba a proteína de trigo, mas com a diferença que não causa danos no intestino delgado. Os sintomas mais comuns são as dores de estômago, cansaço, diarreia, inchaço e dores de cabeça.
Intolerância à lactose: É diagnosticada quando o organismo não consegue produzir uma enzima, a lactase, levando à não digestão da lactose. Os sintomas são dor abdominal, gases, inchaço abdominal, enjoos e diarreias.
Intolerância à frutose: Este tipo de açúcar presente no mel e em muitas frutas pode causar intolerância, uma vez que se destaca devido à falta de enzima para decompor a frutose. Os sintomas são os baixos níveis de glicose no sangue, sedorese, confusão e danos renais.
Fonte: Inês Pádua, nutricionista
Alimentos que causam intolerância:
Sendo a intolerância alimentar uma doença gastrointestinal, é reconhecível alguns elementos que se destacam neste tipo de intolerâncias.
– Trigo, cevada e centeio (glúten).
– Todos os originários de animais, como o leite e derivados, peixe e marisco.
– Alimentos de originam como tomate, morangos, nozes, bananas, couves e espinafres.
– Tudo o que é refrigerante à base de cola, café e chocolate.
– Alguns frutos secos, como a astanha e o amendoim.
– Tudo o que seja conservantes e aromatizantes.
Fonte: Inês Pádua, nutricionista