Teve lugar no dia 21 de junho a segunda sessão do Aleph, Clube de Leitura da Escola das Artes da Autónoma. A homofobia e discriminação foram os temas em debate.
São 17 horas quando Mariana Rebocho, aluna do segundo ano de Ciências de Comunicação, abre a porta do Auditório 1, da Universidade Autónoma de Lisboa. Atrás dela vem Filipe Bica, o convidado da sessão. Pouco a pouco, os lugares vão-se preenchendo com alunos, professores e curiosos que têm algo em comum: a paixão pelos livros e pela leitura.
Filipe Bica, convidado por Mariana, é também ele criador de conteúdos digitais, autor da página somos_o_que_lemos. Um leitor compulsivo que confessa ter lido “96 livros” só no último ano . Nesta sessão — a primeira teve lugar a 24 de maio — foi convidado a partilhar a sua visão sobre como a homofobia e a discriminação estão presentes na literatura, em particular nos livros Amor e Outras Mentiras, de Andreia Ramos, e Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid.
Alguns dos excertos lidos parecem mostrar “uma necessidade de rotular as pessoas” relativamente à sua orientação sexual. Discutiu-se o papel que os escritores podem ter no combate à normalização da diversidade, evitando precisamente estes rótulos simplistas. Filipe abordou também a recente tendência pelas leituras em inglês, porventura impulsionados pelas redes sociais. “Estarão os jovens a ler mais ou a fingir que leem mais?”, questionou.
Um clube aberto a todos, sejam ou não leitores habituais
Inspirado pela obra de Jorge Luís Borges, Aleph simboliza o ponto de convergência de todas as leituras e experiências, como um “objeto mágico”. Um nome escolhido por Alexandra Martins, responsável “apenas” pela parte burocrática do clube — criado e apoiado no âmbito da Rede de Clubes de Leitura no Ensino Superior promovido pelo Plano Nacional de Leitura 2027. “O objetivo é que sejam os alunos a dinamizar”, avança a professora.
O papel de dinamizadora cabe a Mariana Rebocho que tem uma grande paixão pela literatura e decidiu juntar duas das atividades que mais gosta: comunicar e ler. Garante que, ao contrário do que muitos jovens pensam, a leitura é tudo menos “secante”. A estudante garante existirem “muitos temas interessantes que se conseguem tirar da literatura e que podem e devem ser discutidos”. Além do Aleph, tem dois projetos pessoais, a página just_another_reader e o podcast Escrito por Linhas Tortas.
Sobre a importância e o impacto que o Clube de Leitura pode ter na vida dos estudantes é que parece não restar dúvidas. Todos acreditam tratar-se de uma boa forma de convívio que cultiva o prazer da leitura. Mesmo com um número reduzido de participantes, o espírito de camaradagem e paixão pela leitura são evidentes.
Não se pense, contudo, que o clube apenas recebe de braços abertos os leitores compulsivos. Não é necessário ser um leitor assíduo para frequentar este clube, nem sequer ter lido os livros a debate. Todas as sessões são realizadas de forma o mais inclusiva possível e com o máximo de informação sobre as obras (sem spoilers), dando assim possibilidade a que os participantes possam acompanhar a discussão. E, quem sabe, mais cedo ou mais tarde, acabar por ler os livros.
A terceira sessão ainda não tem data marcada, mas já está decidido qual o livro em debate: A Gorda, de Isabela Figueiredo.