Bom dia, boa tarde e boa noite, caros leitores. Estamos de volta, neste belo palanfrório que provavelmente vos vai fazer ir ao dicionário ver o significado da palavra. Como já devem saber, a leitura desta crónica pode provocar danos cerebrais, mas se ainda aqui estão… é porque já não tem cura.
Depois de um pouco de humor autodepreciativo, quero relembrar que faz esta semana um ano que ocorreu o deslizamento de terras em Borba. Para os mais esquecidos, o que aconteceu foi que, devido à intensa exploração de mármore, as terras ficaram fragilizadas e quando dois carros passaram nessa estrada o solo colapsou e morreram cinco pessoas, incluindo trabalhadores.
Ao ver as actualizações do acontecimento esta semana, vi algo que me intrigou. Os 19 familiares dos defuntos receberam uma indemnização de 1.6 milhões de euros. Isto pôs-me a pensar. Que a frase “todos temos um preço” afinal até que é verdade. Pensando bem, visto que quando alguém morre devido a um desastre da responsabilidade do Estado recebe uma indemnização, afinal, podemos lucrar com a morte dos outros sem sermos, necessariamente, uma agência funerária.
Não sei se já fizeram as contas, mas cada familiar recebeu mais de 84 mil euros. E não, nem foi preciso ligar 760 100 300, 60 cêntimos mais IVA acrescentado. O que me leva a concluir que vou começar a investir na morte dos meus familiares, ou seja, pensar em planos detalhados para que o Estado seja o culpado, e deixar de ligar para o programa da tarde. Aí, só mesmo os velhos é que ganham dinheiro.
E acaba assim, a crónica de hoje que vos leva a pensar que sou um psicopata capitalista que leva o seu tempo a pensar em planos mórbidos. E sim, em planos mórbidos de como matar a fome e a sede que tenho a toda a hora.
Por hoje é tudo. Ficam com este texto e com os meus pensamentos. Espero ter-vos decepcionado. E até à próxima.