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-Início»Entrevistas»Ana Filipa Nunes: “O meu objetivo diário é entregar aos telespectadores as melhores histórias da forma mais correta”
Carolina Steffensen (UALMedia) e Ana Filipa Nunes.

Ana Filipa Nunes: “O meu objetivo diário é entregar aos telespectadores as melhores histórias da forma mais correta”

Carolina Steffensen 23 Nov 2020 Entrevistas, Entrevistas

Em criança queria ser bailarina ou jornalista, mas foi o jornalismo que ganhou o seu coração.  Há 15 anos, começou a sua carreira de jornalista, na TVI, mas a paixão pelas reportagens e entrevistas continua. Acompanhou momentos que marcaram a história do País e, certamente, a sua história. Foi, diversas vezes, enviada especial a outros países. Atualmente, é jornalista na SIC e diariamente acompanha histórias de vida e episódios que marcam a atualidade no programa ‘Casa Feliz’.

Em 2005, entra para a TVI como estagiária, mas já tinha estado em contacto com a área [comunicação e jornalismo]. No Secundário, participou no jornal da escola, e na Califórnia, onde terminou o 12º ano, teve imensas experiências ligadas ao jornalismo. Sente que foram essas oportunidades que definiram um bocadinho o seu futuro enquanto profissional? 

Acho que sim! Com 6 anos, descobri que queria ser jornalista e depois tudo começou a surgir de forma muito natural. Participei no jornal da escola, o “Intrometido”, logo no 7º ano, depois no Clube de Rádio. De certa forma, estes projetos levavam-me a ver as notícias todos os dias para organizar os conteúdos. No 12º ano, tive a possibilidade de ir para os Estado Unidos sozinha. Foi aí que aprendi a editar peças, a utilizar câmaras digitais, a filmar e tive a possibilidade de fazer apresentações de programas. Nesse momento, percebi que era aquele caminho que queria seguir, era aquilo que gostava de fazer e fazia todo o sentido continuar.

Em adolescente foi várias vezes para escolas de Verão em Inglaterra e, com 17 anos, foi viver para a Califórnia. Essa capacidade de desafio e de aventura, continua presente na sua vida?

Todos os dias (risos). Quem faz, como eu, cobertura de jornalismo mais criminal, o risco está sempre associado. Em jovem arrisquei, e tenho que fazer um agradecimento aos meus pais. Se o meu avô já arriscava, o meu pai e a minha mãe sempre o fizeram. Viveram em Moçambique e, à semelhança de muitos portugueses, também regressaram em condições complicadas. Construíram a sua vida e criaram, quer em mim quer na minha irmã, condições que nos permitiram depois seguir as nossas vidas, tendo sempre por base a educação e a liberdade para escolhermos o que queremos fazer. Quero agradecer-lhes essa possibilidade. Com 12 anos, fui para o Reino Unido com a minha melhor amiga, para a casa de uma senhora inglesa que tinha uma Lady Dog (risos). Saí do ninho muito jovem e fui para um ambiente que não dominava, que é o que atualmente faço quase todos os dias. No caso atual, vou à procura de respostas, naquela altura era de sobrevivência. Aprendes a lidar com o improviso, a conseguires determinadas coisas sem ser a mamã e o papá, e isso é muito importante depois para a vida futura.

A Ana trabalha há muitos anos num meio com visibilidade, mas, pelo que vi no Instagram, não expõe muito a vida pessoal. Foi algo pensado, estabelecer um limite entre a vida pessoal e a vida profissional?

Por vezes, é difícil conseguirmos desligar, porque esta profissão é uma profissão de intensidade. Quando estamos a acompanhar um caso de investigação que está a decorrer, em que temos um prazo limite, as coisas têm que acontecer numa sequência muito rápida. Isto porque temos todos os outros canais no mesmo plateau e porque o público quer respostas, e nós estamos à procura dessas respostas. Recordo-me do caso da pequena Valentina, do caso da Covid, em que fui para os hospitais. Não posso pôr uma reportagem destas 10 ou 20 dias depois. Isso exige um esforço muito intenso da equipa, são muitas horas de trabalho. No caso da Valentina, foram mais de 50 horas. E, depois, o desligar não é imediato. Quando estás neste ritmo, não chegas a casa e desligas.

Numa entrevista dada à Selfie, confessou que, por vezes, é difícil desligar da profissão. Também contou um episódio em que estava de férias, na praia, mas quando viu que estava a acontecer um incêndio perto da zona onde estava, entrou em direto. Hoje já é mais fácil desligar da profissão ou sente que é uma profissão que a consome psicologicamente?

Não sei se é com o propósito de desligar. Hoje, as redes sociais permitem que, de alguma forma, consigas partilhar o teu lado mais social e pessoal. Acho que podemos partilhar coisas pessoais, mas há coisas da minha intimidade que gosto de deixar para mim e para os meus (risos). Não é por desrespeito para com o público, porque quando posso, partilho. Muitas vezes, acho que é pelas pessoas com quem estou. Hoje, as pessoas não vivem o momento e estão mais preocupados com as redes socias. Por vezes, lembro-me de uma amiga minha que é muito ligada às redes sociais. Ela diz que devia colocar mais coisas e eu vou pondo (risos).

Em Fevereiro de 2019, anunciou a saída da TVI. Foi uma oportunidade que surgiu e que era irrecusável ou considera que, após 14 numa estação de televisão, era necessária uma mudança?

As duas coisas. Foi na TVI que cresci, onde me tornei jornalista profissional. Tenho muitos amigos da TVI, mas achei que a proposta da Cristina, na altura, era uma proposta de um projeto completamente inovador, que veio dinamizar a televisão e, de alguma forma, era irreverente e completamente diferente da forma como trabalhávamos num programa da manhã. Foram feitas reportagens que nem sempre eram vistas num programa da manhã, e o meu trabalho veio contribuir nesse sentido. Este programa ajudou-nos a perceber um outro lado da televisão. Foi, para mim, um input de mais conhecimento. E depois, trabalhar com a Cristina, que é uma líder nata, uma profissional de mão cheia e exigente, naturalmente.

Na TVI, foi pivô e autora de grandes reportagens como, por exemplo, “Amores Reais”, em 2018. Agora, na SIC, assume um papel diferente, no daytime. Sente falta de apresentar um espaço de informação e do trabalho de grande reportagem?

Por vezes, sim (risos). Gostei desse registo. Na SIC, acabo por fazer outro género de investigação. É nas reportagens mais longas onde me sinto mais à vontade. Acho que – e foi também um dos motivos que me fez mudar – a televisão está a mudar, a forma como comunicamos e como podemos construir a televisão também está a mudar. Um dos exemplos é o que estamos a ver através da Netflix, na minha análise. Onde estou, tenho alguma liberdade de fazer investigação, mais criminal, mas não deixa de ser investigação. A vida faz-se construído e nunca se sabe o dia de amanhã.

Os espaços de crime nos programas da manhã estão cada vez mais presentes. Considera importante, num programa de daytime, serem explorados esse tipo de notícias?

Acho que é um nicho que capta muito a atenção das pessoas, muita curiosidade. Aliás, não é só nos programas da manhã, mas também nos próprios jornais. Tu podes retratar todos os temas, desde que tenha rigor. O público reconhece o teu trabalho, seja em que área for, independentemente das histórias mais complicadas. Tem a ver com a forma como as ‘estórias’ são apresentadas e não só com a história. No meu caso, é o que tento fazer, independentemente da história em si, tento ter todos os elementos possíveis para credibilizar a notícia. Relativamente ao espaço, temos programas de notícias, da manhã, da tarde, há espaço para todas as notícias. Na análise criminal, muitas das vezes, damos espaços a outros temas, já cheguei a fazer reportagens, por exemplo, sobre a Covid. Mesmo nessa parte do programa, na altura em que era necessário alertar as pessoas, fizemos várias abordagens relativamente à forma como as pessoas se deviam comportar e alertar para o que estava a acontecer. Independentemente da questão policial, podem-se abordar vários temas, sem ser só o sangue, o terror e o horror. O que tento fazer com o meu trabalho é trazer o máximo de factos para apurar, trazer uma melhor análise e um público mais informado.

No Instagram, escreveu a seguinte legenda: “Quando chegamos ao terreno e encontramos outra versão.” Sente que ao longo dos anos foi adquirindo a capacidade de perceber qual é a versão correta da história?

Ui (risos). Esse é nosso trabalho. É tentar encontrar a versão correta das histórias e da nossa investigação. Sou muito direta com as pessoas que me abordam. Quando são casos mais elaborados trabalho com papéis e com factos. Ou me são transmitidos os papéis que sustentam a narrativa dessas pessoas ou nem sequer entro nesse processo. Uma coisa é sustentar aquilo que estão a dizer. Há um conjunto de passos que têm que se ter em consideração para encontrarmos a versão mais objetiva da história, a correta cabe aos tribunais. Não me cabe a mim fazer julgamentos, cabe-me encontrar os factos, apresentá-los e escrutiná-los ao máximo.

Recordo-me de ter acompanhado, por exemplo, o caso Valentina. Alguma vez desconfiou que a primeira versão da história não seria a verdadeira?

Logo no próprio dia. Aliás, soubemos desta história numa quinta-feira à noite. Depois da Cristina me enviar uma mensagem, liguei imediatamente para as autoridades locais. Aquilo que sabíamos era o desaparecimento de uma criança. Quando ligo para a GNR, eles dizem que não me podiam dar respostas e que teria que falar com o posto acima. Quando me encaminharam para a GNR distrital, achei logo que havia alguma coisa que não estava a bater certo. No post a anunciar o desaparecimento havia um número de telefone, supostamente de um tio. Liguei para o tio, pedi desculpa por estar a ligar às 23:00 horas, mas de facto queríamos ajudar e, do outro lado, a voz foi de pânico. Aos gritos, diz “eu não posso falar, eu não posso falar”, e desliga-me o telefone na cara. Podia ser, efetivamente, uma situação de pânico, em que estas pessoas não estivessem envolvidas, ou podia ser o que depois percebemos.  O que achei, na altura, é que havia qualquer coisa, porque o que nos diz a experiência é que quando um órgão como a SIC, um programa com grande visibilidade, entra em contacto com alguém que tem uma criança desaparecida, a família tenta “abraçar essa ajuda”. Quando fui para o terreno já ia com essa sensação. Na sexta de manhã, quando chego ao terreno vejo não uma casa, mas todo um quarteirão isolado pela GNR, com equipas especiais, e não tive mesmo dúvidas. Independentemente disso, uma coisa é o que achei, outra foi aquilo que transmiti. Não posso só achar, tenho que ter factos e interpretar as coisas. Por isso, nessa altura, o ponto que investiguei foi o “porquê” de ela ter desaparecido antes, porque essa resposta ia-me levar à resposta que, depois, todos ficámos a saber. E foi isso que tentei perceber quando cheguei ao terreno, o que tinha acontecido naquela noite e o porquê de ela ter desaparecido antes. E ainda há questões a perceber sobre isso…

Se tivesse que escolher os três momentos mais marcantes da sua carreira quais seriam?

Tanto na TVI como na SIC, tenho momentos que me marcaram muito enquanto profissional. A Valentina é, de facto, um deles, a Covid também. Há uma história que ainda hoje me recordo, mas tinha muitas outras que, em termos pessoais, me marcaram mais. Mas esta, enquanto nação, foi na altura da crise, sentimos todos. Foi uma altura em que muita gente se virou contra nós, jornalistas, e aquilo que explicava era que, independentemente da crise e dos problemas que os estão a afetar, também nós estamos a ser afetados. Todos os dias reportávamos manifestações, despedimentos, foi muito duro estar no terreno. Lembro-me de um momento em que houve uma manifestação, do Saldanha até à Praça de Espanha, em frente ao FMI. Estive em vários pontos da manifestação, mas um ponto que me marcou particularmente foi em frente ao FMI. O ambiente estava a ficar cada vez mais tenso, mas há um momento em que uma mulher dá um cravo a um polícia. A certa altura estava com o microfone na mão, as pessoas começam a cantar o hino de Portugal, estava a fazer perguntas e não me consegui controlar. Também somos humanos e caíram-me lágrimas umas atrás das outras. Tenho esse som gravado e é impressionante. Uniu-nos como pessoas, éramos todos um, e a minha função era reportar. Fi-lo, mas foi duro.

A história da Natascha Kampusch ainda está na memória de muitas pessoas. Calculo que tenha sido uma entrevista desafiante, não só por ter sido noutra língua, mas também por ser um tema tão delicado. Como é que foi essa preparação?

Provavelmente foi a primeira grande reportagem que fiz e, se calhar, a que me levou para outro patamar enquanto jornalista. Foi na TVI, na altura com a direção do Júlio Magalhães e do José Carlos Castro, com quem gostei muito de trabalhar. Chamaram-me ao gabinete e perguntaram “falas alemão?” e disse que falava. Vivi na Áustria durante uns tempos e na Alemanha naquela Escola de Verão. Perguntaram-me se conseguia entrevistar a Natascha Kampusch, e disse logo que sim (risos). Se não conseguisse, preparava-me na mesma. Estudei tudo, tentei ver todas as entrevistas, e depois assustei-me porque ela só diz “sim” ou “não”. Só pensava, para mim, como é que vou fazer uma reportagem alargada com uma pessoa que me diz sim e não. Fiz um levantamento de imagens para perceber o que precisávamos, uma vez que só tínhamos três dias lá. Li o livro dela e percebi, de imediato, que havia uma parte do livro a que ela não iria responder, mas tinha que fazer essas perguntas. Cada vez que tenho uma vítima à minha frente, tento sempre meter-me do outro lado. Sei que há determinadas perguntas que as fazem reviver o que aconteceu. Portanto, tenho que ter esse respeito e, ao ter esse respeito, tenho que perceber o meu limite na forma como faço as perguntas. A Natascha é muito apreensiva e vi logo que ia ser difícil. Nas primeiras duas horas, só tirámos imagens e não falei de nada sobre o que queria abordar na entrevista. Quando chegou o momento da entrevista, disse-lhe: “tenho quase a tua idade, tenho que te fazer perguntas e algumas perguntas sei que são difíceis. Se quiseres responder, respondes”. A certa altura, quando lhe fazia perguntas que não queria responder, ela revirava os olhos e dizia que a isso não respondia. Mas acho que consegui uma excelente entrevista.

Sempre foi muito ativa e o gosto pelo exercício mantêm-se. Como é a Ana fora dos ecrãs?

É uma pessoa que gosta de correr, gosta de fazer kickboxing, adora viajar e conhecer outras culturas. Sou naturalmente bem disposta, os meus amigos até costumam brincar e dizem que nos ecrãs fico sempre muito séria (risos). Acima de tudo, gosto muito de estar com os meus amigos, adoro conhecer outras formas de estar, gosto de andar de bicicleta, de coisas simples. Gosto de observar o que, muitas vezes, passa despercebido.

Já foi elogiada inúmeras vezes pelo seu profissionalismo, com uma carreira marcada pelo sucesso. O que é que ainda quer conquistar?

Muito obrigada, as palavras são tuas (risos). A única coisa que, em termos de objetivos, tive na minha vida profissional foi ser jornalista. Consegui, e agora confio. O meu objetivo diário é entregar aos telespectadores as melhores histórias da forma mais correta, dentro do tempo e das possibilidades que tenho. Nós temos que construir o caminho. Sou ambiciosa até porque tenho um trabalho exigente. As coisas vão surgindo, gosto desta área onde estou hoje em dia, mas também gosto de arriscar.


Nota editorial

A presente entrevista era, inicialmente, para estar integrada no projeto de entrevistas “À Conversa”. Devido a dificuldades técnicas, optámos por publicar a entrevista em texto.

    
Jornalismo 2020-11-23
Jaime Lourenço
Tags Jornalismo
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