• Universidade Autónoma de Lisboa
  • Autónoma Academy

UALMedia

Menu
  • Notícias
  • Reportagens
  • Entrevistas
  • Opinião
      • Opinião
      • Crónicas
      • Críticas
  • Dossiers
  • Cábulas
  • Artigos
  • Rubricas
    • Imagem1César Boaventura assume: consequências da acusação de viciação de resultados foram positivas2 Outubro, 2020
    • Imagem1Raio-X ao Futebol: ‘Águia’ já joga o triplo2 Outubro, 2020
    • Imagem1Raio-x ao Futebol: O campeão da incompetência16 Julho, 2020
    • Imagem1Raio-X ao Futebol: Benfica volta a escorregar e deixa o título à mercê do Porto14 Julho, 2020
  • Rádio Autónoma
      • Podcasts
      • Notícias
      • Podcasts Antigos
          • Ready. Gap. Go!
          • Thursday´s Vibez
          • Jazz and Blues
          • Rapresentação
          • Escolhe Tu
          • Incrível
          • Entre Linhas
          • Vinil
          • Dinosaur Cataclysm
          • Crónicas & Murais
          • Cá vai disco
Últimas
  • O cinturão invisível de Pessoa   |   04 Mar 2021

  • Documentário produzido pelo UALMedia em conferência internacional   |   03 Mar 2021

  • O Tango, Camus e as Gnossiennes   |   02 Mar 2021

  • Cabingano Manuel: “O jornalismo é cidadania, serviço público e tem a obrigação de transformar a sociedade”   |   24 Fev 2021

  • Quando o desespero leva à ilegalidade   |   24 Fev 2021

  • Hugo Alves: “De um concerto de borla pode surgir uma oportunidade que acaba por trazer muito dinheiro”   |   24 Fev 2021

 
-Início»Opinião»Crónicas»Crónicas»A travessia perigosa

A travessia perigosa

Luís Carmelo 18 Jun 2020 Crónicas, Crónicas

Uma época é um grão de areia ao vento no meio do Atlas. Se se preferir, uma época é um breve recorte na continuidade do fio de Ariadne, mas de uma versão falsa que nunca nos chegará a revelar a topografia do grande labirinto que respiramos.

Desde o pós-guerra que a ideia de época passou a designar-se correntemente por tempo geracional. Mais uma designação sem sentido, se recuássemos cem anos.

Uma época vive de retenções de memórias e de tematizações que estão sempre a alterar-se. Numa época existe sempre um naipe de palavras e um conjunto de conceitos que são dominantes e que depois, pouco depois, logo se perdem, transformam ou adulteram, porque todo o contexto se renova.

Uma época vive atada a uma moldura muito fixa, do mesmo modo que uma pessoa se sente atada a um pára-quedas naqueles escassos minutos, depois de ter saltado do avião.

Uma época é uma insularidade, um pequeníssimo mundo que tenta auscultar a dimensão universal e que acredita mesmo que o faz, mas sem conseguir sequer tacteá-la ou entendê-la.

Uma época é a grande metáfora do efémero e da tentação de fazer corresponder a um fragmento do tempo sequencial aquilo que por trás mais o trama: a duração.

A ideia de época é, ela mesma, um produto do mundo moderno que germinou, na sua origem, no lado ocidental do globo. É uma ideia secular que escapa ao modelo da eternidade, de que o tempo divino seria a feição perfeita.

No mundo moderno, uma época é um lugar de desdém face a outras épocas como se o esquecimento, o momentâneo e a simples passagem fossem sinónimos de um ascendente a caminho de um pseudo-vórtice luminoso mais justo e sabedor.

Uma época vive de objectos culturais que lhe são próprios: máquinas, modas, dispositivos mecânicos ou electrónicos, arquitecturas, utensílios domésticos, faixas de asfalto que cortam a paisagem, palavras de ordem que se repetem e os mais variados media que aproximam e afastam as pessoas.

Uma época é um campo de forças que conjectura, que prevê e que antecipa, embora o faça com um olhar que é inevitavelmente limitado ao seu campo de visão.

Uma época é um ‘locus’ magnético que reinventa o passado, servindo-se, há cerca de dois séculos e meio, de todo aquele aparelho conceptual que passou a designar-se por “História”, tendo-se-lhe emprestado o cognome de ciência.

Uma época reinventa o passado através de redes ficcionais que enfatizam certas zonas que confortam o presente e as ideias aí dominantes. Essas redes e essas zonas estão continuamente em metamorfose, embora, em cada patamar da caminhada, beneficiem de dogmatismos errantes.

Numa época há certas questões, dúvidas e perguntas que se impõem e o fundamental passa por lhes responder com aquilo que, na altura, os humanos têm à mão. Todo esse vaivém se altera de época para época e a tarefa que se segue consistirá inevitavelmente em reconstituir, traduzir, reenquadrar. Razão por que uma época nunca acede ao espelho exacto de uma outra época e, por isso mesmo, não a pode julgar.

Uma época insiste sempre em ter um espectro de coisas visíveis que se contrapõe a outras que devem manter-se fora da vista de todos.

Uma época dificilmente sabe conviver com tudo o que está à vista, porque a geração que a habita sonha-se sempre no cume da “História” e ousa dispor do tempo e sobretudo da natureza como se outras gerações não tivessem existido ou nunca viessem sequer a existir no futuro.

Uma época nunca é uma eco-época, justamente por causa desta intolerância extrema que é, em última análise, a intolerância da finitude.

Uma época julga-se, por isso mesmo, no direito de arrancar estátuas, de queimar livros e de interditar palavras.

Uma época pode matar. Uma época é uma travessia perigosa.

Este texto foi publicado no jornal “Hoje Macau” e é aqui reproduzido com a devida autorização do seu autor.
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
2020-06-18
Jaime Lourenço
Artigo anterior :

Palanfrório Eficaz: Arte Alheira

Artigo seguinte :

Das belezas do confinamento

Artigos relacionados

Palanfrório Eficaz: Jackpot do Morto

Palanfrório Eficaz: Jackpot do Morto

Miguel Rodrigues Costa 18 Nov 2019
O futuro de Speedy González e do gato Sylvester

O futuro de Speedy González e do gato Sylvester

Luís Carmelo 26 Nov 2018
Julieta na porta de saída

Julieta na porta de saída

Luís Carmelo 10 Dez 2018

Veja também

O cinturão invisível de Pessoa

O cinturão invisível de Pessoa

O som do violino vinha de longe. Como se estivesses noutro lugar a tocá-lo e não onde realmente te encontravas. Acontecia-te muitas vezes esse migrar

Rádio em direto

  • Popular
  • Últimos
  • Tags
  • O cinturão invisível de Pessoa

    O cinturão invisível de Pessoa

    Luís Carmelo 04 Mar 2021
  • As comemorações da Revolução

    As comemorações da Revolução

    UALMedia 25 Abr 2014
  • Vinis de abril

    Vinis de abril

    João Santareno 25 Abr 2014
  • Onde estava no 25 de abril?

    Onde estava no 25 de abril?

    João Honrado 25 Abr 2014
  • 40 anos, 20 Fotos

    40 anos, 20 Fotos

    João Serralha 25 Abr 2014
  • O cinturão invisível de Pessoa

    O cinturão invisível de Pessoa

    Luís Carmelo 04 Mar 2021
  • Documentário produzido pelo UALMedia em conferência internacional

    Documentário produzido pelo UALMedia em conferência internacional

    UALMedia 03 Mar 2021
  • O Tango, Camus e as Gnossiennes

    O Tango, Camus e as Gnossiennes

    Luís Carmelo 02 Mar 2021
  • Cabingano Manuel: “O jornalismo é cidadania, serviço público e tem a obrigação de transformar a sociedade”

    Cabingano Manuel: “O jornalismo é cidadania, serviço público e tem a obrigação de transformar a sociedade”

    Teresa Casimiro 24 Fev 2021
  • Quando o desespero leva à ilegalidade

    Quando o desespero leva à ilegalidade

    Catarina Valério Sousa 24 Fev 2021
  • Rádio Autónoma podcast vinil no ar Entrevista atelier disco aula pontocom prática poesia cinema êxitos ca vai animação sons por inteiro Universidade futebol laboratório lusofonia sempre Jornalismo Desporto
  • Ficha Técnica
  • Política de Privacidade
  • Manual de redacção

Últimas noticias

O cinturão invisível de Pessoa
O Tango, Camus e as Gnossiennes
Documentário produzido pelo UALMedia em conferência internacional
Quando o desespero leva à ilegalidade
Cabingano Manuel: “O jornalismo é cidadania, serviço público e tem a obrigação de transformar a sociedade”
Hugo Alves: “De um concerto de borla pode surgir uma oportunidade que acaba por trazer muito dinheiro”
As duas águas: Orwell vs. Rorty
Reportagem: Confinamento Covid-19
Reportagem: Género não binário
Reportagem: Exposição de arte Amnistato
SPOT: Campanha contra a violência
Reportagem: Ação contra as beatas em Belém
Dolores Silva: “Jogar para mais de 60 mil pessoas foi, sem dúvida, uma experiência fantástica”
Um pioneiro chamado Blanchot
Gustavo Ribeiro: “O mundo do skate não é na Europa. O coração do skate está definitivamente nos Estados Unidos”
Intolerância alimentar: conhecer a causa para resolver o problema
Projeto É UMA CASA: um caminho de esperança
SPOT: Vida saudável
Mães fora de horas
Reportagem: Medição de Glicose
Receita de panquecas saudáveis
SPOT: Tempo do Planeta
SPOT: LGBT
SPOT: Adoção de animais

Últimos Podcasts

  • Êxitos de Sempre #49
  • No Ar: 2021-03-01 18h
  • Cão Com Pulgas #13
  • Top 10 #2021-Fev-2
  • As quatro da vida airada: Amizades no WC, engates e ser gaja
© Copyright 2021, Todos os direitos reservados | Website desenvolvido por: Trace - Soluções Internet
Grupo CEU
Escola Superior de Enfermagem