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Imagens disponibilizadas por Evódia Graça.

Evódia Graça: “No fundo, onde nascemos não determina quem seremos no futuro”

Vitória Ferreira 28 Jun 2019 Entrevistas, Entrevistas

Evódia Graça é cabo-verdiana, feminista, ativista e empreendedora social. Aos 30 anos foi distinguida pelo ex-Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) Barack Obama como “Líder Africana Jovem”. Atualmente, é CEO e fundadora do projeto Inspiring Women Talks, formadora e oradora em Liderança Motivacional. Envolvida em causas sociais e apaixonada pela família, Evódia considera-se uma mulher feliz e realizada.

A conversa flui ao som de um instrumental vindo de dentro de um café no Palácio Baldaya, em Benfica. É terça-feira de sol e a esplanada é a escolha certa para iniciarmos a conversa. A humildade e um sorriso modesto apresentam uma mulher cheia de experiências únicas.

Estudou em três continentes diferentes: África, Europa e América. É uma mulher que já vivenciou várias culturas. Isso fê-la amadurecer como ser humano?

Fez-me amadurecer bastante, mas mais do que amadurecer, fez-me crescer, porque vim para Portugal estudar com 18 anos. Hoje, quando olho para trás, com a sabedoria e inteligência que aprendi durante o meu percurso, percebo como os espaços onde estamos vão-nos tornando numa melhor versão de nós próprios, e que, no fundo, o lugar onde nascemos não determina quem seremos no futuro.

Em 2016, foi para os Estados Unidos durante dois meses, estudar liderança e gestão cívica, um programa da administração de Obama para capacitar e promover a afirmação de jovens africanos. Lá foi distinguida pelo Presidente norte-americano como Young African Leader. Pode contar-nos mais sobre essa experiência?

Sim, na verdade, o propósito de ir foi ter sido distinguida como Young African Leader. Este programa ainda existe, mas não numa versão tão grande e ambiciosa como aquela que o ex-Presidente tinha como objetivo no início. O que se pretendia, na altura, era distinguir os jovens que estão a marcar a diferença em África. Para participar no programa, o jovem tem de se candidatar, podendo ser ou não selecionado. As fases vão desde a candidatura até a análise do currículo, ou seja, analisam tudo aquilo que fizeste durante a vida que possa justificar o potencial de jovem líder. Só em Cabo Verde candidataram-se quase uma centena de pessoas, e apenas oito foram distinguidos. Em todo o continente, mil jovens foram selecionados. A intenção de Obama, enquanto visionário e Presidente dos EUA, era tirar os jovens da sua zona de conforto para conhecerem um país de referência a nível de gestão, administração e liderança e, ao mesmo tempo, dar-lhes a oportunidade de estarem em contato com outros jovens africanos. Estávamos divididos em grupos de 25 pessoas e cada universidade americana acolhia um grupo com base nos seus interesses. Eu trabalhava para o Governo de Cabo Verde e o meu interesse centrava-se na área da liderança e gestão pública. Estivemos dois meses a estudar intensivamente e a visitar várias instituições. Nos últimos dias, viajámos para Washington para nos encontrarmos com Barack Obama e foi praticamente o culminar de toda essa experiência: estar a desenvolver as nossas capacidades enquanto líderes e saber que, no final do programa, nos iríamos encontrar com o Presidente. Ele é uma referência para nós, incentiva-nos a não termos medo de sonhar, sermos ambiciosos e chegarmos onde quisermos chegar.

No seu blogue, Afropolitana, relata que esteve frente a frente com o ex-Presidente. Como foi este encontro?

O evento aconteceu num hotel em Washington, foi o penúltimo discurso de Obama enquanto Presidente dos EUA. Sentimos um privilégio ao estar a ouvi-lo quase no final do seu mandato. No seu discurso, Barack Obama foi taxativo em recomendar-nos: “Não perguntem o que o vosso continente pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer pelo vosso continente!” Foi arrepiante, até porque um mês antes a Michelle Obama tinha estado em Cabo Verde. Na minha conversa eu disse-lhe “eu venho de Cabo Verde, sou a Evódia” e ele respondeu que conhecia Cabo Verde e recordava-se porque a mulher tinha estado lá. Poder falar com Obama foi a concretização de um sonho e um dos momentos que alavancou toda a minha mudança enquanto pessoa.  Foi, como eu relato no meu blogue, aquele “pontapé na bunda” (risos) que precisava para abrir os horizontes e ter a certeza que me ia focar no empoderamento e capacitação das mulheres para sempre. Tal como Barack Obama dizia: “Nada é impossível” e tenho feito disso a minha filosofia de vida. Onde quer que esteja é essa a minha missão de vida!

A Afropolitana é um blogue direcionado ao público feminino, que fala sobre a África, sobre as suas experiências pelo Mundo e sobretudo sobre a afirmação da mulher. Porquê um blogue?

A Afropolitana nasceu numa fase de mudança a nível profissional. Estava com vários projetos em mãos e com muita coisa a acontecer na minha vida.  Estava numa fase confusa, em que liderava um projeto de empoderamento feminino, participava num evento chamado TEDX (é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao lema “ideais que merecerem ser compartilhadas) e era responsável por toda a comunicação, a nível interno e externo, de uma ONG de crianças órfãs. A Afropolitana é o reflexo de mim. Parei no tempo e ponderei o que fazia sentido na minha vida. Fechei muitos capítulos, deixei projetos a que dediquei corpo e alma. Fiz isso para voltar a olhar para mim, pois muitas vezes estamos tão focados em ajudar o outro, em marcar a diferença, e esquecemo-nos de nós. O blogue é o meu espaço, é a melhor versão de mim, onde consigo ser eu mesma de forma descomprometida e contar a experiência de ser uma jovem líder pelo mundo. Neste momento está inativo, porque estou a passar por um processo de criação: uma marca pessoal que vai refletir a própria Afropolitana, O blogue também tem uma parte interessante sobre as “mulheres que inspiram”, que acabou por culminar no meu projeto atual: Inspiring Women Talks.

O que pretende alcançar com esse projeto?

Pretendo agarrar nas histórias dessas mulheres e dar-lhes visibilidade. Os fóruns em que participava, muitas vezes ou eram fóruns africanos, a debaterem sobre questões africanas, ou eram fóruns europeus, em que não havia grande expressividade de pessoas africanas. Indignei-me um bocadinho e pensei: “Se eu vivo nesses dois mundos, porque é que eu não posso conviver naturalmente neles?” Um dos propósitos do Inspiring Women Talks é reunir no mesmo espaço pessoas com conhecimentos e origens diferentes. O projeto é o reflexo de mim própria: alguém que convive nessa diversidade e não precisa escolher entre um e outro. A Afropolitana é uma africana cosmopolita que tem todas as experiências acumuladas por ter viajado pelo mundo fora, e o projeto é isso: é um espaço de partilha, onde todos têm oportunidade, independentemente de serem africanos ou europeus. O projeto nasceu logo depois de ter tido o meu primeiro filho, quando comecei a conviver com muitas mães e mulheres empreendedoras. Notei que havia uma necessidade de partilhar todas as experiências enquanto empreendedora e todos os desafios que uma mulher enfrenta em conciliar a vida profissional com a vida privada. O encontro tem sido isso: trazer pessoas com histórias de vida realmente inspiradoras e de superação. Há pessoas que partilham quase sem filtro as suas vivências. E é esse o principal objetivo: inspirar e empoderar quem vai a esses eventos.

O feedback tem sido positivo?

Sim, modéstia à parte, o feedback tem sido positivo. Uma das coisas apontadas tem sido a diversidade de pessoas com estilos totalmente diferentes. Saímos um bocado daquele formato de conferências e fóruns, nas quais as pessoas vão todas engravatadas, falam das mesmas coisas e nem sempre são verdadeiramente reais e humanas. O projeto impulsiona as pessoas a serem elas próprias, dando a oportunidade de falarem e de se apresentarem no início. A intenção é conhecermos quem é o nosso público e direcionar a conversa em função dos mesmos, para que se sintam envolvidos.

UMA FEMINISTA EMPODERADA

Há nas sociedades ocidentais um privilégio branco mais ou menos evidente e aceite pela maioria. Qual foi para si a maior dificuldade que enfrentou por ser uma mulher negra?

As maiores dificuldades surgiram quando terminei a licenciatura e o mestrado. Comecei a enviar currículos e quando me chamaram não foi para posições equivalentes à minha habilitação literária. Em algumas entrevistas de emprego, percebia claramente que avaliavam a minha cor de pele e não as minhas competências enquanto candidata. E a experiência não foi isolada, pessoas próximas de mim partilham a perceção de ainda haver um racismo estrutural, baseado exclusivamente na cor da pele. É a necessidade de provar que sou excelente no que faço, para ninguém me julgar por ser negra, enquanto que uma europeia a competir comigo não tem essa preocupação. Por um lado, é bom porque nos torna exigentes, por outro lado, nem todas as pessoas têm a mesma capacidade de gestão emocional e acabam por desistir a meio do trajeto. A cor de pele não deveria determinar o sucesso de ninguém.

Tendo em conta que hoje se considera uma mulher bem resolvida, achou difícil romper com os padrões culturais impostos pela sociedade ocidental?

Achei difícil, ainda hoje não é fácil, mas foi muito mais difícil há uns anos. Vim para Portugal em 2003 e lembro-me que em 2005 já sentia essa irreverência e vontade de falar sobre questões ligadas às mulheres. Naquela altura, ainda era difícil assumir-se como feminista. Os homens olhavam para nós com repulsa e tínhamos uma reputação negativa perante a sociedade, ao contrário do que acontece hoje, em que as raparigas se orgulham em falar sobre a nossa luta.

Cada vez mais o feminismo está a ser colocado na agenda nos meios de comunicação, o que demonstra a importância de falarmos sobre o tema. Como mulher, negra e feminista, vê diferenças entre o feminismo negro e o feminismo branco?

Sim, atualmente fala-se muito sobre o feminismo intersecional (como o próprio nome sugere, diz respeito à intersecção entre diversas opressões: de género, raça e classe social) e da sororidade (união de mulheres que lutam por um fim). O feminismo de uma mulher negra que luta pela representatividade na sociedade nada tem a ver com o de uma mulher branca que, à partida poderá ter todos esses critérios preenchidos. As dores são diferentes. Costumo dar o exemplo do Parlamento Português. Portugal, neste momento, é um país com muita diversidade e depois, olhamos para o Parlamento e não reflete de todo esta multiculturalidade de Portugal enquanto país. Os deputados não estarão de todo a trabalhar e a lutar pelas causas dessa diversidade, mas a lutar, a fazer leis e a legislar para os brancos. Se há uma mulher feminista no Parlamento e há uma lei a ser debatida é mais provável que as mulheres batam com a mão em cima da mesa, para que no diploma esteja refletido também os interesses das mulheres. Os homens não sabem as dores que as mulheres enfrentam e é a mesma coisa em relação ao feminismo negro e branco. Se temos mulheres negras a representar-nos no Parlamento e há uma equipa a debater questões de mulheres em geral, é provável uma mulher negra dizer: “atenção que, para além dessas questões, nós enfrentamos outros problemas”. Por isso, o feminismo negro deve ser mais agressivo e mais assertivo, porque são dores diferentes.

Desempenha o cargo de vice-presidente da Comissão de Género da Federação de Mulheres Empresárias e Empreendedoras da Confederação Empresarial da CPLP. Acha que estamos num caminho positivo para a igualdade de género?

Sou muito otimista, então diria que sim. Esta comissão tenta debater questões sobre as mulheres empreendedoras da CPLP em Portugal, o que mostra que já é um passo pequeno a ser dado. Ainda há um caminho a percorrer e é por isso que insisto na necessidade de apostar na educação dos jovens desde pequenos e convidar os homens para esses debates, para que o feminismo não seja exclusivamente das mulheres. O feminismo é uma causa universal, que luta por um mundo onde há espaços para todos e todas, ao contrário do machismo que profetiza a superioridade do homem. Só quando a sociedade entender isso é que estaremos em condições de dar passos maiores. Não é normal que estejamos em pleno mês de abril e que já tenham morrido em Portugal mais de 13 mulheres vítimas de violência doméstica, não é normal que se criem programas televisivos como Quem Quer Casar com o Meu Filho, onde claramente há uma objetificação da mulher. É o espelho de uma sociedade que ainda precisa de ser trabalhada a nível de educação e mentalidades. Temos de educar mentes de mulheres e de homens para que, daqui a 20 anos, não tenhamos jovens formatados para serem homens machistas. O Governo e os decisores políticos têm de assumir com mais garra e colocar na agenda política estas temáticas, tem de haver essa predisposição por parte de todos para conseguirmos, na prática, perceber essas mudanças.

O SEGREDO PARA A FELICIDADE

Como já percebemos, tem um trabalho muito enriquecedor no ponto de vista social. Muitas mulheres já conhecem o seu trabalho. E a nível de projetos futuros?

Há coisas de que ainda não podemos falar (risos). Sim, está algo para nascer depois do nascimento do meu segundo filho. Uma coisa é a questão da responsabilidade social, em que fazemos porque acreditamos, mas ao final do dia não paga as nossas contas (risos) e outra coisa é encontrares o teu propósito e caminho. É transformar as tuas lutas e aquilo que faz os teus olhos brilharem na tua missão de vida e no teu trabalho.

A Evódia é uma mulher que desempenha várias funções: é também esposa e mãe, para além de empreendedora social, ativista, feminista e humanista. Como consegue conciliar o trabalho com a vida pessoal?

Neste momento, é mais fácil para mim, era mais difícil quando não era mãe (risos). Tenho de ter disponibilidade psicológica para estar com o meu filho, sou muito mais ponderada e já não aceito qualquer convite. Já lutei tanto, já consegui tanto, agora já me posso dar ao luxo de escolher o que realmente faz sentido. Quero garantir a minha estabilidade emocional no fim do dia sabendo que sou uma mulher feliz e realizada. O meu companheiro é o meu principal suporte, porque não podemos falar sempre mal dos homens (risos). E apesar de não me considerar uma especialista, sou cada vez mais a favor de uma vida tranquila, de não estarmos em várias coisas para não nos dispersarmos. Não tenho medo de dizer não e, por isso, tenho sentido uma maior leveza enquanto pessoa, com grande entrega aos projetos que abraço e resto tenho deixado ir. Ser feliz é uma prioridade, porque só assim posso fazer a minha família feliz.

A fechar, quem é, para si, Evódia Graça?

Considero-me uma mulher inspiradora, irreverente, muito comprometida com o mundo. Sou uma andorinha, sempre pronta para voar à procura de novas experiências e de novos projetos. Sempre me reconheci assim e é assim que a minha família me vê: pronta para mais uma viagem, mais um desafio. A essência que tenho vem desde Cabo Verde, quando não tinha televisão em casa, não tinha acesso as coisas que tenho hoje e refugiava-me bastante nos livros: lia muito a Anne Frank (livro que retrata a vida de uma miúda que viveu escondida durante três anos na segunda guerra mundial), lia livros que me faziam sonhar enquanto adolescente. Hoje, que posso dar-me ao luxo de ter tudo isso próximo de mim, posso vivenciar todos aqueles sonhos que eu lia nos livros. E se esses sonhos não existem, trato de fazer com que eles se tornem realidade.

    
Evódia Graça feminismo 2019-06-28
Jaime Lourenço
Tags Evódia Graça feminismo
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