Escrito e realizado por Quentin Tarantino, “Sacanas Sem Lei” apresenta-nos um rumo alternativo ao da 2ª Guerra Mundial, com um toque fantasioso de vingança de judeus contra nazis. Com cerca de 130 prémios conquistados, segundo dados do Imdb, esta é uma das melhores obras do realizador.
Numa França sob ocupação alemã, uma jovem francesa judia chamada Shosanna (Mélanie Laurent), que consegue sobreviver à execução da sua familia ordenada do astucioso coronel Hans Landa (Christoph Waltz) – reputado como “o caçador de judeus” –, vai para Paris onde consegue forjar uma nova identidade e gerir um cinema. Enquanto isso, liderados pelo tenente Aldo Raine (Brad Pitt), um grupo de soldados judeus maioritariamente americanos e um desertor alemão – conhecidos como “os sacanas” – espalham a sua crueldade para com os nazis, à medida que os capturam. Estes, devido ao modo impiedoso como lidam com os inimigos, recebem ordens dos seus superiores acerca de um plano final de assassinato aos membros principais do Terceiro Reich, plano este que irá ligar-se a outro plano de vingança delineado por Shosanna.
Tarantino mostra-nos mais uma vez porque é um dos melhores realizadores da sua geração. Este fantosioso rumo da guerra é realizado com maestria, sempre com momentos bem trabalhados aliados a personagens interessantes.
É de ressaltar a atuação de Christoph Waltz (que, inclusive, lhe valeu o Óscar de Melhor Ator Secundário), que conseguiu dar o sublime toque à melhor personagem alguma vez criada por Tarantino, o coronel nazi Hans Landa. A introdução à personagem é deveras magnífica e muito elucidativa da sua personalidade.
Hans Landa, à partida, poderia ser uma desprezível personagem. Na verdade, não obstante a sua crueldade, é astucioso, o que em certa medida desperta o interesse do espectador por esta sua qualidade. Sendo sempre mais esperto do que os outros, resulta em momentos tensos ou cómicos.
E é aqui que a combinação do trabalho de Tarantino e Waltz atinge o seu forte. A composição das cenas que estão na origem destes momentos é muito inteligente e excepcionalmente bem conseguida.
As restantes personangens também estão bem conseguidas, desde o cruel tenente Aldo Raine e o seu bando de soldados, à vingativa Shosanna. Brad Pitt e, especialmente, Mélanie Laurent conseguem trabalhar bem nos seus papéis.
Com um grande elenco, o filme ainda conta com a presença de Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, Eli Roth… todos eles com personagens também interessantes e fundamentais para o bom desenvolvimento da obra.
O multilinguismo resultante desta aposta em atores internacionais é um elemento fulcral do filme. Este factor é muito bem explorado, tanto nos momentos tensos, como em momentos cómicos.
O filme, na sua essência, é muito interessante, particularmente para quem gosta de assistir ao estilo diferenciador do realizador. A visão de Tarantino apoiada num estilo violento (mas cómico) fá-lo criar obras que, simultaneamente, conseguem entreter e ser muito boas cinematograficamente. Com uma sólida construção de personagens e dialógos escritos pelo próprio, Tarantino é sem sombra de dúvidas um dos maiores cineastas da sua geração.
“Sacanas Sem Lei” é, assim, uma obra completa, muito bem trabalhada em todas as suas componentes. É, indubitavelmente, uma das melhores obras deste grande cineasta, paralelamente com “Pulp Fiction”.
Veja o trailer do filme ‘Sacanas Sem Lei (2009)’