Boarding Gate é uma rubrica onde destacamos desportistas portugueses espalhados pelo mundo. O convidado desta semana é Sérgio Barros, jogador de andebol do Puente Genil, de Espanha.
Contagiado pelas aulas de Educação Física, o andebol surgiu na vida de Sérgio Barros através de um professor seu, o professor Carlos Balé, que incutiu o gosto pela modalidade, uma vez que tinha sido treinador do Sporting Clube de Portugal. Apesar de ter praticado natação, o seu gosto pelos desportos coletivos levou a que se apaixonasse pelo andebol, tendo já passado por grandes equipas como o Belenenses, Sporting e, fora de Portugal, Mulhouse (França), Eurofarm Rabotnik (Macedonia) e Nilufer Bursa (Turquia). Atualmente com 27 anos, o ponta português representa as cores do Puente Genil, de Espanha.
Porta de embarque
O internacional português revela que as razões para ter deixado o país prenderam-se, principalmente, pela questão económica. Diz também que “sempre quis experimentar jogar no estrangeiro, tanto pela experiência como atleta de jogar em vários campeonatos e de me testar a mim mesmo, como pelos planos que travo para o meu pós – carreira de jogador”.
Cultura
Sérgio confessa, pela sua experiência em vários países, que em todo o lado “encontramos sempre um mundo novo à nossa espera e mil histórias para contar”. Relembra o episódio insólito na Turquia, onde o presidente do clube que representava não deixava que as namoradas dos atletas estivessem no lugar onde viviam, pelo facto de não serem casados. Já na Macedónia, o atleta teve a oportunidade de jogar num pavilhão com 6 mil pessoas, “loucas pelo andebol”, a assistir.
Considera-se aventureiro por natureza, algo que o ajudou a adaptar a qualquer tipo de ambiente. Em Espanha, confirma que a adaptação foi muito mais fácil, comparativamente a outras culturas. A sua experiência em entrar em equipas novas, derivado ao seu vasto currículo, foi um dos fatores. Para além disso, e por motivos óbvios, “a língua e a cultura são muito parecidas à nossa, o que facilita imenso a adaptação”.
Momento mais marcante
No Puente Genil, o atleta lusitano está rendido aos adeptos, sendo esse um momento significante. “Temos dos melhores adeptos da Asobal, quase sempre pavilhão cheio e, sobretudo, o que mais me marca aqui é o carinho que a nossa aficción tem por mim”, argumenta.
Diferenças do desporto em Portugal
Adepto do desporto espanhol por natureza, Sérgio Barros considera que Espanha é um role model a seguir no desporto em geral, em concreto no andebol. Na sua opinião, “a grande diferença entre os dois países (Portugal e Espanha) passa mesmo pela aposta e investimento na modalidade. Em Portugal, para se viver da modalidade e ser profissional, no bom termo da palavra, há os chamados 3 grandes e pouco mais… depois torna-se difícil viver só de andebol. Já em Espanha, há muito mais possibilidades”. Sucintamente, considera que há mais aposta e investimento: mais clubes, mais e melhor competição, maiores pavilhões e mais espectadores.
Apesar disso, tem um pensamento positivo no que à modalidade em Portugal diz respeito. Acha que o andebol em Portugal tem crescido imenso nos últimos anos, e acredita que temos um bom potencial ao nível da formação, em relação a outros países. Para provar a sua teoria, usa os resultados das nossas seleções jovens nos últimos anos. “Em Portugal, existe a qualidade, o que falha são as condições oferecidas mais tarde. Faltam boas oportunidades, dentro do país, para os jovens crescerem de forma sustentada e perde-se, também, no campeonato, que deveria ser mais competitivo.” Afirma que é urgente haver mais apoios e investimento, de forma a criar um campeonato mais competitivo e profissional.
Neste momento da sua carreira, confirma que se manterá pelo estrangeiro. “Para além do aspeto profissional, considero que estar fora me dará experiências e vivências essenciais para os meus planos futuros na modalidade. Não obstante, a hipótese de voltar a Portugal num futuro próximo ou mais tarde seria algo visto com bons olhos para mim, tendo em conta que é o meu país, que adoro e valorizo bastante”, termina.