Maria do Carmo Piçarra, docente do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma, falou com Luiz Felipe Florentino da Universidade Federal de Santa Catarina sobre “Censura e propaganda no cinema colonial do Estado Novo português”. A entrevista saiu no último número da ‘Esboços’.
Nesta entrevista publicada na revista ‘Esboços’, em Florianópolis, no Brasil, a docente da Autónoma reflete sobre a história do Estado Novo português, mais precisamente sobre a utilização do cinema colonial como instrumento de propaganda nacional, retratando a censura existente. Após a criação do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), tendo como diretor o intelectual António Ferro, a entrevistada revela que “houve um esforço no sentido de usar o cinema como instrumento de propaganda. Durante esse período era internacionalmente aceite e estimulada essa prática, mesmo em países democráticos”.
Ao longo da conversa Maria do Carmo Piçarra revela que, “pela negativa, o Estado Novo português usa a censura para condicionar o que pode ver-se nas salas de cinema. Pela positiva, investe primeiro na produção direta de documentários e atualidades de propaganda além de promover a produção de dois filmes de ficção de propaganda assumida do Estado Novo: ‘A Revolução de Maio’ (1938) e ‘Feitiço do império’ (1940)”.
Em jeito de conclusão, a investigadora afirma que “as pesquisas atualmente em curso em todos os países de língua portuguesa que abordam o passado colonial e as suas marcas no discurso identitário começam agora a circular e a permitir uma reavaliação crítica. O uso do cinema como fonte de pesquisa dará certamente um contributo importante para um questionamento necessário”.
Na revista ‘Esboços’ são contadas histórias em contextos globais que têm como principal objetivo contribuir para o debate em torno da História Global.
Maria do Carmo Piçarra, docente da Autónoma, ministra as unidades curriculares Comunicação Visual, na Licenciatura de Ciências da Comunicação, e Media e Mercado de Língua Portuguesa, no âmbito do Mestrado em Comunicação Aplicada.
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Biografia:
Fonte: UAL
Maria do Carmo Piçarra é doutorada, mestre e licenciada em Ciências da Comunicação pela FCSH-UNL, além de ter feito investigação pós-doutoral (2015-2018) em Ciências da Comunicação no CECS-U. Minho e no CFAC-U. Reading. Foi adjunta da presidência do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (1998-1999), fundadora e co-editora (2012-2018) da ANIKI – Revista Portuguesa da Imagem em Movimento e é crítica e programadora de cinema. Foi bolseira da FCT (doutoramento e pós-doutoramento) e do Serviço de Belas Artes da Gulbenkian sendo bolseira da Fundação Oriente em 2018-19. Leccionou no ISCTE-IUL (2012-2016) e na Escola Superior de Educação – Instituto Politécnico de Setúbal (2014). Publicou, entre outros títulos e artigos, “Azuis ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015), “Salazar vai ao cinema I e II” (2006, 2011), e coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, “o nascimento de uma nação” (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, “(Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire” (2017).