Clube da minha terra é uma rubrica onde desvendamos os segredos e as particularidades de vários clubes locais. Esta semana, fomos conhecer um local de formação de jovens atletas, no distrito da Guarda, fundado no ano de 2008 – o Seia Futebol Clube.
Criado em 2008, o Seia Futebol Clube é um clube recente, que tem como principal objetivo a formação de atletas e Homens, com a prática do futebol.
Coordenador do futebol de formação do Seia Futebol Clube, César Fernando destaca a importância que o clube tem tido na formação integral dos seus atletas a nível social, académico e desportivo. No seu entender, valores como “superação, dignidade, resiliência e partilha” têm que ser transmitidos aos jovens como exemplo a seguir. Revela ainda que a nível pedagógico tenta-se passar uma mensagem que se baseia no respeito e na honestidade, porém o clube é muitas vezes acusado de falta de ambição competitiva, “porque em momento algum permitimos colocar os resultados competitivos à frente dos valores que trabalhamos.”
No que toca à relação entre o clube e a sua localização geográfica, região Centro, César afirma que o principal obstáculo surge derivado à falta de apoios, tal não acontece com outras equipas do litoral. “A falta de um clube de referência ao nível do futebol profissional condiciona em determinada idade (a partir dos 16) o sonho dos mesmos jovens em ser jogadores profissionais de futebol.” Relativamente às dificuldades que surgem quando um clube de formação sobe aos campeonatos profissionais, o coordenador e treinador do Seia realça o facto de cada escalão reter os atletas num período de dois anos sendo que “as equipas são campeãs com atletas de segundo ano nesse escalão, pelo que no ano seguinte esses atletas sobem para esse escalão e não são esses que irão disputar o campeonato nacional.”
Abordando agora de um modo mais generalizado a formação em Portugal, o técnico realça a importância da Federação Portuguesa de Futebol, que tem apoiado os clubes “a traçar um caminho europeu para a formação dos seus atletas”. “O maior erro é queimar etapas de formação aos atletas em prol de resultados imediatos”, acrescenta César.
O “homem forte” do Seia Futebol Clube mostra-nos indicadores de alguma frustração relativamente à incapacidade do clube de dar continuidade da prática do futebol quando atingem o escalão júnior, apesar do “excelente estádio municipal com relva natural e com grandes instalações, que permite uma utilização maior, para que mais atletas possam treinar e jogar”. O clube tem-se deparado com dificuldades logísticas que o impede de crescer em termos quantitativos, não tendo “capacidade para continuar a dar oportunidade da prática do futebol quando atingem escalões avançados”.
Por último, aborda-se o futebol feminino, que tem evoluído a olhos vistos em Portugal. “Relativamente ao futebol feminino, não é possível responder taxativamente mais fácil ou mais difícil aprendizagem por parte dos jovens jogadores. Temos que perceber que são processos diferentes e respeitam as diferenças de género, não podemos equiparar coisas distintas. Tive e tenho a felicidade de trabalhar com ambos os géneros e a única certeza que posso transmitir é que o prazer do jogo e da aprendizagem é a mesma”, comentário que nos permite comprovar a forte aposta do clube neste setor em pleno crescimento, desenvolvendo processos técnicos e táticos de modo preparar as jogadoras para a competição.