Bom dia, boa tarde e boa noite, caros leitores. Começo já por pedir as minhas sinceras desculpas por vos estar a falhar há já três semanas consecutivas sem nenhum texto irrelevante a nível internacional, com um conteúdo nada de mais. Agradeçam aos meus caros profissionais de ensino por me darem a mesma quantidade de trabalhos que casos de COVID-19 na Macedónia.
Depois de escrever um parágrafo para apenas dizer “olé” mas com “a”, escrevo outro só para vos chamar a atenção da minha eficácia inabalável na mítica e esbelta arte do enchimento de “xôriços”. Escrevo o nome deste enchido assim porque me apetece e porque achei que ficava melhor, pois, tal como agora, estava apenas a encher esse famoso enchido. Enchido que só é chamado de enchido por se encher.
Dois parágrafos se passaram. Algumas pessoas, simplesmente, desistiram de ler esta crónica super híper mega bem escrita por um jovem que não tem mais nada para fazer na vida sem ser tocar em pedaços de plástico de um computador, que convertem um impulso analógico para um sinal digital e que, posteriormente, criam estas linhas meio estranhas a que chamamos de letras e palavras. Grande frase que acabei de formar. Espero que tenham tido tempo para respirar, caso contrário, os meus pêsames.
A arte que pretendo masterizar é a de encher enchidos ao ponto em que o enchido está cheio de ser enchido e aquele que come o enchido está cheio de ver o enchido a ser enchido com pequenos pedaços que compõem um enchido. Cheios de enchido?
Carne, gordura, temperos e, às vezes, sangue. Tripas finas atadas em intervalos de 30 centímetros, pendurados individualmente. É a descrição de um enchido ou de um pénis relativamente grande?
Salsicha, salpicão, salame, morcela, mortadela (ou dele), paio, farinheira, maranho, linguiça, butelo, cachoeira, botifarra, alheira e chouriço. Sou apenas eu, novamente, a encher enchidos, mas, literalmente, com enchidos cheios, porque vazios não eram enchidos, logo são enchidos não vazios que estão cheios. Tal como a paciência de alguns de vocês. Pensem assim: uma pessoa com obesidade mórbida está mais cheia que vocês, logo, aguentem, porque – como dizia o meu tio em terceiro grau cujo nome próprio é o dele -, o que não mata… enche. Ou engorda? Já não sei.
Encher chouriços significa falar ou fazer algo apenas com o propósito de preencher um período de espera. Verdade. Por isso é que todas as vezes que estou à espera do autocarro tiro uma tripa da mala e uma seringa. Já se tornou quase numa tradição, as pessoas à volta vão segurando o chouriço e a cada 30 centímetros atamos. De seguida, entramos para o veículo público onde os penduramos individualmente, para tentarmos combater o cheiro a falta de desodorizante, a urina de cão e a velha (quase) morta.
Significa, também, escrever ou falar de forma enfadonha e demorada sem abordar diretamente o tema esperado. Mentira. Eu sou muito claro: quero encher enchidos. Se isto não é abordar o tema, não sei o que é.
Resumidamente, gosto de enchidos, de os encher e de os comer, mas principalmente de os decorar com advérbios de modo, adjetivos e um bocadinho de salsa. Para acabar, quero dizer que se esta crónica fosse um enchido seria uma alheira. Ninguém sabe quando comer uma, é criada por um cristão que não é cristão e cozinhada em lume brando para não queimar ninguém.