Inevitavelmente, a cultura, a poesia e o imaginário infantil passam por Sophia de Mello Breyner Andresen. Este ano, comemora-se o centenário do seu nascimento e fomos descobrir quem foi esta mulher tão acarinhada pelos portugueses.
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu na cidade do Porto, no dia 6 de novembro de 1919, com ascendência aristocrática: o pai, João Henrique, era filho do proprietário da Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico do Porto, e a mãe chamava-se Maria Amélia de Mello, filha do Conde de Mafra e neta do Conde de Burnay.
Sophia estudou Filosofia Clássica na Universidade de Lisboa, mas acabou por não concluir o curso. Foi revolucionária e ativista política, tendo participado em vários movimentos universitários.
Começou a escrever muito cedo e em 1940 publicou os seus primeiros versos nos “Cadernos de Poesia”. Quatro anos mais tarde, em 1944, decide dedicar-se exclusivamente à literatura. As memórias da infância e juventude, levaram-na a escrever poemas como “O Jardim e a Casa”, “Casa Branca”, “O Jardim Perdido” e “Jardim e a Noite”.
Uns anos mais tarde, casa-se com o jornalista, advogado e político Francisco Sousa Tavares e deixa a sua cidade natal para morar em Lisboa. Do casamento nasceram cinco filhos. Quando ficavam doentes, Sophia encontrava ímpeto e motivação para escrever contos infantis. Um dos seus filhos é Miguel Sousa Tavares, jornalista, escritor e comentador televisivo.
Sophia privou de perto com grandes escritores e poetas, como Eugénio de Andrade ou Jorge de Sena, entre outros.
Quem não conhece ou não leu “A Menina do Mar” ou “A Fada Oriana”?
A sua obra engloba poesia, contos, histórias infantis, peças de teatro e vários ensaios e traduções. A “natureza”, “a cidade”, “o tempo” e “o mar” são temas recorrentes e constantes na obra de Sophia. A sua escrita é verdadeira e assertiva, faz-nos viajar, e estes ingredientes fazem da sua obra um marco importante da literatura portuguesa que tem acarinhado gerações.
Além de ter sido agraciada com três condecorações em Portugal, recebeu inúmeros prémios, entre os quais:
- Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, pela obra “Livro Sexto” (1962);
- Prémio Camões, em 1999, o maior galardão literário da língua portuguesa, tornando-se a primeira mulher a receber tal honra;
- Título Honoris Causa, em 1998, pela Universidade de Aveiro;
- Prémio de Poesia Max Jacob (2001);
- Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, em 2003.
A 2 de julho de 2004, morreu uma das mais proeminentes vozes da literatura lusófona. O corpo de Sophia jaz no Panteão Nacional, ao lado de grandes figuras da História de Portugal.
Este ano, celebra-se o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen. Para estas comemorações, foi constituída uma comissão que propôs um programa rico, diversificado e vasto, em que facilmente se reconhece o carácter, a obra e o legado da autora.
Sobre ela, o escritor Fernando Pinto do Amaral disse o seguinte: “A Sophia tem um universo próprio, uma escrita absolutamente mágica, fascinante, sem cair naquela infantilização que muitas vezes se fazia. É uma escrita inteira, pura, no sentido de apresentar às crianças aquilo que são os valores fundamentais da vida, fascinando-as sem as infantilizar.”