A equipa treinada por Bruno Lage consumou uma reviravolta, mas deixou-se perder, sofrendo quatro golos (4!) em casa. Com esta derrota, o campeão nacional soma cinco jogos consecutivos sem vencer em casa, a pior série de resultados da história do clube.
Os encarnados entravam para a 28ª jornada com a possibilidade de ultrapassarem o rival FC Porto provisoriamente, colocando alguma pressão nos azuis e brancos. Mais uma vez, a equipa entrou em campo como se nada tivesse para ganhar. Lentidão na circulação, passividade nos duelos, falta de assertividade na definição. Apesar de a equipa da casa assumir o controlo da posse de bola, foi o Santa Clara que teve a primeira oportunidade de golo, pelos pés de Thiago Santana. O conjunto encarnado tentou reagir e, apesar de algumas oportunidades de golo, teve dificuldades em jogar pelo chão e abusou (mais uma vez) das bolas longas na procura da profundidade dos seus atacantes. A equipa orientada por João Henriques veio à Luz com a lição bem estudada e, principalmente através de Fábio Cardoso, neutralizou maior parte das investidas encarnadas. Quando parecia que as equipas iriam para o balneário empatadas, surge o golo dos açorianos. Depois de uma bola parada dos visitantes, Nuno Tavares, ao tentar o contra-ataque, acaba por oferecer a bola a Anderson Carvalho, que não perdoa no frente a frente a Vlachodimos. Um balde de água fria na silenciosa Luz.
Na entrada para o segundo tempo, Bruno Lage troca Zivkovic por Gabriel, levando Rafa para trás do ponta de lança, e Carlos Vinícius rende Seferovic na frente de ataque. O golo sofrido parecia ter feito bem à equipa encarnada, que reagiu muito bem. Aos 50 minutos, depois de uma bela jogada de equipa, Rafa desfere um remate bem colocado sem hipóteses para Marco Pereira. A equipa parecia galvanizada e bem encaminhada para consumar a reviravolta. Não passou de uma ilusão repentina. Apenas 7 minutos depois, o Santa Clara regressa para a frente do marcador através de um canto. Surreal a forma como a equipa de Bruno Lage continua a sofrer sempre o mesmo tipo de golos. A equipa encarnada, dando a ideia que só corre atrás do prejuízo, voltou a reagir bem e, apenas 8 minutos depois, já tinha consumado a reviravolta, através de dois golos de Carlos Vinícius, entrado ao intervalo. Como aconteceu depois do primeiro golo, a equipa adormeceu no jogo e não foi à procura do golo da tranquilidade. Bruno Lage, apático como a sua equipa, decidiu também não mexer, quando poderia equilibrar o meio campo que estava a ser controlado pelos açorianos. João Henriques decidiu mexer na equipa depois do terceiro golo de Vinicius, e a sua equipa foi subindo no terreno e acreditando que poderia voltar a marcar. Depois de um lance polémico na área benfiquista entre Ruben Dias e Fábio Cardoso, o central benfiquista acabou por tocar na bola com a mão. Com recurso ao videoárbitro, João Pinheiro assinala grande penalidade. Na cobrança, Crysan engana Vlachodimos e não perdoa. Estava feito o 3-3. O conjunto encarnado ficou abalado psicologicamente por novo golo sofrido e teve dificuldades em reagir. Bruno Lage, no desespero, tira Taarabt para colocar Dyego Sousa e coloca Cervi por Pizzi. A saída de Adel Taarabt abriu um buraco no meio campo e retirou criatividade ao conjunto encarnado, o que foi determinante para o golo da vitória dos insulares. Aos 94 minutos, perante (mais) um erro crasso de Ferro, Zé Manuel não perdoa à entrada de área. Grande jogo do Santa Clara. Excelente vitória, mas com muito demérito da equipa orientada por Bruno Lage.
Com esta derrota, e posterior vitória do FC Porto no dérbi portuense, os encarnados ficam muito mais longe de revalidar o título de campeão. A crise no clube agrava-se ainda mais.
SL Benfica:
Vlachodimos (2) – Sai-se desnecessariamente no primeiro golo do Santa Clara e fica colado à sua linha no segundo. Tem estado pouco seguro.
André Almeida (4) – Esteve seguro defensivamente e fez duas assistências. Excelente jogo.
Ruben Dias (2) – Esteve bem com bola, mas teve dificuldades em parar Thiago Santana. Foi bastante imprudente no penálti cometido, que resultou no terceiro golo dos açorianos.
Ferro (2) – Continua bastante passivo a defender e a arriscar pouco na construção. Oferece o quarto golo ao adversário. Mais um péssimo jogo do jovem português.
Nuno Tavares (2) – Fez alguns cruzamentos perigosos, mas nunca conseguiu entrar no jogo. Perde a bola em área proibida que resulta no primeiro golo do jogo.
Weigl (4) – Mais uma vez, o melhor em campo. O trinco alemão esteve muito bem a construir, sempre à procura do espaço vazio, e efetuou vários desarmes importantes.
Taarabt (4) – A par de Weigl, continua a ser o jogador mais influente da equipa desde o regresso do campeonato. Ofereceu várias bolas de golo, mas os colegas não aproveitaram. Está um nível acima de maior parte da equipa.
Gabriel (2) – Esteve completamente desastroso com bola, perdendo-a 17 vezes em apenas 45 minutos. Mais um jogador chave do plantel em muito má forma. Rendido ao intervalo por Zivkovic.
Pizzi (2) – Fez uma assistência, mas voltou a passar ao lado do jogo. Que forma terrível.
Rafa (3) – Marcou um golo, criou perigo, mas passou ao lado de vários momentos do jogo. Sem bola, raramente corre.
Seferovic (2) – Teve duas bolas de golo, mas não conseguiu concretizar. É mais eficaz como suplente utilizado do que a titular!
Vinicius (3) – Marcou 2 golos em 2 minutos, mas falhou um golo de forma surreal com o resultado em 3-3. Boa entrada.
Zivkovic (2) – Sem jogar na equipa desde dezembro, foi um pouco estranha a sua entrada em vez de Cervi ou Chiquinho. Naturalmente, não teve uma exibição feliz.
CD Santa Clara:
Marco Pereira (3) – Fez algumas boas defesas, mas teve uma saída em falso no segundo golo do Benfica.
Rafael Ramos (2) – Teve muitas dificuldades a defender e perdeu muitas vezes a posse de bola.
João Afonso (2) – Esteve bem na construção, mas muitas dificuldades em controlar a entrada de Vinicius.
Fábio Cardoso (3) – Ganhou vários duelos e fez algumas faltas inteligentes. Merece outros voos…
Zaidu Sanusi (4) – O melhor em campo dos açorianos. Marcou um bom golo de cabeça e foi um perigo constante para a defesa benfiquista, apesar de jogar a lateral.
Francisco Ramos (3) – Foi essencial para a qualidade da posse de bola da equipa, dada a sua qualidade passe. Defendeu pouco.
Anderson Carvalho (3) – Marcou o primeiro golo da equipa e teve um jogo bastante esforçado.
Rashid (3) – A par de Francisco Ramos, tem uma qualidade de passe fenomenal e foi essencial para a estratégia de João Henriques. Algumas dificuldades em neutralizar Taarabt.
Costinha (2) – Passou ao lado do jogo, perdendo várias vezes a posse de bola.
Thiago Santana (3) – Criou muito perigo à defesa encarnada, mas foi incapaz de definir bem.
Carlos da Silva Junior (2) – Revelou-se incapaz de criar perigo e ganhou poucos duelos. Jogo fraquinho.
Mamadu Cande (3) – Entrou para fechar o corredor esquerdo e permitir a subida de Zaidu. Substituição inteligente que acabou por correr bem.
Nene (2) – Entrou com Cande aos 53 minutos, mas ao contrário do colega, teve uma entrada infeliz e sem influência na manobra da equipa.
Crysan (3) – Entrou aos 68 minutos e converteu o penálti em golo, empatando a partida a 3-3.
Zé Manuel (3) – Entrou com Crysan e marcou um belo golo nos descontos, que acabou por dar a vitória à equipa.