O Boarding Gate é uma rubrica onde entrevistamos desportistas portugueses que se encontram no estrangeiro. A convidada desta semana é Catarina Pinheiro, jogadora de futsal da Lázio, de Itália.
Influenciada pelo irmão a seguir o mundo do futebol, Catarina Pinheiro entrou em contacto com o futsal quando tinha 11 anos, ingressando numa equipa da sua cidade. Após passar por vários clubes, consequência das suas escolhas pessoais e profissionais, tais como a Associação Desportiva Flaviense, a Restauradores Avitenses ou a Diogo Cão, surgiu o convite da Novasemente, transferindo-se para Espinho. Tendo acabado a sua formação académica, rumou a Itália (duas épocas no Thienese e uma época no Nápoles). Sempre seguindo a sua tão importante e prestigiante carreira académica, voltou a Portugal para representar o Sporting Clube de Portugal, aproveitando para finalizar o seu projeto de Mestrado no IMM. Hoje, com 29 anos, voltou às terras transalpinas, representado esta época a Lázio.
Porta de embarque
Depois de ter percorrido vários pavilhões nacionais e tendo um gosto enorme por novas aventuras, a antiga atleta do Sporting afirma que a sua mudança para Itália foi “apenas e exclusivamente pela experiência”. O campeonato italiano é sempre competitivo e apelativo e isso motivou-a, novamente, a rumar a Itália.
Cultura
Apesar de Itália e Portugal terem as suas parecenças e serem países ocidentais, existiram, no seu entender, alguns contrastes e dificuldades. “O maior é a alimentação, pois é diferente”. Apesar disso, a atleta revela que a sua adaptação foi bastante rápida e saudável, tendo apenas encontrado alguns entraves, “no início encontrei poucas pessoas que falavam inglês, e isso dificultou um pouco, mas aprendi bastante rápido a língua italiana”. Diz ainda que se habitou rapidamente ao estilo de vida italiano, que “não é muito diferente do nosso”.
Momento mais marcante
A jogadora portuguesa assinala um momento inesquecível e bastante comovente. “No meu primeiro ano, treinei uma equipa de meninos com deficiências, e eles entravam muitas vezes connosco em campo. O momento que mais me marcou foi quando os pais deles nos disseram que quando sabiam que entravam connosco em campo, não conseguiam dormir no dia anterior”, revela.
Diferenças do desporto em Portugal
A profissionalização da modalidade e, consequentemente, das equipas é um factor que difere do que se passa em Portugal. Para além disso, afirma que existe um maior investimento, mediatismo e divulgação da modalidade, e é que a faz a crescer. No que toca aos aspectos mais táticos, a qualidade em Itália é grande “porque a quantidade de jogadoras estrangeiras é enorme”. “A competitividade e o número de equipas a jogar no campeonato nacional é outro dos pontos que marcam a diferença”, revela. Tem uma visão pessimista, no que ao futsal feminino em Portugal diz respeito, visto que a profissionalização das equipas “é uma realidade que, em Portugal, será muito difícil, senão impossível, na minha opinião”.
Contudo, elogia a qualidade do nosso futsal e o esforço que se tem feito na divulgação e promoção do futsal feminino: “em termos de qualidade, penso que estamos a um nível muito alto (comprovado com os resultados da seleção nacional); em termos de competitividade estamos a crescer (…) nos últimos anos têm-se feito um grande trabalho no que toca em divulgação e promoção do futsal feminino”.
Ao abordarmos o regresso a Portugal, mostra-se indecisa, “é a pergunta mais difícil”. “Encontro-me bem aqui, no entanto está sempre presente a hipótese de voltar a Portugal, depende sempre de vários fatores, mas com qualquer uma das hipóteses, fico contente a 100%”, confessa a atleta.