Boarding Gate é uma rubrica onde destacamos desportistas portugueses espalhados pelo mundo. O convidado desta semana é António Oliveira, treinador de futebol do Kazma Sport Club, no Kuwait.
Por razões históricas e familiares fortes, a paixão pelo futebol nasceu e cresceu com António de Oliveira, filho de Toni, lenda do Sport Lisboa e Benfica. Com muito trabalho, dedicação, disciplina e paixão pelo jogo, iniciou a sua aventura futebolística como jogador, aos 8 anos, no Sport Lisboa e Benfica, passando por todos os escalões de formação até chegar à via profissional. Após representar a equipa B do Benfica (e tendo sido chamado algumas vezes para treinar na equipa principal), Sporting de Braga, Santa Clara, entre outros clubes, licenciou-se pela Universidade Lusófona de Lisboa, em Educação Física e Desporto, e, posteriormente, inscreveu-se no Mestrado em Treino Desportivo em Alto Rendimento, na mesma faculdade. Paralelamente, foi reforçando os suas valências com diversos cursos UEFA. Com 36 anos, acompanha o seu “pai, amigo e conselheiro” no Médio Oriente, representado as cores do Kazma Sporting Club, no Kuwait.
Porta de embarque
Admitindo que ser treinador é mais aliciante e apaixonante do que ser jogador, o técnico português teve o seu primeiro contacto com a realidade de treinador a partir do estágio do seu mestrado, nos sub-17 do Benfica, com Bruno Lage. Após essa experiência, foi convidado a integrar a equipa técnica num projecto recente, no Irão – o Tractor Club. “Este projeto abriu-me as portas nesta minha caminhada onde pude expressar toda a minha paixão por esta profissão e por este desporto”, refere o treinador português. A partir desta experiência no Irão, António passou por países como a Eslovénia e, atualmente, encontra-se no Kuwait, como foi referido anteriormente, na companhia do seu pai. “Aprendi muito e estar-lhe-ei eternamente grato”, afirma o jovem técnico português.
Cultura
Apesar das diferenças no idioma e na cultura, António Oliveira confirma que está “perfeitamente adaptado ao país”, tal como a sua família, peça-chave no seu bem-estar. “Nós, portugueses, temos um poder enorme de adaptação e superação nos mais diversos contextos”, diz o treinador. Refere que os projetos e desafios são ponderados estrategicamente, com base no sucesso desejado, na competência, exigência e qualidade. Os sete anos de ausência de Portugal têm aqui papel importante, permitindo ao treinador abraçar projetos, já com uma enorme bagagem e adaptação cultural a outros contextos.
Momento mais marcante
O técnico português recorda os momentos de união, companheirismo e com o resultado esperado, a vitória. “Com muita dedicação e disciplina, estes dois anos têm sido muito positivos, de grande qualidade e excelentes resultados.”, afirma António. Destaca, como expoente máximo dessa mesma caminhada, a conquista da Kuwait Cup, momento que jamais esquecerá.
Diferenças do desporto em Portugal
António é um defensor da qualidade e habilidade do futebol no Kuwait. Afirma que as comparações que envolvem Portugal e o futebol do país do Médio Oriente são “injustas, de realidades muito distintas”. “Basta observarmos o ranking da FIFA dos dois países em questão e retiramos daí as devidas conclusões.”, alega António Oliveira. No seu entender, e apesar do revés no desenvolvimento do futebol no país (com a suspensão por parte da FIFA ao Kuwait – durante dois anos), o jogador kuwaiti “tem qualidade, tem talento, gosta de aprender e, quando lhes gera interesse, desenvolvem-se rapidamente em termos individuais e coletivos”. Para além disso, informa que a sua equipa venceu, recentemente, o Jiangsu Suning, de Alex Teixeira, Ramires, Éder e Palleta, por 4-1, num amigável disputado em Doha, justificando e reiterando a “maior qualidade individual do jogador kuwaiti, inserida num processo de qualidade de treino acompanhado, contrapondo um super investimento chinês no seu jogador e no seu futebol”.
No que toca ao futebol português, o técnico é da opinião generalizada que existe um potencial enorme. “Tem bons jogadores, bons treinadores, bons dirigentes e bons árbitros. É necessário é que cada um saiba e se ocupe, única e exclusivamente, das variáveis que podem e devem controlar. O futebol, como fenómeno social, tem de ser tratado por pessoas sérias, responsáveis e competentes”, argumenta o jovem técnico português. Relativamente ao treinador português, afirma que o mesmo tem uma reputação enorme por todo o mundo, pelas suas valências, e, portanto, “continuará a ser muito requisitado”.
A continuação da aventura no estrangeiro, depois desta época no Kazma, continua a ser uma hipótese, apesar de deixar o futuro em aberto. O treinador afirma que “existem várias propostas para o estrangeiro e para Portugal”. O seu objetivo, a curto-médio prazo, é continuar a trabalhar para alcançar o objetivo de ser um treinador de categoria mundial e ajudar o clube que representa a alcançar as metas propostas.