Bom dia, boa tarde e boa noite, caros leitores. Pelos vistos, a namorada de Portugal pegou no seu telemóvel, entrou no Instagram e está a 2 milímetros de tocar no ícone das mensagens privadas. É oficial: entrámos em estado de emergência.
Isto significa que estamos limitados, relativamente ao que podemos ou não fazer nesta altura de pandemia. Segundo o Governo, os cidadãos apenas poderão sair de casa para comprar bens e aceder a serviços essenciais. Aqui, está incluído a malta de Santarém ir à ‘Kikas’; trabalhar, caso não o possam fazer de casa, que é o caso das meninas da ‘Kikas’; deslocações de curta duração para passeios dos animais de companhia, caso a menina da ‘Kikas’ more em vossa casa.
Há serviços que vão encerrar, como serviços públicos de atendimento presencial, restaurantes, cafés, casas de fado, discotecas, bares, galerias de arte, museus, jardins zoológicos, parques de diversões, parques recreativos para crianças, quaisquer locais destinados a práticas desportivas, cinemas, teatros, praças, pavilhões de congressos, salas de concertos, campos de futebol, etc. Que pena… Estava mesmo a apetecer-me, numa altura em que há um vírus mortal à solta, ir a um museu ver história de arte. À tarde, visitar um jardim zoológico só para gozar com a cara do rinoceronte porque lhe puseram os cornos e tirar uma foto com os joanetes da girafa. Jantar numa casa de fados e ouvir uma pessoa com uma alma velha e degradada igual à idade de D. Afonso Henriques, se ainda fosse vivo hoje. E, no final do dia, ver 22 macacos a correr em relva atrás de um objeto redondo a que muitos chamam bola.
Como em tudo há proibições: celebrações de cariz religioso e de outros cultos que impliquem aglomerados de pessoas, ou seja, é proibido celebrar coisas inventadas por amigos imaginários com barba até aos pés e que estão de quarentena 2020 anos, porque andam de roupão 24 sobre 24 horas. Já sentiam falta do roast habitual à religião? Eu, sim. Sabe tão bem fazer piadas com coisas que sabemos que são falsas. De momento, está a morrer um católico por cada um de vocês que se riu. Vejam lá, não cometam pecados.
Além disto tudo, foi determinado ainda o isolamento obrigatório, em casa, de todos os cidadãos, sob pena de crime de desobediência. Ou seja, se estiverem dois minutos na rua, sentados num banco de jardim a contemplar o nada, vão para a uma cela, para junto de um assassino em série, de um traficante de droga e/ou de um pedófilo, criam um grupo de improviso, fazem espectáculos para os prisioneiros, é-vos descontado tempo por bom comportamento e depois vem o Martin Scorsese e tornam-se protagonistas de um filme, ganham um Óscar e morrem num acidente de carro contra um tractor agrícola. Fim. Créditos. Cena pós-créditos estilo Marvel: a mão de um de vocês mexe-se e abre expectativas para um segundo filme, que não se irá realizar porque não houve lucro no primeiro.
Acaba, assim, um texto da minha autoria, com crítica e piada, simples e complicado, parvo e sério. É tudo do País e do Mundo, boa noite e bom fim de semana. Ah bolas, tive agora uma miragem… eu, Rodrigo Guedes de Carvalho, Deus da quarentena.