Vítor Nobre morreu, hoje, aos 77 anos. Marcou gerações de alunos da licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma de Lisboa. Para a maioria deles Vítor Nobre seria aquele professor a que ninguém fica indiferente, mas para muitos tornar-se-ia também um amigo.
Ingressou nos quadros da Emissora Nacional em 1970, como locutor, mas já tinha começado antes o gosto pela rádio em S. Tomé e Príncipe. Nunca o perdeu. Na rádio pública trabalhou em diversos departamentos, na locução de continuidade, no desporto, na informação, foi dos primeiros locutores/redatores. Como ele próprio dizia, já tinha feito tudo na rádio menos as transmissões do 13 de maio, mas ou ouvintes da Antena 2 lembrar-se-ão mais da voz dos programas da manhã. Ao longo de 12 anos realizou e apresentou os programas “Allegro Vivace” e “Despertar dos Músicos”.
Deu formação de rádio no Centro de Formação da RDP e no CENJOR. Entrou para Universidade Autónoma de Lisboa em 1993. Aqui foi professor, na licenciatura em Ciências da Comunicação, nas cadeiras de rádio “Produção e Realização Radiofónica”, Atelier Rádio (produção e realização) e Atelier Rádio I. Os nomes das unidades curriculares que foram mudando, tal como a rádio, ao longo do tempo.
Passava hora a fio nos estúdios de rádio da universidade. Trazia os alunos para a paixão deste meio. Muitos deles leriam poesia pela primeira em voz alta, perderiam o medo ao microfone, outros ganhariam a sério esta paixão, tornar-se-iam eles também profissionais do meio, camaradas de profissão.
A Rádio Autónoma nasceu desta paixão, dentro e fora das horas letivas. Foi ele que trouxe para o meio o grupo de fundadores desta rádio, foi ele que nos ajudou a dar os primeiros passos. Somos-lhe muito gratos. Mas mais que a gratidão por ter sido nosso mestre, há o imenso apreço por ter sido um amigo.