O surgimento da Indústria Cultural e da Sociedade de Massa contribuiu bastante para o crescimento do interesse da população pela vida privada das celebridades. A esse fenómeno dá-se o nome de voyeurismo.
Muitas das pessoas que acompanham os protagonistas das notícias cor-de-rosa nos meios de comunicação social podem vê-los como modelos a seguir e, com o aumento desse género de notícias nas grandes cidades, muitos acontecimentos que antigamente eram considerados insignificantes passaram a ser vistos como novidade (Veiga, 2006: 16-19).
Isabela Rodrigues Veiga menciona a visita de várias pessoas à morgue de Paris, ocorridas no final do século XIX, como exemplo de um dos primeiros casos onde a natureza voyeur se tornou visível. Na altura foi considerado um fenómeno porque a morgue parisiense, construída em 1864, aparecia em quase todos os guias da cidade. O número de visitas era regular e chegou a somar 40 mil pessoas nos dias mais movimentados, e as notícias relacionadas com crimes que circulavam na imprensa popular contribuíram várias vezes para o aumento das visitas. As pessoas iam à salle d’exposition da morgue apenas pela curiosidade mórbida de verem os corpos das vítimas dos crimes relatados na imprensa como se se tratasse de um espectáculo gratuito. Havia vendedores ambulantes que aproveitavam essas visitas à morgue para ficarem à porta a vender doces e laranjas (Veiga, 2006: 17).
O Museu de Cera em Paris, aberto ao público em 1882, é outro exemplo de voyeurismo dado por Veiga (2006). Já nessa altura as pessoas praticavam o culto às celebridades ao irem ao museu para observarem mais de perto as figuras de cera de pessoas famosas.
Após a partilha destes dois exemplos, Isabela Rodrigues Veiga afirma que “o interesse do ser humano reside no espetáculo da vida real, na privacidade de pessoas que possuem fama e estão numa realidade de glamour, lazer, bem-estar” (p. 18).
Referência
Veiga, I. R. (2006). A Liberdade de Imprensa x A Privacidade de Celebridades. Monografia de conclusão de curso apresentada à disciplina Projeto Experimental II da faculdade Comunicação Social da Universidade de Juiz de Fora. Disponível em: http://www.ufjf.br/facom/files/2013/04/IVeiga.pdf. Consultado a 28 de dezembro de 2014.