Algo que me tem deixado bastante intrigado e, simultaneamente, revoltado é a falta de confiança dos jovens nas suas criações, sejam estas literárias, artísticas ou de outra natureza.
O que acontece? Estou num espaço comum, a ouvir alguém a pronunciar um texto e, no final do mesmo, o autor que o declama termina a dizer: “ah, não gostei do que escrevi, prefiro algo mais básico”. Porque é que isto me revolta, perguntam vocês, leitores lindos que me acompanham. Isto é um pedaço do espelho partido que a nossa geração tem tentado reconstruir, porque claramente nem todos somos assim tão inseguros.
Sei que a falta de confiança é real, até já “sofri” da mesma, mas mesmo assim não dizia frases sequer semelhantes à que está acima referida. Há que batalhar este entrave e deitar cá para fora os nossos sentimentos, vivências e demonstrações para não sermos pessoas que se limitam a dizer: “ah, isto que escrevi está totalmente descabido”.
Outra coisa que me irrita na apresentação de textos – sim, é este o tema – é a frase inicial de muitos. Não do texto em si, mas da pessoa antes de o ler. O normal é dizerem “ah, não acho que o que escrevi faça qualquer sentido” ou “ah, ainda não está acabado, mas posso ler”. Isto só tem duas interpretações, ou não tem realmente sentido. Para já, se isso não vai fazer sentido é melhor não dizer nada ou estão a usar a velha tática de parecer que não sabem como se escreve, para o professor pensar que – caso saia da vossa boca algo espetacular – o fizeram sem pensar e que não precisam de pensar muito para fazer algo de jeito. Já usei essa tática. Parem com isso.
Agora, depois disto tudo, vocês dizem e bem “ah, mas isso não fez sentido nenhum” ao que respondo que o que não faz sentido é meterem sempre um “ah” no início de cada frase!