Bom dia, boa tarde e boa noite, caros leitores. Sejam bem-vindos à última crónica do ano, porque eu também tenho direito a férias, apesar de não ter compaixão por ninguém e ser um safado no ramo caprino. Não tenho uma cabritinha como o Quim, mas tenho uma “ó velha”, senhora que me limpa a parte de baixo dos sapatos.
Novamente sem sentido algum, hoje vou falar sobre o Natal. É uma festa religiosa que celebra o nascimento de Jesus, não o que ganhou a Copa Libertadores, mas sim aquele que supostamente é um ser todo-poderoso, mas que nasceu rodeado de uma vaca e de um burro. Mas, para mim, o que é o Natal?
Para mim, o Natal são trocas de prendas que ninguém quer comprar porque anda tudo pobre, mas para os mais novos até é fixe porque recebem dinheiro para abastecer para o ano seguinte. As prendas provêm da tradição dos três Reis Magos oferecerem ouro, incenso e mirra… se fosse hoje, ofereciam um iPhone, um LCD e uma capa para o bebé não partir o iPhone.
O amigo secreto é a pior coisa que existe, primeiro porque nos calha sempre em sorte uma pessoa de quem não gostamos e, segundo, porque temos que lhe oferecer uma prenda horrível, mas que deve parecer a melhor coisa do mundo, nem que sejam descontos para o Burguer King.
As prendas de Natal vêm sempre com um bónus: uma pilha de lixo dos embrulhos que ninguém quer ir pôr à reciclagem. E mais: fazem ainda com que as crianças da família se tornem ansiosas e tenham que levar uma chapada no focinho para se acalmarem, porque só se abrem as prendas à meia-noite. Prendas ou presentes? Eis a questão.
Para mim, o Natal são músicas chatas e aborrecidas que já todos sabem de cor, e que já só apetece partir o rádio. É verdade ou não que já toda a gente sabe que tudo o que a Mariah Carey quer para o natal és tu?
Para mim, o Natal são os quilogramas de comida que enchem o bandulho a um tio que vem de Matosinhos e que já não come desde o século XV. É também a eterna discussão se bolo-rei ou bolo-rainha… pessoalmente, prefiro bolo-rainha, mas só porque o feminismo agora está na moda. Há sempre aquela básica tradição de comer bacalhau. No meu caso, eu como as espinhas e dou o bacalhau ao cão. Não esquecer as rabanadas e os sonhos que só servem para deixar as mãos gordurosas para, de seguida, limpar à toalha que só sai da gaveta de ano a ano.
Para mim, o Natal é o Pai Natal sentado no centro comercial durante o mês de dezembro e, depois, na noite de dia 24 decide aparecer lá por casa, enquanto o meu pai vai ali à cozinha e já vem.
Para mim, o Natal são tradições de família, tais como pendurar peúgas na chaminé que não tenho – por isso, ainda hoje penso como é que o velho gordo de vermelho entrou lá em casa se não tenho chaminé –, uma árvore de Natal toda depilada e a cair de podre por cima de um presépio onde “supostamente” nasceu uma criança de uma mãe virgem. Ah, falta ainda a famosa Missa do Galo, onde uma cambada se junta para comer frango assado com e sem picante acompanhado de batata frita do pacote e ketchup por cima.
O Natal, para mim, é isto tudo. No geral é família, amigos e partilha. Alguns partilham estórias, outros partilham experiências, mas se forem como o meu vizinho de baixo… até partilham a mulher.
Bom Natal, caros leitores!