“Projetar a Ordem. Cinema do Povo e Propaganda Salazarista 1935-1954” é o título da mais recente obra de Maria do Carmo Piçarra, docente do Departamento de Ciências da Comunicação (DCC) da Universidade Autónoma. O livro é lançado no dia 30 de Setembro, na Cinemateca Portuguesa.
“Projetar a Ordem: Cinema do Povo e Propaganda Salazarista 1935-1954” aborda o cinema ambulante do Secretariado Nacional de Propaganda que percorreu o país entre as décadas de 1930 e 1950. Esta iniciativa passava por combater o comunismo e promover o corporativismo e o Estado Novo ao projetar, no país rural, a imagem idealizada pela ditadura.
Como pode ler-se na contracapa do volume, “como na Alemanha nazi, camiões deslocavam-se às aldeias recônditas, sem eletricidade, onde raramente ou nunca se tinha visto uma projeção de cinema. Ao ar livre, mostravam propaganda cinematográfica a milhares de camponeses e operários. «A Revolução de Maio» foi a longa-metragem de redenção privilegiada. Explicada por Legionários, dirigentes da União Nacional, padres ou responsáveis pelas Casas do Povo, projetou, no país rural e analfabeto, a imagem do Estado Novo concebido por António Ferro”.
A obra tem lançamento marcado para o próximo dia 30 de setembro na Livraria Linha de Sombra, na Cinemateca Portuguesa, pelas 19:00 horas. A apresentação estará a cargo dos professores Paulo Cunha, da Universidade da Beira Interior, e Francisco Cádima, da Universidade Nova de Lisboa. Após o lançamento, seguir-se-á uma reconstituição de uma sessão de Cinema do Povo, com a projeção dos filmes “Manifestação a Salazar pela Paz Portuguesa” e “Aniki Bóbó”, apresentada por Maria do Carmo Piçarra.
A docente é também autora de obras como “Salazar Vai ao Cinema” (dois volumes, 2006 e 2011), “O Cinema Ideal e a Casa da Imprensa: 110 anos de cinema” (2014), ou “Azuis Ultramarinos. Propaganda e censura no cinema do Estado Novo” (2015), editora de “A Coleção Colonial da Cinemateca. Campo, contracampo, fora-de-campo” (2018) e coeditora de vários volumes acerca de cinema e independência, em particular em Angola.
Na Universidade Autónoma, Maria do Carmo Piçarra é responsável pelas unidades curriculares Media e Mercado de Língua Portuguesa, no Mestrado em Comunicação Aplicada, e Representações Sociais e Contexto Colonial e Neo-Colonial, no Doutoramento em Media e Sociedade no Contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.