No primeiro episódio da rubrica “Boarding Gate”, do ano 2019, decidimos convidar Vânia Duarte, jogadora da seleção nacional de futebol feminino, jogadora do FC Zurique, de modo a dar a visão sobre a cultura futebolística e desportiva portuguesa.
Influenciada pelo seu irmão, Vânia Araújo Duarte começou a jogar futebol com 5 anos, visto que acompanhava sempre o seu irmão para os seus treinos. Ganhando o gosto pela modalidade, a jogadora com cidadania portuguesa foi crescendo e melhorando as suas capacidades, até que alcançou a tão desejada chamada para integrar o estágio da seleção nacional portuguesa de futebol. Hoje, a jogadora do FC Zurique, vê, de longe, o panorama do futebol feminino português, com o objetivo de, a curto-médio prazo, o alcançar.
Porta de embarque
Depois de jogar no clube da sua terra, e do seu irmão, o FC Wollishofen, Vânia Duarte mudou-se para um clube de maior dimensão, pelas aptidões que já nessa altura demonstrava. Em 2010, passou a representar as cores do FC Zurique, ligação essa que se mantém até ao presente. Já chamada várias vezes para estágios da seleção portuguesa de futebol feminino, tanto nos escalões de formação como na equipa principal, a jogador vive assim dimensões bastante diferentes e realidades distintas.
Cultura
Habituada ao clima de Zurique, Vânia refere que, quando chegou à seleção, o que mais a surpreendeu foi o acolhimento das jogadoras portuguesas e de toda a equipa técnica. Afirma que as ideias são diferentes das que estava habituada, “e com essas idas à seleção também me dá sempre mais vontade de vir para jogar e sentir a cultura, os costumes e o futebol português.”
Momento mais marcante
A atleta define que o momento crucial no seu processo de formação futebolístico e pessoal foi a chamada à seleção nacional. “Receber um telefonema, numa sexta-feira à noite, e avisarem-me que fui convocada para a seleção A marcou-me muito e nunca mais vou esquecer.”
Diferenças do desporto em Portugal
Com algumas dificuldades ao início, a jogadora portuguesa confirma que a adaptação ao futebol jogado pela seleção das quinas foi o mais complicado, mas admite também que se esforçou para que esse processo demorasse o menos tempo possível, para estar ao seu melhor rendimento. A jovem atleta revela que a diferença “não é muito grande”. O estilo de jogo português é diferente do que lhe foi ensinado em terras suíças, visto que “em Portugal queriam que jogássemos mais abertas e na Suíça o estilo de jogo é mais fechado. Depende do treinador e das suas ideias táticas”. Considera, igualmente, comparando os dois países, que o futebol feminino está a crescer mais em Portugal do que na Suíça, e é otimista ao admitir que o futebol feminino “vai crescer sempre mais, seja em que país for, e um dia vai chegar ao nível do futebol masculino.”
Apesar de longe, Vânia mantém-se atenta ao campeonato nacional feminino, “tenho a visão que o campeonato feminino é bastante forte, principalmente o Sporting e o Braga. Contudo, das coisas que já vi e ouvi, o Benfica vai ser outra equipa que trará ainda mais competitividade. Concorrência não falta e todas as equipas da Liga BPI são muito competitivas.
Vindo representar a seleção nacional portuguesa sempre que é chamada, a jogadora admite que tem o objetivo de “viver, sentir e jogar um campeonato com equipas e jogadoras diferentes”, e que o seu principal foco é jogar em Portugal.