• Universidade Autónoma de Lisboa
  • Autónoma Academy

UALMedia

Menu
  • Notícias
    • PHOTO-2023-06-14-14-42-15Docentes do DCC marcam presença na Feira do Livro de Lisboa 202314 Junho, 2023
    • 3 Books_Mockup“Literacia(s) & Cidadania(s)” marca o início da nova coleção Livros NIP-C@M4 Maio, 2023
    • retrato-Alfredo-Cunha1-Luís Carmelo (1954-2023): um professor exemplar, um escritor criativo1 Maio, 2023
    • congresso_leteracia_media_cidadaniaAutónoma marca presença no VI Congresso Literacia, Media e Cidadania4 Maio, 2023
  • Reportagens
    • 10-1024×668Lx Factory: da produção de jornais à produção de experiências28 Março, 2023
    • IMG_8350UALCOM = Inclusão + Sustentabilidade2 Março, 2023
    • vista-frontal-da-mesa-de-limpeza-baristaAuxiliares de limpeza : Retrato de uma profissão invisível14 Fevereiro, 2023
    • Imagem11Chelas é o Sítio, Chelas é o berço13 Fevereiro, 2023
  • Entrevistas
      • Imagem1André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”29 Junho, 2023
      • Imagem1Coronel Raúl Folques: “A guerra é a coisa mais horrível e mais desnecessária que há”28 Junho, 2023
      • Imagem1Ana Curvo Dias: “Existirá sempre uma cultura de antiparlamentarismo que está contra os órgãos de soberania”30 Maio, 2023
      • 349176055_202152039360182_1814472407052410211_nRicardo Marques: um forte aliado no serviço à comunidade30 Maio, 2023
  • Opinião
      • Opinião
        • WhatsApp-Image-2021-07-05-at-16.25.04-1020×600Eu, mulher. Eu, mulher, tenho vozCarolina Mendes
        • Elliot-PageO nome dele é Elliot. Um guia sobre pessoas transgénero para os jornais portuguesesBeatriz Rosa
        • fotoAlice no País das TecnologiasAntónio Jorge
        • restore_your_faith_in_politics_1200x627A avó Emília e a política. 20 anos e 16 campanhas depois, continua-se a ouvir o padreMónica Costa
      • Crónicas
        • IMG_4298“Amo-te”Lourenço Catarino
        • thumbnail_IMG_3796“Ah…”Lourenço Catarino
        • retrato-Alfredo-Cunha1-Uma despedidaLuís Carmelo
      • Críticas
        • cabanaTUaLER: “A Cabana”. Deus é uma mulher?Magda Coelho
        • banqueiroTUaLER: “O Banqueiro Anarquista”, um conto de raciocínio!Magda Coelho
        • ruapassarosTUaLER: “A Ilha na Rua dos Pássaros”, ou como fugir aos nazisMagda Coelho
  • Dossiers
    • Sem TítuloConferência “Os Jovens, o Jornalismo e a Política”UALMedia
    • DSC_0056-1024×683Projetos TVUALMedia
    • pro-photography-equipment_1426-1771Fotogalerias da Autónoma
    • 221d0cdb3179b4b239b33987813eedb343131686df9432c0fa786aa073a8040f-rimg-w600-h276-gmirIV Congresso Internacional do OBSERVAREUALMedia
  • Cábulas
    • team-of-students-completing-task_23-2147666610Erasmus+16 Outubro, 2018
    • literaciaO que é Literacia Mediática?4 Junho, 2018
    • codigodeontologico_20180320O que é o Código Deontológico dos Jornalistas?5 Abril, 2018
    • computador_20160222Regulamento Geral de Proteção de Dados4 Junho, 2018
  • Artigos
    • 1542110Comunidade cigana: as inverdades que levam à discriminação e exclusão29 Junho, 2023
    • Imagem1Neonatologia: Quem cuida dos cuidadores23 Março, 2023
    • laptop-g65699b9ad_1920Viver com perturbação obsessivo-compulsiva: o caso português9 Fevereiro, 2022
    • imageGrão a grão, em prol da sustentabilidade4 Abril, 2021
  • Rubricas
    • Imagem1César Boaventura assume: consequências da acusação de viciação de resultados foram positivas2 Outubro, 2020
    • Imagem1Raio-X ao Futebol: ‘Águia’ já joga o triplo2 Outubro, 2020
    • Imagem1Raio-x ao Futebol: O campeão da incompetência16 Julho, 2020
    • Imagem1Raio-X ao Futebol: Benfica volta a escorregar e deixa o título à mercê do Porto14 Julho, 2020
  • UALMedia Rádio
      • Podcasts
          • Bola ao centro
          • Academycamente
          • Lá na zona
          • Malucos na Uni
          • Uma história para o Dia do Pai
          • Girls Like Sports 2
          • Amargo & Doce
          • Poddemos Descomplicar
          • What´s Popin, What´s Flopin
          • Frente & Verso
          • Pessoas e Pessoas
          • Confiança
          • RitUAL
          • Falando Claramente
          • Trepadeira
          • Conferências
          • Lusofonia
          • No Ar
          • Psicologia Para Todos
          • Laboratório
          • Poesia
          • PontoCom
          • Vinil
          • Histórias Com Sons
      • Notícias
        • ra horizontal mais do ano 2022bAs mais rodadas em 2022
        • Substance, de Demi LovaroSubstance entra para as “apostas”
        • ra horizontalChegámos à adolescência
      • Podcasts Antigos
          • Educadores
          • Reflexões da Ana
          • Triângulo com quatro lados
          • Duas à Sexta
          • 2000 Watts
          • Sundown
          • As quatro da vida airada
          • Cão com pulgas
          • Conversas de café
          • eTalks
          • Pensar nas expressões
          • Dance
          • Top 10
          • Êxitos de Sempre
          • ´Tàs à vontade
          • Trendy News
          • Ready. Gap. Go!
          • Thursday´s Vibez
          • Jazz and Blues
          • Rapresentação
          • Escolhe Tu
          • Incrível
          • Entre Linhas
          • Disco Por Inteiro
          • Dinosaur Cataclysm
          • Crónicas & Murais
          • Cá vai disco
      • Estatutos
      • Grelha de Programação
Últimas
  • André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”   |   29 Jun 2023

  • Comunidade cigana: as inverdades que levam à discriminação e exclusão   |   29 Jun 2023

  • Coronel Raúl Folques: “A guerra é a coisa mais horrível e mais desnecessária que há”   |   28 Jun 2023

  • Docentes do DCC marcam presença na Feira do Livro de Lisboa 2023   |   14 Jun 2023

  • Ana Curvo Dias: “Existirá sempre uma cultura de antiparlamentarismo que está contra os órgãos de soberania”   |   30 Mai 2023

  • Ricardo Marques: um forte aliado no serviço à comunidade   |   30 Mai 2023

 
-Início»Entrevistas»Nuno Lopes: “Quando me reencontrei com o teatro, percebi que era isto que queria fazer”

Nuno Lopes: “Quando me reencontrei com o teatro, percebi que era isto que queria fazer”

Margarida Martins 02 Mar 2020 Entrevistas, Entrevistas

Nascido em Lisboa há 41 anos, Nuno Lopes é considerado um dos melhores atores em Portugal,  tendo-se distinguido pela sua versatilidade. A paixão pelo mundo das artes começou desde cedo e confessa que seria impossível viver de outra forma. Em entrevista, fala de paixões, de construção de personagens, e até de preconceito.

Em que altura da sua vida descobriu o gosto pela representação?

Eu era muito tímido quando era novo, estava à procura de uma maneira de me expressar e, às tantas, pensei em ser pintor. Não resultou e, de repente, comecei a tocar guitarra. Quando dei o meu primeiro concerto em palco, percebi que não era nada tímido. Muito pelo contrário. Sentia-me bem e foi aí que percebi que gostava de estar em palco.

Mais tarde, fui ver a minha irmã a um sarau, porque ela dançava ballet. Nesse sarau, o António Feio estava a apresentar-se com uma turma de teatro amador de alunos com mais ou menos 18 anos, eu vi aquilo e pensei: “Gostava de experimentar isto, acho que gostava de experimentar.” No ano seguinte, inscrevi-me e, ao fim de um mês, já sabia que queria ser ator.

O seu percurso como ator foi sempre linear? Nunca houve vezes em que pensou desistir ou seguir por outros caminhos?

Sim, cheguei a pensar em desistir. Houve uma altura que fiz uma novela no Brasil e fiquei muito famoso lá, e não gostei nada disso. Não me dei muito bem com esse lado, talvez porque também era muito novo, mas felizmente resolvi fugir das novelas e voltar para Portugal para o teatro.

Quando me reencontrei com o teatro, percebi que era isto que queria fazer, aliás, nunca pensei em fazer outra coisa, quer dizer… até pensei. Antes de me apaixonar por ser ator, antes dos 15, quis fazer documentários subaquáticos, quis ser pintor, quis ser guitarrista e cantor, quis ser muita coisa… Mas se não fosse ator, acho que teria sempre uma profissão criativa. Nunca conseguiria ser algo não criativo, acho que isso não funcionaria bem comigo.

“Se trabalhares a sério como ator, começas a destruir preconceitos que tu próprio tens e ganhaste com a tua educação, com a tua vida, com a sociedade”

Além do cinema, também faz teatro e televisão. Como é que o trabalho de ator difere nestas três áreas?

É muito diferente. Na televisão depende sempre dos projetos, porque tem um problema base: a rapidez com que se têm de fazer as coisas em geral. A televisão é, acima de tudo, sobreviver. Muito raramente se consegue em televisão fazer uma coisa que não seja entretenimento, ou seja, é raro conseguires fazer um objeto artístico para televisão, porque não há tempo. Mesmo com muito boas intenções é difícil fazer uma coisa boa. Há, obviamente, raras exceções.

A grande diferença entre o teatro e o cinema, falando exclusivamente do ponto de vista do ator, é que o teatro tem um espaço específico e uma rotina específica. Desta forma, é muito mais fácil tu limitares o espaço de trabalho e o espaço da tua vida pessoal, porque há um espaço para onde tu vais representar todas as noites e sabes que é daquela hora àquela hora, naquele palco, e o personagem existe ali.

No cinema, a adaptabilidade tem muito mais importância no ponto de vista do ator, no sentido em que muitas vezes tu lês um guião e, de repente, no próprio dia vais ter uma cena em que fazes amor com a tua mulher e nunca conheceste a atriz, nunca estiveste naquela que é a tua casa supostamente há 30 anos…

De repente, nem a atriz, nem a casa são nada do que tu imaginaste e, portanto, há uma maior adaptabilidade no cinema, no sentido em que tens de ser mais rápido a adaptar-te e a jogar constantemente com uma quase improvisação preparada sobre os elementos que te rodeiam.

No teatro está sempre tudo mais fechado, é sempre o mesmo cenário, o mesmo texto, nada vai mudar. No cinema tudo pode mudar, porque pode chover, estar sol, o texto pode não funcionar, portanto tudo pode mudar a qualquer momento.

No cinema, um ator também tem mais dificuldade em deixar o trabalho de lado, porque tens que estar sempre dentro do personagem ou pelo menos com a cabeça nesse sítio. Tens que te adaptar muito rapidamente e, por isso, é bom que não estejas muito distante daquilo que é o centro nevrálgico do teu personagem.

O que é que aprendeu com cada uma delas?

Na representação, em geral, aprende-se duas coisas: uma a ser generoso, porque de certa maneira estás sempre a partilhar a tua vida, as tuas emoções e o teu interior com as pessoas com quem trabalhas e com os colegas e, por isso, de certa maneira é uma profissão de dádiva. Estás a dizer palavras que não são tuas, a fingir emoções que não são tuas em prol de um olhar que não é o teu, que normalmente é do realizador ou encenador.

Aprende-se também a não ser preconceituoso ou, pelo menos, os atores não deviam ser preconceituosos, pois o facto de estares constantemente a obrigar-te a olhar para o mundo sobre os olhos do outro e a colocar-te no papel do outro é a melhor maneira de te tornares pouco preconceituoso, porque estás sempre a perceber que a beleza das pessoas está na sua diferença e não na sua igualdade. Com isso, acabas também por perceber que o limite entre o que é uma boa pessoa e uma má pessoa é muito subjetivo.

Se trabalhares a sério como ator, começas a destruir preconceitos que tu próprio tens e ganhaste com a tua educação, com a tua vida, com a sociedade, com tudo, e, nesse sentido, acho que isso é das coisas mais bonitas de se ser ator.

Depois a grande diferença entre o cinema e o teatro relativamente à aprendizagem é, sobretudo, no cinema perceber que, ao contrário do teatro, não é o ator que manda no tempo, ou seja, no teatro o ator está em palco e decide fazer uma pausa maior ou mais pequena e és tu que decides.

Portanto, de certa maneira, o ator é mais dono do espetáculo que está a apresentar, enquanto que no cinema bem posso fazer uma pausa de 10 ou 12 minutos, quem vai decidir o tamanho da pausa é o montador. No teatro, há sempre uma resposta imediata, ou seja, tu estás a fazer uma coisa para um público que está à tua frente e tu sentes que eles sentem, e percebes se eles estão a gostar ou não, percebe-se claramente, há uma resposta imediata.

No cinema, não temos resposta imediata, essa resposta só vem depois, porque o ator fornece material, mas não é responsável pela escolha do seu material e muitas vezes é surpreendente. Aliás, já me aconteceu ir ver um filme meu e não me reconhecer no que fiz, porque tanta coisa se alterou que aquilo não é a interpretação que eu fiz.

Onde se sente melhor como ator?

Sinto-me bem em todas as formas de arte. Melhor sobretudo em cinema e teatro, mais do que em televisão, porque, como já disse, não gosto muito da rapidez da televisão. Mas entre cinema e teatro são duas coisas tão distintas, que não tenho nenhuma favorita…

Gosto do desafio das duas e, quando estou a fazer muito cinema, vou precisar de fazer teatro e, quando estou a fazer muito teatro, preciso de ir fazer cinema. Portanto, depende das que me desafiam mais.

Neste momento, é o cinema que me está a desafiar mais e, portanto, estou com mais vontade de fazer cinema, mas isso pode mudar dentro de cinco meses. [risos]

“O cinema português é único e tem realizadores com uma visão única no Mundo e isso, infelizmente, é cada vez mais raro”

Participou em diversos projetos cinematográficos em Portugal. Qual a sua opinião em relação ao cinema do nosso País? O que ainda há para fazer/melhorar?

Acima de tudo, temos que melhorar a relação do público com o cinema português. Temos grande cineastas e é inacreditável a diversidade do nosso cinema e o quão rico o nosso cinema é, com tão poucos filmes a serem feitos.

É inacreditável o sucesso que o nosso cinema tem feito no estrangeiro, a quantidade de prémios e a quantidade de vezes que estamos em competição em festivais, quando fazemos 10 filmes por ano e estamos a “competir” com Espanha ou França que fazem cento e tal filmes por ano. Portanto, o que falha muito é ainda haver uma distância muito grande entre o cinema português e o público português e espero que isso mude. É nosso trabalho também tentar conseguir alterar isso.

Já fui algumas vezes acusado de ser contra o cinema comercial e, muito pelo contrário: eu quero que o cinema comercial seja bom e que se produza bom cinema de entretenimento português em Portugal e que tenha muito sucesso junto do público, porque isso vai trazer curiosidade às pessoas sobre o cinema português e vai fazer com que elas gostem de ir ao cinema e se sintam orgulhosas de ir ver um filme português! Isso vai acabar por trazer mais público para o cinema de autor também.

Portugal tem tido cada vez mais filmes premiados em festivais internacionais. Sente que o cinema português tem cada vez mais visibilidade em festivais mundiais de topo?

Sim, completamente. Aliás, sempre teve. Sempre houve cineastas portugueses a terem sucesso lá fora, mas nos últimos cinco ou seis anos tem surgido uma certa curiosidade sobre o cinema que se faz em Portugal e isso nota-se. Está a acontecer agora com os atores também.

Este ano sei que eu próprio e muitos colegas meus estamos a participar em projetos internacionais, portanto, começa a haver também um interesse sobre os atores portugueses a nível internacional e é um interesse merecido porque, de facto, temos feito filmes extraordinários e únicos, o que é muito difícil hoje em dia. O cinema português é único e tem realizadores com uma visão única no Mundo e isso, infelizmente, é cada vez mais raro.

Como é que seleciona os filmes em que participa? O que é que o cativa? E o que é que rejeita? Não tenho um método. Depende completamente do que sinto, do que me desafia, do realizador ou das pessoas que participam, portanto, não consigo dizer que é por causa disto ou daquilo.

Quando leio um guião e me falam da equipa e do projeto, sinto entusiasmo ou não sinto. Se não sinto, não avanço normalmente. Penso sempre se gostaria de ver isto como espetador, e depois parto do princípio que há pessoas que têm o mesmo gosto que eu. [risos]

Mas acredito que o grande desafio seja fazermos algo que nos faça sair da nossa zona de conforto…

Sim, completamente, uma coisa não implica a outra. É o que eu gostava de ver como espetador e, às vezes, são coisas que não me deixam nada à vontade e que são completamente fora da minha zona de conforto e isso é entusiasmante e desafiante também.

Recentemente integrou o elenco da nova série White Lines. Faz diferença, enquanto ator, trabalhar numa série para uma plataforma como a Netflix sabendo que o público consome a série de uma forma diferente?

Faz, até na própria maneira como as cenas são feitas. São feitas já a pensar na rapidez com que as pessoas as consomem, até a própria maneira como tudo é gerido no plateau. Eu estou habituado ao cinema de autor e o cinema de autor tem um realizador que normalmente é quem manda no projeto e ponto final. Portanto, se eu tenho uma ideia, falo com o realizador e ele diz sim ou não.

Numa coisa tão grande como um projeto da Netflix, a nível mundial, há a produção que é inglesa, o showrunner que é espanhol e a Netflix que é americana [risos] e, de repente, quando tu tens uma ideia e estás a falar com o realizador, o realizador é, tal como tu, um empregado… Portanto, apesar de, como é óbvio, ter uma voz, está a responder perante outras pessoas que têm outras ideias e tudo é mais complicado e mais burocrático, e de certa forma menos livre. Mas também isso é um desafio.

“Nunca fiz um trabalho a pensar num prémio, porque não acredito na arte como competição”

De todos os projetos em que já participou, qual é que acredita que foi o que o lançou para um patamar mais mediatizado? Ou que o levou a ter mais sucesso junto do público?

Do público português, os projetos televisivos, sempre, sobretudo os contemporâneos. Do público em geral, internacional e tudo mais, foi o São Jorge, o filme do Marco Martins, porque com o São Jorge ganhei o prémio em Veneza e isso abriu-me não só portas para estar a fazer coisas como o White Lines, mas também me abriu mais portas internacionalmente, não só pelo filme em si, mas sobretudo pelo facto de ter ganho este prémio.

Até porque quando falas com um produtor e dizes “este é um ator português muito bom que ganhou um prémio em Veneza” suscita, como é óbvio, um interesse diferente e, portanto, às vezes não tem tanto a ver com a tua interpretação ou com o filme, tem mais a ver com essa pequena coisa que faz a diferença. Mas, sim, o São Jorge é provavelmente o projeto que mais me mediatizou.

Nuno Lopes em ‘São Jorge’, de Marco Martins.

Falou no prémio de Veneza, mas já ganhou outros prémios, Considera que algum deles é um símbolo de um momento mais marcante na sua vida?

Os prémios são muito importantes, no sentido em que funcionam quase como promoção do teu trabalho.

Já ganhei muitos prémios, sim, é verdade, sou muito afortunado nesse sentido, mas nunca fiz um trabalho a pensar num prémio, porque não acredito na arte como competição. Custa-me muito, mesmo a nível internacional, que alguém diga: “Este filme é o melhor filme deste ano.” Quer dizer, é o melhor filme para essa pessoa, para mim, se calhar é outro…

Portanto é algo muito subjetivo e parece-me sempre um bocadinho erróneo pôr a arte em competição. No entanto, os prémios são importantes porque, de facto, trazem a certos filmes uma visibilidade que se calhar eles não teriam se não fosse pelo prémio, portanto, ao mesmo tempo também os acho importantes, mas normalmente não associo prémios a momentos da minha carreira, às vezes nem associo o resultado final.

As grandes memórias que tenho como ator não são dos filmes que fiz ou do resultado final dos filmes, mas sim dos ensaios, dos momentos de trabalho e dos momentos que correram bem e mal, e é mais por aí que eu avalio o meu percurso do que propriamente por prémios.

Mas, sim, em termos de marcos, tive vários marcos importantes porque foram reconhecimentos internacionais e, sobretudo o prémio em Veneza foi um momento muito tocante para mim. De repente, estás a receber um prémio de um júri que admiras, num festival onde passaram a maior parte dos cineastas que tu admiras, e é como se, de certa forma, a comunidade te aceitasse. Pelo menos, eu senti-me assim, é quase um cartão de membro [risos] e isso marcou-me. Ver que estas pessoas, que tanto admiro, me escolheram a mim para ser o recetor deste prémio este ano fez-me sentir acarinhado pela comunidade e isso é importante.

“Tenho tanto de sentido de humor, como de depressão”

O riso ou choro? O drama ou a comédia? Onde é que está o Nuno Lopes?

Ui, está nos dois! Eu tenho tanto de sentido de humor, como de depressão [risos], portanto, estou exatamente nos dois lados, acho que são duas maneiras de estar apaixonado.

No drama, tu apaixonaste pelas qualidades do teu personagem, no drama um herói é mesmo um herói e até o homem mais horrível é tão horrível que é quase bonito na sua maldade, é quase uma qualidade.

A comédia é o oposto, apaixonaste pelos defeitos. Um personagem que é bonzinho em comédia tem que ser tão bonzinho que é quase um defeito… se um ladrão lhe rouba o telemóvel, ele vai atrás para dar o número do código, e é essa a diferença: são duas paixões diferentes.

É apaixonares-te pelas qualidades e apaixonares-te pelos defeitos, mas, no fundo, estás sempre a apaixonar-te por pessoas.

       
ator cinema Nuno Lopes Teatro 2020-03-02
Jaime Lourenço
Tags ator cinema Nuno Lopes Teatro
Artigo anterior :

TUaLER: “A Ilha na Rua dos Pássaros”, ou como fugir aos nazis

Artigo seguinte :

Liliana Valente: “O que creio que falta nas redações, mais do que a memória, é tempo”

Artigos relacionados

Ângelo Torres: “Durante muito tempo, os contos foram o meu ganha-pão”

Ângelo Torres: “Durante muito tempo, os contos foram o meu ganha-pão”

José Moreira 12 Jul 2019
Catarina Gouveia: “Gosto de tudo o que me desafie e me torne mais competente e profissional”

Catarina Gouveia: “Gosto de tudo o que me desafie e me torne mais competente e profissional”

Inês Alves 27 Ago 2015
José Amado da Silva: “Não sou uma pessoa política, de fazer campanhas eleitorais. Se votarem em mim, estão tramados!”

José Amado da Silva: “Não sou uma pessoa política, de fazer campanhas eleitorais. Se votarem em mim, estão tramados!”

Vinicius Fioretti 17 Jun 2016

Veja também

Cristina Cavalinhos: “O talento só vale 10%, o resto é mesmo trabalho, suor e lágrimas”

Cristina Cavalinhos: “O talento só vale 10%, o resto é mesmo trabalho, suor e lágrimas”

Começou o seu percurso no teatro em 1982, em Setúbal. Pode-nos contar os seus primeiros passos na área da representação? Sim, foi aí que descobri

Rádio em direto

  • Popular
  • Últimos
  • Tags
  • André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”

    André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”

    Carolina Pereira Fragoso 29 Jun 2023
  • As comemorações da Revolução

    As comemorações da Revolução

    UALMedia 25 Abr 2014
  • Vinis de abril

    Vinis de abril

    João Santareno 25 Abr 2014
  • Onde estava no 25 de abril?

    Onde estava no 25 de abril?

    João Honrado 25 Abr 2014
  • 40 anos, 20 Fotos

    40 anos, 20 Fotos

    João Serralha 25 Abr 2014
  • 25 Abril

    25 Abril

    25 Abr 2014
  • André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”

    André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”

    Carolina Pereira Fragoso 29 Jun 2023
  • Comunidade cigana: as inverdades que levam à discriminação e exclusão

    Comunidade cigana: as inverdades que levam à discriminação e exclusão

    João Domingues 29 Jun 2023
  • Coronel Raúl Folques: “A guerra é a coisa mais horrível e mais desnecessária que há”

    Coronel Raúl Folques: “A guerra é a coisa mais horrível e mais desnecessária que há”

    Cheila Lafayette 28 Jun 2023
  • Docentes do DCC marcam presença na Feira do Livro de Lisboa 2023

    Docentes do DCC marcam presença na Feira do Livro de Lisboa 2023

    UALMedia 14 Jun 2023
  • Ana Curvo Dias: “Existirá sempre uma cultura de antiparlamentarismo que está contra os órgãos de soberania”

    Ana Curvo Dias: “Existirá sempre uma cultura de antiparlamentarismo que está contra os órgãos de soberania”

    Marta Almeida 30 Mai 2023
  • Ricardo Marques: um forte aliado no serviço à comunidade

    Ricardo Marques: um forte aliado no serviço à comunidade

    Lara Ferreira 30 Mai 2023
  • Rádio Autónoma podcast no ar vinil animação Entrevista joão de sousa atelier Universidade poesia pontocom disco aula ualmedia prática natal cinema cristina patrício Jornalismo psicologia companhia nacional êxitos 2000 watts futebol
  • Ficha Técnica
  • Política de Privacidade
  • Manual de redacção

Últimas noticias

André Horta: “A renovação foi uma prova de amor pelo clube e do meu compromisso com o clube”
Comunidade cigana: as inverdades que levam à discriminação e exclusão
Coronel Raúl Folques: “A guerra é a coisa mais horrível e mais desnecessária que há”
Docentes do DCC marcam presença na Feira do Livro de Lisboa 2023
Ana Curvo Dias: “Existirá sempre uma cultura de antiparlamentarismo que está contra os órgãos de soberania”
Ricardo Marques: um forte aliado no serviço à comunidade
“Literacia(s) & Cidadania(s)” marca o início da nova coleção Livros NIP-C@M
Luís Carmelo (1954-2023): um professor exemplar, um escritor criativo
Autónoma marca presença no VI Congresso Literacia, Media e Cidadania
Cristina Cavalinhos: “O talento só vale 10%, o resto é mesmo trabalho, suor e lágrimas”
DCC marca presença em Escola Doutoral em Espanha
Red Alfamed distinguida com Prémio da UNESCO
Miguel van der Kellen participa no podcast ‘Antes da Revolução – Portugal 73’
Margarida Balseiro Lopes: “As associações estudantis são uma porta para começarmos a ter uma intervenção cívica”
Rute Reis Figuinha: “Não se aceita, no sentido verdadeiro da palavra, a morte de ninguém. Aprende-se a viver com a ausência”
Autónoma recebe congresso internacional de História da Comunicação
Arons de Carvalho participa em debate sobre regulação do serviço público de media
Lx Factory: da produção de jornais à produção de experiências
Ana Bispo Ramires: “Temos de começar urgentemente a falar em promoção de saúde mental”
Neonatologia: Quem cuida dos cuidadores
Alunos de Ciências da Comunicação publicam no Artéria
Ana Borges: “O principal é nunca desistir. Devemos lutar sempre pelos nossos sonhos!”
Joana Cruz: “Antigamente a comunicação era muito mais lenta, mais longínqua das pessoas, e o digital acabou por aproximá-las”
UALCOM = Inclusão + Sustentabilidade

Últimos Podcasts

  • Vinil: Bryan Adams – Run to you
  • Bola ao centro: Início do jogo
  • Vinil: Stranglers – No More Heroes
  • Poesia: Florbela Espanca – Ser Poeta
  • Bola ao centro
© Copyright 2022, Todos os direitos reservados | Website desenvolvido por: Trace - Soluções Internet
Escola Superior de Enfermagem