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-Início»Entrevistas»Pedro Filipe Maia: “Nunca quero perder a paixão pelo que faço”
Fotografia tirada por Sónia Cardoso.

Pedro Filipe Maia: “Nunca quero perder a paixão pelo que faço”

Sónia Cardoso 20 Nov 2020 Entrevistas, Entrevistas

Após sofrer uma lesão a jogar futebol, Pedro Filipe Maia viu-se obrigado a repensar o futuro. Percebeu que podia continuar a viver para o desporto, mas através da comunicação social. Começou a carreira enquanto estagiário no Porto Canal e, aos 27 anos, deixou a sua cidade de origem com destino à capital. Em 2018, aventurou-se na operadora britânica Eleven Sports como editor-chefe. Agora, com 29 anos, Pedro recorda quando deu o pontapé de partida no mundo da comunicação, a experiência no Porto Canal e as dificuldades que sentiu com a chegada da Covid-19.

Recuando uns anos, à sua juventude, quais eram os sonhos, os objetivos?

Sempre fui apaixonado por desporto. Joguei futebol durante muitos anos, praticava vários tipos de desporto na escola e fui construindo na minha cabeça a ideia de que seguiria a área do desporto, mas nunca me tinha passado pela cabeça que seria a trabalhar em comunicação. Sempre tentei mais a área da prática e do ensino do desporto, e era esse o meu mindset para entrar na faculdade. Houve uma fase em que tinha de fazer os pré-requisitos para entrar na faculdade e acabei por me magoar a jogar futebol. Não consegui fazer os pré-requisitos e tive de começar a repensar qual seria a minha opção. Olhando um pouco para trás, sempre fui apaixonado por ler artigos, revistas e jornais desportivos, por narrações e programas de rádio. Ficava muitas vezes a ouvir grandes relatos de rádio com o meu avô, que era invisual e apoiava-se muito na rádio para se entreter e, inconscientemente, fui apanhando essa paixão pela comunicação. Pensei e percebi que poderia ser um bom caminho a seguir e acabei por levá-lo um pouco mais para esse lado, mas sempre com a ideia de seguir a minha paixão que era falar sobre desporto.

Percebeu, depois da lesão de que já falou, que o desporto estava completamente fora dos seus planos e que, por isso, o sonho de trabalhar na área do ensino do desporto acabava ali?

Não sei bem se tinha acabado ou não, mas sabia que dificilmente entrava naquele ano na faculdade e não quis ficar um ano à espera só para fazer os pré-requisitos. Dentro de mim ficou aquela dúvida e, durante uma ou duas semanas, fiquei a pensar: “Será que é mesmo esta a minha paixão?” Na altura, tinha alguns colegas que eram professores de educação física e não era uma profissão que estivesse com muita saída. Então, repensei a minha posição e decidi arriscar noutra área e acho que fiz uma boa escolha. O meu avô teve um papel muito importante, como referi, porque passava muito do seu tempo a ouvir grandes programas de rádio como o “Tarde Desportiva”, da Antena 1. Foi algo que fez parte da minha infância e foi o que me deu a conhecer a possibilidade de estar no desporto. Sabia que tinha essa paixão e jeito para a comunicação, e comecei a olhar para essa solução como um possível futuro. O facto de passar muito tempo não só a ver televisão como a ler jornais ou a ouvir rádio foi decisivo para a minha escolha.

Estudou Ciências da Comunicação no ISMAI. Acha que o curso lhe deu as bases necessárias para hoje exercer a profissão de jornalista e ter conseguido chegar onde chegou ou muito do que aprendeu foi enquanto profissional?

O curso era bastante prático, mas também tinha uma componente teórica. A teoria aprende-se muito rápido, no jornalismo e sobretudo na comunicação, aprende-se num semestre aquilo que é a base. Depois, tudo o resto vem da tua curiosidade, interesse e experiências. Por exemplo, começar a experimentar coisas como entrevistar pessoas, não só para jornal ou online, mas também para outras plataformas. Fazer isto é o que define verdadeiramente a diferença dos que se “safam” melhor e dos que se “safam” pior, digamos assim. Esta curiosidade e paixão leva-nos ao patamar seguinte. A curiosidade que temos exige não só absorver a teoria, até porque isso, na prática, conta muito pouco para entrar no mundo do trabalho.

“Pensei que não ia ter hipóteses e que tinha de ir por outra via”

Em agosto de 2013, começou o estágio no Porto Canal. Numa entrevista ao ISMAI, disse que achava que ia perder a oportunidade de trabalhar no Porto Canal porque trabalhava ao fim de semana e, no fim do estágio, até recusou fazer um resumo de um jogo de futebol pelo mesmo motivo. O estágio terminou e, algum tempo depois, recebeu o convite da diretora de informação para ir trabalhar como produtor. O que o distinguiu para conseguir ser convidado a trabalhar no Porto Canal?

Essa história é curiosa. Recusei porque não podia faltar ao trabalho. Tinha um compromisso e um contrato numa cadeia de supermercados onde trabalhava durante o fim de semana para poder pagar a faculdade e para poder ganhar algum dinheiro. O estágio era, sobretudo, durante a semana, mas algumas vezes precisavam de alguém para ajudar durante o fim de semana e pediam-me a mim. Como trabalhava, tive de recusar e, quando o fiz, pensei que não ia ter hipóteses, que tinha de ir por outra via. Cheguei com vontade de agarrar a oportunidade que me estavam a dar, era aplicado, ficava no estágio mais horas do que era suposto, ia ter com os profissionais que já trabalhavam no Porto Canal há muitos anos para ver como é que eles faziam, ajudava-os e dava ideias. Não era aquele estagiário que chega e se senta na cadeira e fica no computador de cabeça enterrada no teclado. Acho que me diferenciei por procurar saber e por procurar seguir instintivamente a minha paixão, que era ser como eles. Ao estar ali, começaram a integrar-me e a ser, mais do que meus colegas, meus amigos. Essa dedicação e paixão que perceberam que tinha pelo mundo do desporto e pela área da televisão foi o que me fez destacar. Acabou por surgir uma vaga, como produtor, e a primeira pessoa de quem se lembraram foi de mim e, passado cerca de um mês, estavam a chamar-me de volta.

No fim do estágio, antes de ser chamado de volta, saiu com incertezas do futuro?

Sem dúvida. Na altura, a minha primeira preocupação foi tirar uma semana de férias com uns amigos, mas já fui a achar que ia ter de me fazer à vida noutra área, noutro sítio ou noutra profissão, até porque sei que este é um mundo de oportunidades. Tens de estar no sítio certo à hora certa para poderes ter uma oportunidade, para depois mostrares o teu valor. Não é um mundo em que, por seres melhor que alguém, vais entrar e vais ficar numa televisão, rádio ou jornal. Sabia que aquela era a minha oportunidade e, não podendo agarrá-la, ia ter mais dificuldade. Estava preocupado com isso. Quando me chamaram, fiquei radiante e nem olhei para trás.

“Sempre demonstrei interesse e disponibilidade e as oportunidades foram surgindo”

Ainda no Porto Canal, foi apresentador e moderador de programas desportivos como o “Universo Porto” e “Nas 4 Linhas”. Como foi o percurso até ficar à frente da câmara?

Foi muito natural e mais rápido do que imaginava. Comecei como produtor, ou seja, organizava tudo para os outros irem para a frente da câmara. De vez em quando, já ia começando a fazer resumos de alguns jogos na televisão e, depois, comecei a ir ao estádio fazer resumos de jogos da formação das modalidades. Comecei a subir de escada em escada, dentro da hierarquia, que é mais ou menos esta: começas na produção, a seguir fazes alguns serviços menos importantes dentro das agendas, depois alguns serviços com maior importância, seguidamente começas a fazer “serviços super importantes” e, por fim, passas de reportagem para a frente da câmara. Normalmente este percurso, dentro de uma estação de televisão como uma SIC, TVI ou RTP, demora anos e até existem pessoas que nem passam da produção para o outro lado, mas consegui fazer isto num espaço de um ano e pouco. Sabia que tinha essa vocação, sempre demonstrei interesse e disponibilidade e as oportunidades foram surgindo. Por exemplo, o meu primeiro programa de televisão como pivot foi no Natal. É sempre aquela altura em que existem pessoas que estão de férias ou que vão passar o Natal com a família, e havia um programa que tinha de ser apresentado num dia que não dava muito jeito a ninguém, 24 de dezembro. Deram-me essa oportunidade e saí-me bem. A partir daí, começaram a confiar em mim e foi natural.

Sempre sentiu que tinha potencial para o mundo da televisão?

Sim. Senti que tinha potencial quando comecei a treinar para isso. Sabia que tal podia acontecer. Então, sempre que ia a um serviço, pedia aos câmaras para me filmarem a fazer um falso direto ou algo assim, para ir treinando. Sempre percebi que podia ser bom mas, como tudo, exige treino, exige ires ver aquilo que gravas vezes sem conta para perceberes os teus defeitos e pedir opiniões… Sempre fui tentando encaminhar-me para estar o mais preparado possível para quando chegasse essa altura. Acho que foi isso que foi importante para perceber que tinha talento para o mundo da televisão e as pessoas também perceberem.

“Trabalhando num canal de um clube era mais difícil passar para um canal grande”

Quando começou a sua carreira como estagiário no Porto Canal, pensou que ia chegar a um meio de comunicação como a Eleven Sports? 

Sim, esse era o grande objetivo, mesmo sabendo que, trabalhando num canal de um clube, era mais difícil passar para um canal grande, porque não tratas todos os assuntos por igual. Tratas um assunto muito particular. O meu primeiro objetivo sempre foi consolidar-me dentro do Porto Canal, não só fazendo desporto, mas também informação em geral. Sempre quis formar-me nas várias áreas do jornalismo e o que viesse… vinha. Nunca fui obcecado com isso, mas sempre tive esse objetivo e a minha postura sempre foi encaminhar-me e mostrar aos outros que podia dar esse salto e, depois, se surgisse… surgia. Felizmente, acabou por surgir numa área em que estou muito feliz, a área do desporto.

Sente, de forma geral, alguma diferença no tratamento entre jornalistas de órgãos de comunicação social de Lisboa em relação ao Porto ou a outras regiões?

Entre os meios de comunicação há respeito e há o cuidado de tentar ser equilibrado, mas acho que na sociedade se nota mais essa diferença de tratamento. As pessoas do Norte, sobretudo, sentem muito isso e eu próprio, quando vim para Lisboa, senti, não profissionalmente, mas pessoalmente esse tratamento diferente. Também depende da postura que tiveres porque, se te deixares ir por isso, as pessoas continuam a tratar-te de forma diferente. Notas que isso acontece até porque o modo de tratamento das pessoas do Norte, entre elas, é diferente das pessoas do Sul, pela forma de viver, pela agitação da cidade…  É muito mais distante do que no Porto, mas tive de me habituar a isso. Nos órgãos de comunicação social não existe muito esse tratamento. Quando se faz televisão, rádio, jornal ou o que seja em Lisboa há a tendência para se esquecerem um bocadinho do resto do país, não só do Norte. Mas acho que existe esse cuidado, sobretudo nos jornalistas, de serem equilibrados e tentarem não esquecer as pessoas do Norte.

“Era a oportunidade que sempre quis e agarrei-a na hora”

Relatar jogos é das coisas que mais gosta de fazer e à “Sintonia Feirense”, em 2017, afirmou que “relatar um jogo da Liga dos Campeões seria um sonho para mim”. Como é que se sentiu no primeiro jogo da Liga dos Campeões que relatou?

É uma pergunta muito gira. Fiquei muito contente quando soube que ia narrar um primeiro jogo da Liga dos Campeões na Eleven Sports, mas quando se está dentro da agitação de um dia de trabalho dentro da Liga dos Campeões, onde existe muita coisa para fazer, pensar e preparar… acabou por me passar um bocadinho ao lado. Sentia a responsabilidade de ter de fazer um bom trabalho e, então, não usufrui tanto como queria. Agora à distância, pensando nesse dia, olho com muito orgulho. Sei que cumpri um sonho e ainda estou a cumprir. Ainda não acabou a viagem que estou a fazer dentro da competição em que sempre quis trabalhar: a Liga dos Campeões. Felizmente, já fiz muitas coisas importantes na competição, mas, naquele momento, não se tem a perceção que se está a cumprir um sonho, só algum tempo depois. Foi um dia muito especial para mim, um dia que vou recordar sempre.

Cinco anos depois de começar o seu estágio no Porto Canal, recebe o convite para o cargo de editor chefe na Eleven Sports em 2018. Ainda se lembra da sua reação?

Foi a mistura de muitas sensações. Vim a Lisboa a uma entrevista e disseram que queriam contar comigo para funções de narração, ‘quase jornalista’ dentro da Eleven, mas quando me ligam a fazer o convite para vir definitivamente já foi numa ótica de liderar uma equipa editorial, e aí foi uma grande surpresa para mim. Fiquei muito feliz, era a oportunidade que queria agarrar e, por isso, não disse que não. Por outro lado, tinha que me mudar no espaço de uma semana, rescindir o contrato que tinha com o Porto Canal, sem poder dar o tempo necessário para que as coisas fossem feitas de forma tranquila e benéfica. Foi mudar de casa do Porto para Lisboa e comunicar à minha namorada, que também tomou a decisão de vir, que tínhamos que nos mudar para Lisboa. Foi uma azáfama naquela semana. Quase vivi dentro de um hotel, onde tinha de trabalhar quase 12 horas por dia, nos primeiros três ou quatro meses, por isso, além do entusiamo enorme que senti, foram tempos bastante agitados, mas foi com grande alegria porque era a oportunidade que sempre quis e agarrei-a na hora, sem pensar duas vezes.

“A Covid-19 veio mostrar que nada está garantido”

O Pedro chega a afirmar: “Estou num projeto vencedor, é o desafio mais entusiasmante da minha carreira.” O entusiasmo ainda é o mesmo?

Sim, sem dúvida. A cada ano renova-se porque, a cada ano, há novos desafios e a Covid-19 veio mostrar que nada está garantido. O entusiasmo continua igual ou maior ainda pelos desafios que temos encontrado. No dia em que perderes o entusiamo e a paixão pelo que fazes, estás mais próximo de ser pior profissional do que eras e essa é a característica que nunca quero perder: a paixão pelo que faço.

Também afirma: “A aposta em alguém com o meu perfil revela a mentalidade da Eleven Sports: a paixão pelo desporto e pelos fãs. Vamos dar-lhes o que esperam e procuram na transmissão de conteúdos desportivos.” Sente que este objetivo está a ser cumprido?

Sim, sinto que sim. Há coisas que fizemos que outros órgãos olharam e acharam que estávamos a fazer bem, e acho que se estão a aproximar dessa ideia, o que é bom sinal. Significa que o mercado avançou e foi ao encontro de outras ideias que trouxemos, por isso, estamos a cumprir e ainda temos margem para melhorar.

“Foi uma experiência totalmente diferente daquilo que qualquer jornalista do mundo estava habituado”

Já fez cobertura de algumas das competições nacionais e internacionais mais importantes, como a já mencionada Liga dos Campeões, a Volta a Portugal, a Liga Europeia de Hóquei em Patins, o Campeonato Mundial de Snooker, o Mundial de Futebol de Praia e o WRC Rally de Portugal. Qual foi a que teve mais impacto para si, não só a nível profissional como pessoal?

A mais recente é a Final Eight da Champions League, em Lisboa. Por ter tido o privilégio – não por mérito meu, mas por força das circunstâncias – de ser um das dezenas de jornalistas do mundo inteiro que esteve dentro dos estádios, mas também pelas condições apresentadas: sem público, os jornalistas tinham o acesso muito limitado, o uso obrigatório de máscara e mil cuidados, desde o pegar no microfone à forma como entrevistávamos os jogadores. Tínhamos de estar muito distantes e os jogadores ouviam-nos através de uma coluna. Foi uma experiência totalmente diferente daquilo a que qualquer jornalista estava habituado e uma questão de adaptação muito grande. Uma experiência que vou contar a vida toda porque foi muito diferente de tudo, mas foi muito enriquecedora e, por isso, foi a mais marcante.

A pandemia está na ordem do dia e vamos voltar a falar dela. Quais é que acha que foram as maiores dificuldades para os jornalistas neste período? Quais foram os maiores desafios que sentiu?

Desde logo, e infelizmente, foram muitos os casos de despedimentos ou layoffs. As redações estão dimensionadas para um determinado nível de serviços e volume de trabalho que a pandemia retirou e, por isso, infelizmente, vi muitos colegas a perderem o emprego e isso foi o primeiro grande impacto nesta pandemia. Por outro lado, foi um tempo de reinventar tudo o que já se fazia. Por exemplo, na Eleven Sports, durante os quatro meses em que estivemos em casa, produzimos mais programas do que nunca: desde Facebook e Instagram lives, narrações de conteúdos, jogos de futebol, corridas de automóveis a torneios de esports… Tudo a partir de nossa casa e esta começou a ser a nossa redação, o nosso escritório, a nossa sala de jantar… tudo. Foi muito complicado, sobretudo para quem tem filhos, como é o meu caso, conseguir conciliar um local de trabalho em que as horas dos diretos em televisão são quase incompatíveis com os horários familiares. Cheguei muitas vezes a fazer diretos às 21:00h ou 22:00h da minha sala e mais ninguém podia lá estar durante uma ou duas horas. Tens de reinventar tudo e montar uma estrutura em casa que te permita trabalhar. Nisso, a Eleven foi muito rápida a reagir e muito eficaz. Esta reinvenção, que todos fomos obrigados a fazer durante quatro meses, ainda se verifica hoje e acho que se vai verificar no futuro. As entrevistas da Champions, em alguns casos, vão ser feitas via remota. Os clubes já não abrem as conferências de imprensa por questões de segurança e também porque passou a ser normal, mais fácil e rápido poder entrevistar alguém de Portugal para Inglaterra. Foi um grande ensinamento e uma grande revolução no mercado da televisão, sobretudo. Mesmo assim, vai ficar como a parte positiva só em alguns casos. Nada substitui a entrevista presencial, olhar olhos nos olhos, mas foram soluções que passaram a ser normais e que vão ser vantajosas no futuro.

“Praticar desporto é algo que me deixa bastante feliz”

A televisão ainda atravessa uma fase de mudança de paradigma, onde as novas tecnologias e a Web têm vindo a assumir uma grande relevância. Nota diferenças de quando começou para os dias de hoje?

Sobretudo nas marcas que fazem mover o mundo da televisão com patrocínios. São as marcas que fazem as televisões existirem, são elas que pagam publicidade. Atualmente, as marcas olham mais para a Internet porque conseguem medir o impacto que têm nas pessoas e isso é a grande vantagem da Internet, na criação de conteúdos online. A Internet dá tudo, desde o tempo que vês o conteúdo, o tempo que entras e sais de um conteúdo, o tempo que prestas atenção a esse mesmo conteúdo. Isso, a televisão dificilmente consegue medir. A Internet passou a ser muito mais aliciante para as marcas porque permite mais coisas do que a televisão e passou a ser muito mais normal trabalhar lá para um jornalista ou para um criador de conteúdos. Acho que a Internet e a televisão vão acabar por viver lado a lado e até integradas uma na outra.

Nas suas contas em redes socias vê-se que a prática de desporto continua a fazer parte da sua vida diária. Como é que consegue desassociar o desporto que pratica do jornalista de desporto?

É difícil e não sou propriamente um bom exemplo a trabalhar as redes socias. No meu trabalho, não estou preocupado em criar conteúdo para alimentar as redes sociais. Não tenho muito tempo para isso e só o faço quando estou desligado do trabalho. É esta a separação que faço: enquanto estou a trabalhar, raramente crio conteúdo – a não ser que esteja num estádio ou em algum momento que seja possível, para conseguir interagir com as pessoas que seguem o meu trabalho e para explicar o que faço. Acabo por criar mais conteúdo quando estou a praticar desporto que é, provavelmente, quando estou de folga ou quando tenho tempo livre, quando estou desligado do trabalho. Dedicar-me a praticar desporto é algo que me deixa bastante feliz e é quase o meu segundo trabalho. Nas minhas redes sociais, tento equilibrar entre a parte profissional, mostrar o que faço ou o que gosto de fazer, e a parte da minha vida pessoal, que é muito dedicada ao desporto e à família.

“Conheci pessoas fantásticas”

Ser jornalista permitiu-lhe conhecer várias pessoas, a nível profissional. Existe algum jogador em particular que mais gostou de conhecer?

Conheço muitos, não quero ser indelicado para nenhum e, aliás, os jornalistas não têm a possibilidade de privar com os jogadores. Falamos com eles e, às vezes, eles têm aquela capa de profissionais. Lembro-me de, este ano, ter feito duas entrevistas, ao William Carvalho e ao treinador Paulo Sousa. No final da entrevista, foram pessoas muito amáveis, por exemplo, o William convidou-nos a voltar lá, mas sem ser em trabalho: “Quando quiseres vir cá ver um jogo, diz e dou-te bilhetes.” Quando consegues criar essa empatia com os jogadores, acabas por conhecer o outro lado deles que não aquele mais mediático que têm, aquela capa para responder quase da mesma forma a tudo e onde são programados também para se defenderem. Conheci pessoas fantásticas. No futebol, as pessoas são mais fechadas, mas nas modalidades como o ciclismo, por exemplo, as pessoas são muito abertas. É uma modalidade profissional, mas que trata toda a gente de forma muito “tu a tu”. Felizmente, tive a oportunidade de conhecer várias pessoas. Por exemplo, o Neymar, na Final Eight da Champions League, foi alguém que me marcou muito pela personalidade, que já sabia que era irreverente, mas a forma como o via a dirigir-se aos jornalistas e à flash interview, em tom de brincadeira, fez com que me marcasse. Existem várias pessoas, desde colegas de profissão a jogadores, que me marcaram bastante durante este percurso.

Para terminar, que conselhos o Pedro daria a futuros jovens jornalistas?

O melhor conselho que posso dar é que devem estar sempre muito interessados e apaixonados por aquilo que querem fazer. É isso que desenrola tudo o resto que é importante para se chegar à profissão. Se fores apaixonado por uma determinada área ou por uma determinada profissão, vais dedicar-te muito e a tua cabeça e ações vão estar bastantes focadas em chegar ao objetivo. Vais direcionar-te para ali. Foi também isso que me aconteceu: sempre, inconscientemente, depois de tomar a decisão de vir para esta área, foquei muito a minha ideia de “quero ser aquilo”. Ser apaixonado pelo que se faz, ser rigoroso, muito profissional e muito focado naquilo que se quer faz com que as coisas acabem por correr bem. Se não for hoje vai ser daqui a três, quatro ou cinco anos, porque às vezes é difícil teres a paciência de esperar pelo momento. Mas, se formos apaixonados, dedicados e profissionais, as coisas vão correr como desejamos.

    
Desporto futebol Jornalismo desportivo 2020-11-20
Jaime Lourenço
Tags Desporto futebol Jornalismo desportivo
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