O Boarding Gate é uma rubrica onde entrevistamos desportistas portugueses que se encontram no estrangeiro. O convidado desta semana é José Pedro Jardim, jogador de voleibol dos austríacos do UVC Graz.
Com sangue de jogador de voleibol nas veias, José Pedro Jardim, começou a praticar a modalidade aos 13 anos, no Sport Lisboa e Benfica. Lá, jogou até aos 18 anos, tendo feito toda a sua formação no clube da luz. No primeiro ano de sénior, foi jogar para o Sporting Clube das Caldas, onde permaneceu 3 anos. Para além disso, pratica, igualmente, voleibol de praia, onde, com o seu parceiro Francisco Pombeiro, já conquistou diversos títulos nacionais e excelentes resultados internacionais. Este ano, no indoor, decidiu aventurar-se pelo estrangeiro, onde atualmente, com 22 anos, representa os austríacos do UVC Graz.
Porta de Embarque
Abandonou o voleibol português por opção, visto que “sempre tive o desejo de jogar voleibol no estrangeiro e quanto mais cedo o conseguisse fazer, melhor”. Descobrir o voleibol fora de Portugal e ter novas experiências profissionais foram as grandes razões que levaram à sua saída de Portugal, “surgiu essa oportunidade e não hesitei em dizer que sim”.
Cultura
Apesar de Portugal e Áustria serem ambos países europeus, confessa que “existem algumas diferenças culturais”. Diz igualmente que “a Áustria é um país mais civilizado do que Portugal”. Apesar de tudo isso, revela que a grande diferença foi ao nível da gastronomia, e não esconde que “uma das coisas que sinto mais saudades é da comida portuguesa”. O jovem atleta português refere que a adaptação à equipa foi bastante fácil, fruto não só da ida de outro jogador português para a sua equipa (Tiago Pereira), mas também da facilidade de comunicação com os restantes membros, “é um grupo muito jovem em que sabem falar todos inglês, o que torna as coisas mais fáceis”. Adianta ainda que o seu treinador foi imprescindível em todo o processo, “o treinador já jogou no Benfica e sabe comunicar muito bem em inglês, por isso as coisas foram sempre muito tranquilas desde o início”.
Momento mais marcante
O momento que mais recorda desta, até então, breve passagem em terras austríacas foi a sua estreia numa competição europeia. O mesmo relembra este momento com bastante alegria, sobretudo devido ao desfecho do jogo, “ganhámos em casa 3-0 na primeira mão contra uma equipa da Hungria e na segunda mão perdemos 3-1 fora, e por isso tivemos que disputar um set até aos 15 pontos para ver quem passava a eliminatória. Ganhámos esse set 15-11 e assim conseguimos passar para a próxima eliminatória.”
Diferenças do desporto em Portugal
Conhecendo o jogo propriamente dito, dos dois países, analisa a maior qualidade técnica que existe nos pavilhões portugueses, comparativamente à maior dimensão física, nas terras austríacas. No que toca às condições dos pavilhões, refere que “aqui, na Áustria, as condições são superiores do que em Portugal, principalmente na estrutura à volta dos clubes.” Reflete ainda sobre um tópico bastante pertinente nos dias que correm, a tecnologia como inimiga do desporto, que prejudica o desenvolvimento de várias modalidades: “os jovens em Portugal já não têm tanto interesse no desporto como antigamente, principalmente devido às novas tecnologias, porque começam desde cedo a entreter-se com os telemóveis e outros aparelhos e não querem fazer desporto
Voltar a Portugal não é um desejo para os próximos tempos, pretendendo continuar a sua carreira no estrangeiro. Para terminar, deixa uma mensagem bastante crítica à comunidade desportiva portuguesa, “em Portugal não dão o devido valor aos jogadores”.