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-Início»Entrevistas»Gustavo Santos: “Os sonhos são todos do mesmo tamanho”

Gustavo Santos: “Os sonhos são todos do mesmo tamanho”

Hélder Andrade 14 Jun 2017 Entrevistas

Dança, televisão e escrita são as paixões da sua vida. Em entrevista, Gustavo Santos fala um pouco da infância, do seu percurso profissional e do amor pelas palavras, e conta como a vontade de percorrer um caminho é mais forte do que qualquer adversidade.

Gustavo Santos nasceu a 27 de Maio de 1977. Desde cedo, dedicou-se às artes. Iniciou a sua aventura profissional na dança, tendo-se tornado campeão mundial de Hip-Hop com o grupo Hexa, em Los Angeles. Após algumas lesões que o obrigaram a ter de escolher outro rumo de vida, enveredou pela representação. Atualmente, podemos vê-lo como apresentador do programa da TVI ” Querido Mudei a Casa” . Paralelamente, houve algo que nunca mudou: a sua paixão pelas palavras. Iniciou-se na literatura com o livro “Carta Branca”, tendo já publicado nove livros.

“Já tive imensas profissões, já realizei inúmeros sonhos.”

Em criança, sonhavas ter a vida que tens hoje?
Não, não, nem pensar. Em criança, nem sequer sonhava, a minha infância foi extremamente conturbada, mergulhada em situações que talvez não fossem supostas: medos, inseguranças, culpas, violência. Portanto, é impossível uma criança sonhar dessa maneira. O sonho só começou a aparecer na minha vida talvez aos 17 anos. Foi a primeira vez em que senti que, afinal, era bom a fazer alguma coisa, até lá achava sempre que era “uma merda”. Não havia hipótese, foi assim que me ensinaram. Então, aos 17, senti que “espera aí” , afinal não sou tão mau, afinal há alguma coisa que consigo fazer ou ser bom. E essa coisa foi a dança. Comecei a dançar aos 17 anos e, aos 18, já estava a dar aulas. Com 18 anos, apareceu o meu primeiro grande sonho, não só ser bailarino como fazer parte do melhor grupo do mundo, integrar um elenco desses. Esse sonho acabou por acontecer em 2001, em LA, com um grupo chamado Hexa, mas até chegar aí fui conquistando alguns pequenos sonhos, como dar aulas em convenções internacionais, como ter o meu próprio grupo, competir em campeonatos, ser coreógrafo, criar coreografias, ganhar algum sustento para mim.

Fui conquistando alguns não diria “mini sonhos”, porque os sonhos são todos do mesmo tamanho, mas alguns objetivos que depois me permitiram concretizar esse grande sonho. A partir daí, foi a primeira vez que me senti homem, foi aos 17, foi quando percebi:” espera aí, há aqui alguma coisa, tenho algum valor”. A partir do momento em que começo a desenvolver este processo e a querer atingir esses objetivos, e concretizar em 2001 esse grande sonho, tinha eu 24 anos: para se atingir um sonho destes, tive que abdicar de muita coisa, tive que abdicar essencialmente da aprovação dos meus pais. Sou filho de pais separados desde os dois meses, a mãe não queria e o meu pai nem pensar. Abdicar de um curso superior de educação física a meio do quinto ano de faculdade para ir dançar…fui acusado de tudo e mais alguma coisa, chamado de insensato e inconsciente. Mas, a partir do momento em que fazes esse caminho porque é o que tu queres e não o que os outros querem para ti, porque é o respeito pela tua vontade e não pelo o que os outros querem…

A partir do momento em que consegues isto e concretizas isto, a partir desse momento em que tu consegues isso, começas a dizer para ti próprio: Não há nada que eu não consiga! A partir daqui, passei por tremendos desafios em termos de representação,lembro-me da primeira vez que pisei um plateau ouvir de um ator consagrado com quem ia contracenar: “Mas isto não é só para atores?” Olhar para mim e dizer-me isto!

Em termos de livros, escrevo os três primeiros livros e eles não têm impacto nenhum na fase inicial. Só ao quarto livro é que comecei a ter algum reconhecimento. Aliás, tu chegaste agora e estou a escrever o décimo livro. Portanto, a partir do momento em que vivo esse sonho da dança e consigo superar isto tudo, a mensagem que passo para mim é: caraças, qualquer sonho que eu tenha, eu consigo, e não são só estes sonhos de fazer, são também de sentir! Viagens aqui, acolá, um bem material ou outro, esta casa é um sonho. Alguns carros que já tive, que já foram sonhos mas deixaram de ser porque já não me apaixonam…Tudo o que tenho na minha cabeça,tudo o que quero, garanto-te: eu consigo, até posso levar anos, como levei 11 anos até ser um autor best seller, mas eu consigo!

Existia alguma profissão em criança que sonhavas ter?
Olha, gostava de ser padre! A minha formação religiosa, a minha mãe católica e eu segui todos os caminhos “normais” católicos. Entretanto, saímos e fomos para a evangélica e, depois, acabei por não seguir mais nenhuma.No entanto, respeito qualquer uma. Padre era uma coisa que gostava. E veterinário, claro, acho que é normal os putos gostarem de animais.

“Eu vou diretamente à ferida das pessoas”

Dança, representação, apresentação ou escrita. Se pudesses escolher só uma, qual seria?
Escrita, claro. Porque, repara, dança é completamente posta de parte, porque estou todo partido, as articulações estão quase por suspensórios muito por causa do breakdance. A representação foi uma paixão que tive, mas que passou. A apresentação é uma coisa que me faz sentir bem, e eu apresento o “Querido Mudei a Casa” porque é o único programa de televisão que defende valores altíssimos. Penso que estou lá há seis anos, acho que este será o sétimo ano e, enquanto aquilo fizer sentido, vou continuar a apresentar. Quando não fizer a mim, à TVI ou à produtora, vou à minha vida. Não dependo do “Querido” e essa é, de facto, uma das minhas conquistas pessoais. Se calhar, existem dez ou 15 autores em Portugal que podem dizer que dependem dos seus livros e eu sou um deles.

Atenção que é uma área extremamente difícil, porque é uma área de transformação. Isto não é um romance, não é uma “coisa fofinha,” vou diretamente à ferida das pessoas, portanto, a partir daí construir uma “coisa” exige, como há pouco estava a escrever, exige a disciplina de um mestre, a honra de um samurai e um sentido de missão de um guerreiro. Portanto, claro que sim, a escrita, até porque depois permite-me fazer conferências aqui em Portugal e no mundo, e passar aquilo que é a minha verdade. Eu sou um gajo que ganha a vida a ser o que sou, que é uma coisa extraordinária, ou seja, assumir a verdade em que acredito!

O “Querido Mudei a Casa” mudou a tua vida?
O “Querido Mudei a Casa” aparece numa fase extremamente delicada da minha vida, em que estava desempregado já há bastante tempo, em que estava a escrever o meu terceiro livro “Dança da Vida”, que curiosamente vai ser reimpresso agora, sete anos depois. Foi uma notícia caída do céu, e vai acontecer agora no final de Maio, princípio de Junho. Então, o “Querido” acontece numa altura em que estava desempregado pela segunda vez na carreira de ator. Fiz muitas novelas seguidas e, de repente, a produtora em que trabalhava fechou e nunca mais ninguém me chamou. O “Querido” aparece aí. Eu vou a um casting, éramos três, e eu fui claramente melhor preparado, com real vontade de ficar com o projeto. Já lá estou há seis ou sete anos.

“Essa foi seguramente a minha grande vitória até hoje. Constituir família”

Qual e o projeto mais significativo para ti até à data de hoje?
Até hoje? Olha, vou falar a título pessoal…constituir família! E emociona-me, pois venho de uma família completamente destruturada. Ser pai, para mim, até há dois anos, era completamente impensável e faço 40 anos daqui a um mês e meio…Sempre pensei que entregar-me…jamais! Comecei a mudar talvez a partir dos 20 e tal anos, e constituir família era uma coisa utópica, porque só conhecia aquela realidade. No entanto, fui conhecendo mulheres que me foram apresentando outro conceito de família. Quando chego aqui, à Sofia, já venho preparado para isto ser possível, então pensei: “embora tentar”.

Portanto, essa foi seguramente a minha grande vitória até hoje. Constituir família, o que se ganha com isto! Hoje já posso recomendar a todos quando se ama em verdade, e amar em verdade é respeitares as tuas vontades em primeira instância e, depois, aceitares as verdades e vontades do outro. Uma relação só pode funcionar quando respeitas a verdade do outro e não há outra forma de o amor fluir, nem de qualquer relação funcionar. Quando tens uma criança, ela vai modelar os pais que se respeitam e claro que vai ser educada com esse princípio. E, por fim, tomamos a consciência de um novo amor.

Algum dos projetos em que estiveste envolvido te desiludiu?
Hoje, digo-te que não, pois consigo fazer uma análise superior. Consigo perceber que precisava de passar por aquilo, por aquela dor, por aquele momento terrível, para chegar onde cheguei. Sei que se me acontece alguma coisa de menos bom, depois vem algo de maravilhoso, isso eu tenho a certeza. E alguns anos atrás, não tinha essa consciência, pois quando o meu corpo sucumbiu às lesões e tive que deixar de dançar, esquece, foi talvez das maiores dores da minha vida. Abdiquei de tudo por este sonho que era dançar. Vês os teus colegas a dançar e a curtir, e eu nem conseguia levantar os braços por causa das tendinites crónicas nos ombros, foi extremamente doloroso. E claro que, numa fase inicial, os livros que escrevia não tinham o impacto que queria e que esperava, pois o livro merecia. As pessoas diziam que um gajo que ao mesmo tempo fazia de playboy na televisão não podia escrever sobre isto ou aquilo.

Passei por essas dificuldades todas. Claro que isso criava em mim uma frustração muito grande e houve uma determinada altura no terceiro livro, “Dança da Vida”, que passei do estado de frustração para o estado de desilusão e estive quase, quase, a deixar de escrever. Estava farto de entregar-me. Havia histórias em que estava na minha editora e iam lá figuras públicas que davam três ou quatro entrevistas e saía um livro, que era escrito por um ghostwriter. Eu andava seis meses a escrever o meu livro todos os dias. Os dois iam para venda e o livro dessas pessoas estava em primeiro lugar, e assinavam como se fossem elas a escrever. Uma vergonha. O meu, em lado nenhum! Chegas aqui a um ponto em que isto começa a criar em ti um anti-corpo e uma sensação má.

Então, tive que me questionar, e isso foi uma das questões da minha vida:”Bom, Gustavo, tu escreves para reconhecimento dos outros, para vendar livros ou porque gostas de escrever?” A reposta é porque gosto de escrever, então, ‘bora continuar a escrever. Foi esta tomada de consciência: percebi que não posso escrever para os outros, nem fazer para outros ou fico na mão dos outros. Tenho que fazer as coisas por mim, pela minha vontade, porque é o meu sonho. Foi a partir daí que a minha vida começou a abrir e a abundância a chegar.

“Hoje tudo o que faço passa por inspirar as pessoas a descobrir o mesmo que eu.”

Foi a paixão pelas palavras que te levou a escrever?
Posso-te dizer agora que tenho outro entendimento: foi o meu sentido de missão. Acredito que, quando nascemos, estamos “destinados a”. Acredito que escolhemos a nossa missão antes de encarnar, acredito em muitas vidas. Existe um compromisso que assumimos para com a nossa estadia aqui na Terra, há um compromisso que assumimos com as pessoas importantes com que nos vamos cruzar, e há um compromisso que assumimos com a Terra planeta, portanto, quando nascemos estamos “destinados a”. Claro que quando estamos aqui, temos o livre arbítrio de seguir a nossa intuição ou simplesmente negligenciar. Podemos seguir o respeito pela nossa vontade ou viver no medo, isso é uma escolha nossa, mas estamos “destinados a”. Isso estamos. Ninguém está destinado a falhar, o falhanço de uma pessoa aqui é uma escolha dela.

Esta é a tua grande vocação?
Talvez hoje não dissesse da forma que aí está. Aquilo que faço é partilhar a minha verdade, sem medo. Mas atenção: nós vivemos num mundo em que quem assume a sua verdade não é agraciado, como Jesus. Aliás Jesus, Martin Luther King, Mandela e a minha avó, que faleceu há três anos, são as minhas grandes referências. Jesus não veio promover a paz, esquece isso, veio para haver discórdia, veio assumir a sua verdade e a verdade é o amor, e qualquer um que assuma o amor promoverá sempre a discórdia. Portanto, quem o faça, e faço todos os dias, será sempre julgado, atacado, ofendido…sempre. Nós estamos a tentar curar o amor numa terra que é o “planeta medo”. Então, estás a fugir à norma, logo, és atacado e vão tentar sempre engaiolar- te como eles vivem. Grande parte das pessoas ainda tenta, mas depois o medo sobrepõe-se à coragem e voltam ao rebanho. Eu felizmente (felizmente!) não tenho medo.

Porque achas que as pessoas te criticam tanto e vão contra as tuas afirmações?
Falam mal e continuarão a falar. Há 15 dias, ligaram-me do “Correio da Manhã” e estão sempre a falar mal de mim! O repórter estava a fazer um trabalho sobre pessoas que são perseguidas na internet e queria entrevistar-me, ao que lhe respondi que me ligasse quando fizerem um trabalho sobre pessoas admiradas na internet, até porque não me sinto perseguido. Apesar de saber que me atacam, não me sinto atacado, que é uma coisa completamente diferente. Uma pessoa que esteja bem com ela não se deslumbra quando falam bem e nunca se sente atingida quando falam mal. Aquilo que acontece é que, sempre que assumires a tua verdade, vais contra os paradigmas em que o planeta está encarcerado. Portanto, não chamo a isso perseguição, mas as pessoas vão tentar sempre colocar-te num nível de tristeza e amargura em que elas mesmo se encontram. Aqueles que se mexem farão sempre a diferença, mas carregarão sempre a responsabilidade do que lhes possa acontecer.

Eu sou corresponsável por todos os ataques que me fazem, porque sei que, ao dizer certas coisas, isso vai acontecer! Eu não acredito na ideia dos maus e dos coitadinhos, de aquele gajo foi mau como aconteceu na situação do Charlie Hebdo. Os gajos foram maus porque mataram aquela gente toda, os outros morreram, coitadinhos, não acredito nisto. Eles sabiam dentro deles que estavam a promover qualquer coisa que podia ser mau. Portanto, se os outros são responsáveis porque mataram, estes são corresponsáveis porque morreram. Esta é a minha verdade, mas vai contra tudo o que está instaurado no planeta.

Tu lês tudo o que dizem sobre ti?
Não!! Achas? De vez em quando, vejo no Facebooklá alguém a desancar-me, mas não vou à procura de nada, nem leio jornais. Por vezes recebo, um e-mail ou uma chamada a perguntar se vi o que disseram sobre mim ou um link com alguém a gozar comigo. Eu não vejo nada. Quem procura a dor, encontra a dor. Eu sou um ser humano, é possível ver certas coisas que possam magoar, mas se sei que isso vai acontecer, para que vou à procura disso? Até pode acontecer, já tive vontade de ver e responder mas, se faço isso, o que acontece? Estou a dar atenção a esta pessoa e a enfraquecer-me… ela quer tirar-me do meu centro, portanto, não respondo. Acontece como há algum tempo no Instagram quando alguém me disse: “Bom, já que não me dás atenção, vou deixar de te chamar nomes!” Inacreditável! Muito interessante perceberes como as pessoas funcionam com o ego ou com o amor. Quem funciona com o amor são os incondicionais. Dão e não querem receber nada, dão porque lhe sabe bem dar. Um gajo que fala com o ego vai sempre em busca de atenção, por isso é que te ofendem. E eu não alimento egos!

Trabalho realizado no âmbito da disciplina Atelier de Imprensa e Jornalismo Online, no ano lectivo 2016/2017 em regime de pós-laboral.

    
2017-06-14
Autor UALMedia
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