Boarding Gate é uma rubrica onde destacamos desportistas portugueses espalhados pelo mundo. A convidada desta semana é Luana Serranho, basquetebolista que representa a Campbell University, EUA.
Filha de jogadores de basquetebol, Luana Serranho desde cedo se encantou com o lançamento da bola ao cesto. O seu primeiro lançamento na passada aconteceu no quintal de sua casa, com uma bola de esponja e com uma tabela de brincar. Sempre treinada e acompanhada pelo pai e mãe, a basquetebolista representou clubes como o Benfica, Carnide e GDESSA. Atualmente, com 20 anos, a base portuguesa encontra-se a estudar e jogar, em patamares bastante elevados, numa das mais conhecidas universidades da Carolina do Norte, a Campbell University.
Porta de embarque
Apercebendo-se da possibilidade de ter um futuro ligado ao basquetebol, Luana apostou ainda mais na modalidade, sem nunca descurar os estudos. No seu último ano de sub-20, recebeu uma proposta bastante apelativa e mudou-se para a Campbell University, nos Estados Unidos da América, podendo assim desenvolver as suas qualidades no basket e prosseguir com os estudos no ensino superior americano.
Cultura
O idioma foi, segundo a jogadora portuguesa, a principal dificuldade neste novo rumo de vida, uma vez que, apesar de ter inglês desde do terceiro ano, nunca o conseguiu falar fluentemente. Contudo, deixa o conselho a todos aqueles que vêem no idioma uma barreira intransponível no que ao sucesso profissional diz respeito: “Posso dizer a melhor maneira de aprender e desenvolver outra língua é vir para o seu país de origem. Desde que vim para cá, senti uma enorme evolução da língua estrangeira e já consigo falar fluentemente”.
A atleta confirma ainda que “a adaptação não foi fácil, mas sem dúvida que o que mais me custou foi afastar-me da família, especialmente porque somos uma família muito unida. Depois do período de adaptação, ainda tive alguns dias difíceis por sentir saudades de casa”.
Habituada a uma cultura completamente distinta, sobretudo no que envolve o basquetebol, Luana reconhece que viver nos Estados Unidos é um sonho tornado realidade: “É, sem dúvida, outro mundo. Sinceramente, a principal razão é o facto de aqui darem muito mais importância a este desporto do que em Portugal”.
Momento mais marcante
Dos vários momentos intensos e que mereciam destaque, evidenciou a sua estreia no basquetebol americano: “Um dos momentos que mais me marcou foi o primeiro jogo: a energia, a adrenalina que se sentia, dentro e fora de campo. Lembro-me perfeitamente do primeiro jogo que tivemos pela Big South, para disputar o campeonato, porque foi num pavilhão que, embora pequeno, esteve completamente cheio e tivemos imensas pessoas a apoiarem-nos, incluindo a banda”.
Diferenças do desporto em Portugal
No aspeto do “jogo dentro das quatro linhas”, a basquetebolista afirma que existe uma grande diferença entre obasket português e o americano: a velocidade. “Sinto que em Portugal este desporto tem tendência a ser mais rápido do que nos EUA. Por outro lado, sinto que aqui, nos EUA, trabalhamos muito mais tática individual do que em Portugal, e na minha opinião é sem dúvida um aspeto importante e fundamental para sairmos da nossa área de conforto, enfrentarmos as dificuldades e evoluirmos”, admite.
Luana descreve o ambiente num pavilhão americano, em dia de jogo, como algo único, “simplesmente indescritível”. “Não há sequer uma pessoa que não se levante para festejar cada cesto nosso”, argumenta. A mesma confessa que o povo norte-americano valoriza imenso o espetáculo desta modalidade.
Para finalizar, a jogadora assegura que vai continuar nos Estados Unidos, visto que tem mais três anos pela frente, na universidade, mas também porque está a pensar ficar a trabalhar na área da saúde (como enfermeira ou fisioterapeuta), se surgir uma boa oportunidade, em terras norte-americanas.