O SL Benfica deslocou-se ao terreno do SC Marítimo e somou mais uma derrota, desta vez por duas bolas a zero. Na conferência de imprensa pós jogo, Luís Filipe Vieira informou os jornalistas que Bruno Lage colocou o seu lugar à disposição.
Os encarnados entravam para este jogo com várias baixas de peso: Gabriel e Ruben por suspensão, Adel Taarabt por lesão. Os insulares entravam com necessidade de pontuar, de modo a aumentar a sua vantagem perante a linha de água.
Quem entrou melhor no jogo foi o campeão em título. Com Samaris e Weigl no meio campo e Chiquinho atrás do ponta de lança, a equipa de Bruno Lage apresentou muito boas dinâmicas e conseguiu criar muito perigo através de dois remates de Vinícius e Chiquinho, ambos isolados, falhando dois golos certos no frente a frente com Amir. Os encarnados estavam muito bem no encontro: posse de bola com intensidade, poucos toques para chegar à área contrária, bom equilíbrio defensivo (o Marítimo não contou com nenhuma oportunidade de golo na primeira parte), procura de Chiquinho entrelinhas (onde o médio português tem grande influência). Apesar disto, a equipa mostrou-se com pouca confiança e um desequilíbrio psicológico, o que se refletiu na falta de eficácia. O Marítimo, inexistente ofensivamente, mostrou algumas dificuldades defensivas, recorrendo muito à falta, aproveitando o critério largo de Hélder Malheiro. O jogo foi para o intervalo com as equipas a nulo.
O segundo tempo começou semelhante ao primeiro. O Benfica continuou por cima e a ameaçar o primeiro golo. Depois de cerca de 13 minutos com muita intensidade e uma pressão muito alta, Bruno Lage voltou a mexer (muito) mal na equipa: Seferovic por Vinícius e Rafa por Samaris. Esta segunda substituição, e consequente descida de Chiquinho para a posição 8, partiu completamente a equipa. Ficou sem soluções ofensivas, a usar e abusar dos cruzamentos de Nuno Tavares para apenas um ponta de lança na grande área, e com um grande buraco no meio campo defensivo. A equipa ressentiu, claramente, estas duas trocas. Se a equipa já estava a morrer, morreu de vez aos 73 minutos: Zivkovic por Pizzi, Dyego Sousa por Cervi. Estas duas substituições, juntando às primeiras duas, criaram uma desordem total na equipa do Benfica.
Sem surpresas, um minuto depois, os insulares abrem o marcador. Passividade de Ferro e Zivkovic ao deixarem Nanu entrar na área e, com muita qualidade, o lateral guineense coloca a bola no segundo poste para Correa, que só teve de encostar. A equipa encarnada não conseguiu reagir e voltou a ver Nanu a oferecer o segundo golo a Rodrigo Pinho. Jogada bastante semelhante à primeira, mais uma vez com uma passividade total de Ferro. Como aconteceu em Portimão, contra o Santa Clara, e agora na Madeira, Bruno Lage mostrou uma incompetência total ao não saber como equilibrar a equipa. Com esta derrota, e posterior vitória do FC Porto em Paços de Ferreira, o Benfica vê a hipótese de revalidar o título a escapar.
No dia 7 de março de 2020, depois de empate em Setúbal, Bruno Lage (por outras palavras) prometeu sair quando passar a ser parte do problema. E foi isso que fez. Colocou o seu lugar à disposição depois do jogo e o clube da Luz já confirmou à CMVM estar a negociar a rescisão com o treinador português. Um percurso que podia ter sido quase perfeito, transformou-se num autêntico pesadelo. Quem se seguirá no comando técnico do Benfica?
CS Marítimo:
Amir (4) – Fez várias defesas de golo que mantiveram o empate durante o jogo. Efetua outra grande defesa a cabeceamento de Dyego Sousa, com o resultado já em 2-0.
Nanu (4) – Melhor em campo do Marítimo. Em duas jogadas semelhantes, oferece dois golos, depois de passar por vários jogadores adversários.
Zainadine (4) – Esteve exímio defensivamente, perdendo apenas um duelo e efetuando nove desarmes.
Kerkez (3) – Teve muitas dificuldades em neutralizar Vinícius, mas à medida que o jog foi avançando, ganhou confiança e subiu na partida.
Fabio China (2) – Esteve bastante faltoso e com muitas dificuldades em parar as combinações entre Pizzi e André Almeida.
Renê Santos (3) – Coube a Renê neutralizar as desmarcações entrelinhas de Chiquinho, onde teve mais dificuldade. Ainda assim, ganhou muitos duelos.
Pelágio (3) – Correu bastante e foi o pulmão do meio campo insular. Bastante faltoso.
Vukovic (3) – Defensivamente, fez um jogo positivo, tendo algumas dificuldades com a bola no pé.
Edgar Costa (2) – Foi inexistente na partida até à sua saída aos 70 minutos.
Correa (3) – Perdeu várias vezes a posse de bola e raramente se mostrou, muito devido à falta de capacidade da equipa de criar perigo. Só teve de encostar para o primeiro golo do jogo.
Rodrigo Pinho (3) – Mostrou qualidade com a bola no pé, apesar de estar muito desaparecido do jogo. Como Correa, só teve de encostar no segundo golo, depois de mais uma assistência de Nanu.
SL Benfica:
Vlachodimos (3) – Pouco trabalho teve. Sem hipóteses nos dois golos sofridos.
André Almeida (2) – Falhou vários passes, estragou vários ataques potencialmente perigosos e, no primeiro golo do Marítimo, deixou Correa escapar, descendo o campo quase a passo.
Jardel (3) – Bom jogo do central. Esteve bem defensivamente, sem comprometer uma vez.
Ferro (2) – Mais uma vez, com culpa no “cartório”. Foi ultrapassado por Nanu da mesma forma nos dois golos. Não se compreende…
Nuno Tavares (2) – Jogo bastante infeliz para o jovem lateral. Não acertou quase nenhum cruzamento que tentou e, no segundo golo, é muito passivo em controlar Joel Tagueu, que acaba por começar a jogada do golo.
Weigl (4) – Mais uma vez, o melhor em campo do lado do Benfica. Acertou todos os passes nos 86 que tentou. Repito, 86 passes certos em 86 tentados. É obra. Está vários níveis acima do resto da equipa.
Samaris (3) – Fez um bom jogo, foi fenomenal na recuperação da posse de bola. Ainda assim, falhou vários passes longos.
Pizzi (2) – Sempre muito passivo, muito “encolhido” e sem brio. Tem de dar mais.
Cervi (2) – Sempre muito esforçado, mas também sempre com pouca qualidade. Jota seria uma opção muito mais viável.
Chiquinho (4) – Transformou a forma de jogar da equipa, dando uma linha de passe constante entrelinhas, mais intensidade e qualidade no último terço. Apesar do que ofereceu, falhou um golo frente a Amir. Tem de ser opção, sempre.
Vinícius (3) – Falhou um golo isolado a passe de Chiquinho, tendo sempre dificuldades na definição. Correu bastante, mas acabou por ser um jogo infeliz.
Seferovic (2) – Entrou para falhar um golo (quase) certo de cabeça, raspando apenas nas “orelhas” da bola. Não acrescentou nada ao jogo.