Dinâmico, empreendedor e apaixonado pela escrita, Francisco Salgueiro é um fenómeno de sucesso graças aos livros e às histórias que entram nos labirintos proibidos da adolescência e tantas vezes ignorados pelos pais. A mais recente publicação “Sexo, Drogas e Selfies” promete ser mais um êxito editorial.
Francisco Salgueiro, 46 anos, licenciou-se em Comunicação Empresarial, mas é entre os livros que se tem destacado. Com apenas 22 anos, ainda cofundou a ‘Letras Digitais’ e, mais tarde, a primeira empresa de publicists de celebridades em Portugal, a ‘Naughty Boys’, a que ainda hoje se dedica. Começou por escrever programas de televisão na SIC e artigos de opinião para revistas como a ‘Notícias Magazine’, a ‘Máxima’, a Telecabo e o jornal ‘O Independente’. A preocupação com os comportamentos de risco dos adolescentes levou-o a escrever o livro “O Fim da Inocência” que depressa se transformou em best-seller. “Homens Há Muitos” e, entre outras, a novidade editorial “Sexo, Drogas e Selfies” são algumas das obras no topo de vendas nacional. Metódico na forma de trabalhar, Francisco Salgueiro conta como a escrita apareceu na sua vida, a paixão pela fotografia e a criação.
Tirou o curso de Comunicação Empresarial. Quais os objetivos que tinha nessa fase da sua vida?
Não fazia ideia do que queria fazer nessa altura. Tirei o curso de Comunicação porque era aquilo que se aproximava mais do que achava que queria, mas não sabia o que fazer a seguir. Foi só no curso, em que éramos obrigados a realizar estágios no 3º e no 4º ano, quando fui estagiar para a TV CABO, a atual NOS, que comecei a perceber que gostava mesmo da área da comunicação. Foi também na TV CABO que me puseram a escrever para uma revista que eles estavam a editar que percebi que, se calhar, tinha algum jeito para escrever. Foi mesmo por acaso.
A paixão pela escrita foi uma descoberta?
Antes, já existia paixão pela leitura. É impossível a pessoa escrever se não ler. É fundamental sermos uma esponja e absorvemos de todos os lados aquilo que estamos a receber em termos de leitura e, portanto, sempre foi uma algo que gostaria de experimentar. Lembro-me que, em miúdo, escrevia várias coisas à mão, ia inventando, logo, era uma coisa que estava lá. Nunca tinha pensado em escrever livros. Primeiro, comecei com os artigos para a revista da TV Cabo e para um programa de vídeo jogos da SIC. Na ‘Notícias Magazine’, gostaram do tipo de textos e começaram a chamar-me. Na ‘Máxima’, leram os artigos que escrevia para a ‘Notícias Magazine’. As coisas foram, naturalmente, acontecendo. Acabei por ir parar à parte da escrita de forma muito natural.
Foi difícil conseguir publicar em Portugal?
Não. Foi através de Isabel Silva, que na altura era diretora da ‘Notícias Magazine’. Disse-lhe que tinha um manuscrito e perguntei-lhe a quem é que devia entregar aquilo porque não sabia. Ela é que me recomendou a Oficina do Livro, ainda não era Leya. Fui lá e entreguei o manuscrito. Um dia, recebo um telefonema a dizer que gostaram muito do meu livro. Fiquei muito contente só que apenas ia ser lançado no ano seguinte. Estávamos no mês de agosto e o livro ia ser lançado em março. Faltavam ainda oito meses.
Normalmente, as editoras planeiam os lançamentos a longo prazo?
Depende muito. No meu último livro, entre entregar e ir para as bancas foram apenas 15 dias. Foi assim um record enorme que estivemos a fazer. Nem todos são tão rápidos. Aconteceu porque coincidia com a Feira do Livro. Só que não sabia que ia escrever aquele livro e, de repente, escrevi num instante e entreguei-lhes. Fiquei para a Feira do Livro porque, caso contrário, o próximo período seria o Natal e, nessa altura, já estavam cheios, então sairia só no próximo ano. Nesse momento, pensei que teríamos de fazer todos os possíveis para sair na altura da Feira do Livro.
Olhando para o seu percurso, assume-se um empreendedor nato?
Acabo por ser mais um empresário do que um escritor porque a minha profissão desde os 22, 23 anos é ter empresas. Quando iniciei o programa e quando comecei a escrever, surgiu uma necessidade de ter pessoas a escreverem para mim, ou seja, não ser só eu a escrever. Redigia as partes principais. Depois, a TV CABO contratou-me para a realização de conteúdos da box interativa que tinham e não podia fazer aquilo sozinho. Comecei a ir buscar gente e, de repente, já tinha uma empresa com 15 pessoas. Essa empresa durou cerca de dez, 15 anos. Deu-se a crise e deixámos de ter clientes. Estive um ano parado e foi nesse momento que arranquei com a fotografia. Mais tarde, criei a primeira empresa de publicists com o meu sócio, em Portugal.
Basicamente, não consegue estar parado?
Não. Arranjei logo a fotografia. Tem a ver com a criação. Gosto é de criar, ou seja, criar a escrever os artigos, a escrever os livros, a tirar fotografias…Sempre a criar alguma coisa.
À procura de inspiração
Para além de escritor, é fotógrafo. Numa entrevista, afirmou que “tudo o que o rodeia é o que o inspira”. Já escreveu com base em imagens que tenha captado?
É uma boa pergunta. Não, ainda não. Costumo ir a circos tirar fotografias porque estou a fazer um documentário sobre eles. Já estou a seguir circos há quatro anos e já fui mais de 200 vezes. Perguntam-me muito por que não escrevo uma história passada no circo e, até hoje, ainda não me inspirei numa história assim. Creio que não ia ter muito sucesso em Portugal, uma vez que as pessoas associam os circos a algo muito degradado com animais. Os circos seriam o mais próximo que tinha para me inspirar para escrever com base em fotografias ou em retratos que tirei.
Contou que a ideia do livro “Praia da Saudade” surgiu cinco minutos antes de adormecer. As histórias que escreve aparecem sempre assim, em momentos inesperados?
Costuma ser. Normalmente, são o reflexo de um período que estou a ler muito. Naqueles dias em que não leio é como se estivesse meio morto em termos de criação. Leio muito e, de repente, surgem muitas ideias para escrever livros. Então, o que aconteceu no livro “Praia da Saudade” foi que, num dia, estava quase a adormecer e pensei “isto é engraçado”. Levantei-me, fui buscar uma folha A4 e tracei o esqueleto todo do livro. Sabia que se não fosse naquele momento, no dia seguinte, ia esquecer-me.
Depois, comecei a escrevê-lo. Basicamente, era apenas completar o esquema todo do livro até chegar ao fim. Esse foi talvez o livro que mais gostei de escrever e dos mais fáceis, pois tinha a estrutura toda pronta. Os outros foram mais difíceis. Tento ir sempre dois capítulos à frente do que estou a escrever. Isto é, se hoje adianto até ao capítulo quinto, até voltar a escrever, tenho que arranjar o seis e o sete para ter sempre dois à frente daquilo que estou a escrever para não chegar um dia ao computador e não saber o que fazer. Isso não pode acontecer. Tenho que ter a história na cabeça.
Então, para escrever um livro, tem de se estar sempre com o pensamento naquela história?
Sim. Por esse motivo é que escrevo muito depressa porque, para mim, a parte da escrita não é a apenas teclar. Teclar, não acrescenta muito. A parte da escrita é quando estou a criar a história na minha cabeça e, por isso, tenho de escrever muito depressa porque preciso de viver com aquelas personagens, durante o meu dia todo. É muito intenso. Tenho de pensar como eles agiriam. Ter isto muito tempo na minha cabeça, mais uma empresa é um pouco incompatível. Então, tem de ser muito rápido o processo de ter a ideia e escrevê-la.
“O Fim da Inocência” e o mais recente “Sexo, Drogas e Selfies” têm uma escrita muito direta que alerta os pais para os perigos que os adolescentes se sujeitam. Sente que já ajudou na prevenção de problemas de adolescente em famílias?
Inicialmente, o livro tinha o propósito de chegar aos pais e aos professores. Era o objetivo inicial porque interajo com pessoas mais novas e, de repente, deparei-me com uma realidade completamente diferente. Como os pais não saem à noite e não estão atentos à vida dos filhos, não sabem disto. Por isso, pensei em escrever. Primeiro, ponderei escrever um artigo para a revista “Notícias Magazine”. Depois, pensei que apenas um artigo era pouco. Deixei a história da Inês ir andando a ver onde é que pararia para escrever um livro.
A determinada altura, considerei que era um bom momento de parar a história. Parei-a e comecei a escrever o livro que era para alcançar os pais. Curiosamente, só que depois tive mais perceção por parte dos adolescentes porque se identificaram com a história. No entanto, os pais que leram – porque há muitos pais que têm medo de o ler – disseram-me que não tinham ideia que aquilo podia acontecer. Tenho dado muitas palestras em Portugal inteiro e os pais ficaram muito contentes por lhes ter alertado. Às vezes, enviam-me mensagens a dizer que têm uma filha ou um filho com certa idade e perguntam-se os miúdos já podem ler o livro porque querem que tenham noção do que é a realidade. Em função disso, sinto que já existe um cuidado maior por parte dos pais que leram e que querem que os filhos percebam que há uma realidade e que não é tão glamourosa. Quando era adolescente, falava-se da tal conversa da sexualidade que deveria ocorrer, a certa altura. Hoje em dia, os pais devem ter múltiplas conversas sobre muitos assuntos.
Não sendo já uma questão de preconceito como antigamente, será que existe agora tempo e espaço para essas conversas?
Não têm porque continuam a julgar que os filhos são como eles eram na altura. Tinham umas bebedeiras, haviam uns jovens que fumavam charros e pouco mais do que isso. Nos dias de hoje, em cada canto, vende-se droga desde a mais inócua até à mais dura possível. Os adolescentes pensam que, por exemplo, é só um comprimido e não têm a noção de que tipo de componentes é feito e onde foi fabricado. Depois, eles tomam e vão parar ao hospital.
Derrubar tabus
Nas notas de autor de “Sexo, Drogas e Selfies” afirma que os adolescentes vivem a cultura YOLO, ou seja, que só se vive uma vez e um culto do narcisismo que se trata de uma busca incessante pelos likes nas redes sociais. Será que perderam a inocência do que é ser adolescente?
Eles não perderam bem a inocência do que é ser adolescente. Penso que têm é uma visão diferente do que é ser adolescente. Para eles, a adolescência é isso mesmo: “Eu só vivo uma vez. Tenho que aproveitar ao máximo.” Tem muito a ver com a falta de acompanhamento dos pais que os leva a terem um grupo de pressão muito grande. No meu tempo, quando estava no liceu, não havia redes sociais e, portanto, o grupo de pressão era a nossa turma e pouco mais do que isso. Estamos a falar de 30 pessoas. Hoje em dia, estamos a falar de três, cinco, dez mil pessoas que exercem uma pressão enorme para sermos perfeitos.
É difícil um adolescente não sucumbir a este tipo de ofertas e não ter necessidade de mostrar que também faz parte desse universo. Esta situação acontece porque os pais não lhes disseram em casa que têm ali um porto seguro, não têm de seguir os outros e que estão ali para o que precisarem – seria o princípio para os miúdos sentirem que estão protegidos e não acharem que têm de seguir os outros e obterem dez mil likes. Os pais não têm essas conversas com os filhos. É complicado culpar os pais porque a verdade é que se uma pessoa mora no outro lado da ponte e demora, todos os dias, duas horas para sair de casa e duas a chegar, torna-se difícil ter estas conversas com os filhos. É um problema social muito mais complexo do que apenas os pais que não querem estar presentes nas vidas dos filhos.
Durante o processo de escrita, por exemplo, do “Fim da Inocência”, teve problemas em escrever tão pormenorizadamente as ações, mesmo que reais?
Não. Na altura, na editora, não me queriam publicar o livro como estava e, então, disse que não valeria a pena porque aquilo é linguagem dos adolescentes. Se não escrever desta maneira, os pais não se vão identificar com a linguagem que eles sabem que os filhos usam e se um adolescente, por acaso, for ler o livro, não se vai identificar com esta linguagem. Por isso, tem de ser da mesma forma que eles falam uns com os outros e mostrar o que fazem realmente. O livro perderia a veracidade se amenizasse muito essa parte mais de choque.
Para escrever, teve de se colocar um pouco na mente dos jovens, nomeadamente, no tipo de linguagem e descrições. Como conseguiu entrar num universo tão próprio de outra geração?
Para mim, não é muito difícil porque gosto de me rodear de pessoas mais novas do que eu e oiço muito o tipo de linguagem que vão utilizando. No livro “O Fim da Inocência 2”, falei com muitos miúdos dos 15 aos 17, para também perceber que género de linguagem é que utilizavam. Não era nada que já não soubesse. Era só para ter uma confirmação que havia alguns termos que uso que eles já não utilizam, por isso, é um misto daquilo que sei. Vou estando atento àquilo que me rodeia; é ser uma esponja, em que recolho tudo o que está à minha volta, em oposição a não envelhecer para o mundo que me rodeia.
Quando o livro “O Fim da Inocência” foi publicado, começou a receber imensos mails. Considera que a sua obra quebrou um pouco o medo que existia para abordar temas tabu?
Quebrou, nos pais, por um lado, nos professores por outro, mas, sobretudo, na comunicação social. Até ao meu livro sair, era raro publicarem um artigo sobre estes temas: o sexo, a pornografia, as drogas. De repente, começam a surgir, na comunicação social, reportagens. Cheguei a acompanhar muitos jornalistas porque, ao princípio, me pediam para ir com eles e mostrar locais onde sabia que havia coisas. Hoje em dia, já saem artigos sobre estes temas, como por exemplo há um mês, no “Público”. O título de um dos artigos era: “Pornografia que os nossos filhos andam a ver”.
Felizmente, consegui quebrar este medo porque isto existe, não é uma invenção minha. Quando dou uma palestra, digo aos pais que não há desculpa para não saberem que aquilo não existe porque, se não for através dos meus livros, será através de um jornal ou através de uma revista. É melhor saberem do que permanecerem na ignorância. Tenho alguns amigos, sobretudo, mulheres, que me dizem que leem o livro porque têm medo. É a essas pessoas que aconselho mesmo a ler o livro porque, se os filhos fizerem algo, não estão preparados. Ao ler, sabem como reagir e aconselhar os filhos.
Comportamentos de risco em idades precoces
Em 2010, mostrou-se preocupado, alertando que a geração corria sérios riscos, mas referiu mais tarde que a situação se agravou. Atualmente, que realidades mais o preocupam?
O que me preocupa é que eles começam a entrar em comportamentos de risco e a imitar os mais velhos de 15 ou 17 anos, cada vez mais novos. Começam a sair, a beber, a ver pornografia porque os mais velhos, que estão na mesma escola, vão dizendo e há sempre alguém que se dá com outro miúdo de mais idade e essas coisas vão-se sabendo e chegam aos mais novos. De repente, voltamos ao tal grupo de pressão: um já viu um filme pornográfico ou teve relações com alguém. Então, todos os outros também têm que fazer para não saírem da “matilha” onde estão inseridos. Por essa razão, a minha maior preocupação tem a ver com a diferença de idades em que as coisas estão a começar a acontecer.
O que poderá levar os adolescentes e mesmo pré-adolescentes a seguirem comportamentos de risco?
É o grupo de pressão, basicamente.
Também já afirmou que, hoje em dia, “tudo é muito descartável, não há o compromisso nem um futuro”. É a cultura “do imediato”. Que ações podem mudar ou travar os comportamentos de risco desta geração e nas próximas?
A grande questão do descartável tem a ver que, pelo menos cá em Portugal, a cada dois casamentos um acaba em divórcio. Os miúdos acabam por, em casa, verem que aquele casamento foi descartável. Não viram uma união a ser construída. Tal como o pai e a mãe se afastaram um do outro e isso influenciou os miúdos, estamos a falar em idades mais novas, em que eles ficam muito perturbados. Hoje em dia, também é essa a cultura que todos têm, que pensam que se os pais se descartaram um do outro, eles também podem. Se o casamento não dá, por que motivos se irão relacionar com a pessoa. Como imaginam que ela o irá deixar, deixam-na antes. Terminam os namoros com medo que o outro acabe. Devido às redes sociais, é muito fácil encontrarem alguém, é só quererem. É uma combinação explosiva para os miúdos acabarem por se descartarem. Os comportamentos de risco só diminuem com a presença dos pais, quando eles tiverem conversas com os seus filhos e explicarem as consequências que esses comportamentos podem ter. Em termos de medidas, devia haver, nas escolas, uma aula sobre comportamentos de risco.
Escreveu 15 livros desde infantis, infanto juvenis, romances, crónicas e também um género mais policial. Como escritor, gosta de arriscar?
Gosto, mas é difícil porque as pessoas estão à espera o mesmo estilo do escritor. É muito complicado arriscar porque sempre fui escrevendo ao sabor do que me apetecia, em determinada altura, e só recentemente, numa fase mais racional e não tão emotiva a escrever, percebi que tenho de escolher o meu público. Se escrevo um romance que atinge pessoas de 30 anos, a seguir crio um policial que atinge os 30 ou 40 e, posteriormente, um livro que vai ser lido por miúdos, de repente, é uma confusão enorme em termos de público. Esta situação pode criar uma ilusão por parte do leitor em termos de leitura. Estão sempre à espera que os surpreenda. No entanto, não de uma perspetiva positiva, mas sim negativa, na dúvida sobre “qual será o tema que ele vai escolher a seguir”. A escolha do tema é sempre complicada porque o público espera que seja do seguimento do outro. Vemos os escritores tradicionais e cada um tem estilo.
Pretende explorar mais géneros que ainda não tenha escrito?
À partida não. Hei de ficar por estes. Não sei se o próximo será na linha de “O Fim da Inocência” ou se será mais próximo de “Homens Há Muitos”, que foi o primeiro que escrevi, mas será uma dessas duas.
Há alguma personagem sua que o tenha marcado especialmente ou que se identifique mais?
A que esteja talvez mais presente seja aquela sobre a qual mais pessoas me falam, a Inês, do primeiro O Fim da Inocência. Toda a gente me pergunta o que é feito dela. Por isso, essa é a figura que mais me marca de tudo aquilo que escrevi até hoje. Não é que me identifique particularmente com ela, mas é aquele livro que mais pessoas vêm ter comigo e querem falar sobre a Inês. A nível de marcar, não há assim nenhuma que me tenha marcado de forma particular.
Que projetos tem em agenda?
Em termos de livros, não tenho nenhum projeto, o que não significa nada. Três dias antes de começar a escrever “Sexo, Drogas e Selfies”, também não tinha. Tudo acontece e é muito rápido. Nessa altura, já tenho o livro na cabeça: a história, as personagens e, depois, ou faço o tal esquema como aconteceu para “A Praia da Saudade” ou sei, mais ou menos, a história e o rumo que vai tomar. Tenho de ir à frente e não pode haver mais nada que esteja a ocupar a minha cabeça. Desligo o telefone, não vai ninguém a minha casa durante o tempo em que estou a escrever. Tenho de estar completamente livre. É a única forma de se escrever 30 páginas por dia, por exemplo.
E fora da escrita, o que planeia?
Tenho a minha empresa, a Naughty Boys, que está a correr muito bem. Portanto, não tenho muito mais tempo. Continuo a tirar fotografias aos circos, quando posso ir aos fins de semana porque também só funcionam nessa altura. Neste momento, estou a tentar fazer um livro sobre fotografias de circo. Concorro a imensos concursos internacionais, já conquistei vários prémios além-fronteiras e também já ganhei um nacional. É à volta da fotografia, da escrita e da empresa.