Recentemente, a comunicação social anunciou a greve dos condutores de substâncias perigosas. Até aqui tudo bem, o problema surge quando se avisa que as bombas de combustível não vão ser atestadas durante esta paragem. Os depósitos vão ter de durar até ao final da greve. Depois, foi ver o pânico das pessoas a correrem para a bomba mais próxima e atestarem a sua viatura, como se fossemos a passo rápido para o apocalipse. Viver ser carro, será isso possível no século XXI?
Foi a tempestade perfeita, uma comunicação social cada vez mais interessada na notícia fresca e no sensacionalismo, e que não fez uma paragem para ver qual o melhor ângulo a abordar. Resultado: pânico generalizado e possível aumento de poder negocial por parte do sindicato na negociação que se avizinha. Na verdade, enquanto este texto é escrito, os noticiários avançam que estão reunidos sindicato e governo. Isto foi de tal forma alarmante que houve uma corrida para abastecer, gerando filas intermináveis e postos mais pequenos sem combustível.
Isto tudo para quê? Não deviam ser as pessoas informadas que não devem correr para atestar os seus veículos, pois isso só gera pânico? É que a água não está em vias de acabar, nem os supermercados de ficar com as prateleiras vazias: a imagem típica de um apocalipse zombie dos filmes americanos.
Andando pelas ruas de Lisboa e arredores, podíamos jurar que tínhamos de partir num êxodo para fugir de uma qualquer catástrofe. Ficamos escravos do nosso conforto e usamos cada vez menos a lógica. Sem fim à vista para esta greve, deveríamos ter alguma consciência e deixar o combustível para veículos que dele efetivamente precisam, como ambulâncias, polícia, bombeiros e afins para que a nossa normalidade quotidiana estivesse garantida. Talvez andar de autocarro não seja a coisa mais confortável do mundo, mas serve o seu efeito. Permite que as pessoas vão do ponto A ao ponto B.
Egoístas, apenas esgotámos o recurso, gerámos o caos desnecessário, ficámos horas intermináveis em filas mesmo sem necessidade absoluta, fomos rudes uns com os outros e tudo porque vimos na televisão que podemos não ter gasolina ou gasóleo para ir dar uma volta.