A Revolução dos Cravos foi um Golpe de Estado em Portugal que colocou um ponto final ao regime ditatorial em vigência desde 1933, sistema no qual António de Oliveira Salazar foi a figura central. Após a sua morte, foi elegido Marcello Caetano como Presidente do Conselho de Ministros.
No seio das Forças Armadas nasceu o Movimento dos Capitães em 1973. Devido ao descontentamento da guerra colonial e da inflação que se debatia sobre o país deu-se o golpe das Caldas da Rainha. Fracassou, mas foi o suficiente para demonstrar o descontentamento dos militares. O Movimento dos Capitães transformou-se no Movimento das Forças Armadas (MFA), o qual pretendia derrubar o regime, democratizar o país e pôr um ponto final na guerra colonial. Para a chamada “Operação Fim-Regime”, o MFA encarregou o general Otelo Saraiva de Carvalho de comandar um movimento golpista no Quartel da Pontinha.
Na madrugada de 25 de Abril de 1974, militares do MFA saíram dos quartéis e ocuparam os estúdios da Rádio Alfabeta dos Emissores Associados de Lisboa. Foi lançada a música “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho, que havia ganho o Festival da Canção desse ano. Algumas horas mais tarde, no programa “Limite” da Rádio Renascença, foi transmitida uma canção de que a ditadura “não gostava”: “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso. Era o sinal para as tropas avançarem.
A Rádio Clube Português por ter sido ocupada por militares e transformada no posto de comando do «Movimento das Forças Armadas» ficou conhecida como a “Emissora da Liberdade”. Através da rádio, declararam estar em plena revolução. Assim sendo, dissuadiram as pessoas de saírem de casa, de forma a não existirem incidentes.
Além da rádio, os militares ocuparam locais importantes da cidade, como a televisão, o aeroporto, os ministérios no Terreiro do Paço e o Quartel-General do Carmo, onde estava refugiado Marcello Caetano. Este saiu sob escolta militar do capitão Salgueiro Maia (capitão “sem-medo”). Posteriormente, rende-se ao general António Spínola e é levado para o exílio.
Apesar de Lisboa ter sido o grande centro revolucionário, a operação militar abrangeu todo o continente, as regiões autónomas dos Açores e da Madeira e ainda os territórios coloniais.
O MFA derrubou a ditadura do Estado Novo e encadeou várias estratégias, de modo a estabelecer um regime democrático em Portugal. Entregou o poder a uma Junta de Salvação Nacional, que ficou encarregue de desmantelar as estruturas do Estado Novo. Destitui os órgãos do poder: Américo Thomaz, Presidente da República; Marcello Caetano, Presidente do Conselho de Ministros e a Assembleia Nacional. Extinguiu a censura, a Ação Nacional Popular, a Direção Geral de Segurança (DGS), a Legião e a Mocidade Portuguesas. Libertou os presos das prisões de Caxias e Peniche e os exilados políticos regressaram ao país. Concedeu a formação de associações políticas e de partidos. Garantiu a liberdade sindical e as organizações políticas, até então consideradas ilegais, foram autorizadas (PCP e PS).
As inúmeras acções libertadoras executadas pelas forças do MFA dignificaram os Capitães de Abril e todos os militares participantes, assim como o povo que os apoiou incondicionalmente. Por esse motivo, vários locais da cidade de Lisboa acabaram por ficar ligados ao 25 de Abril, à Liberdade e ao nascimento da democracia portuguesa.