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-Início»Opinião»Crónicas»Crónicas»A fisionomia desaparecida

A fisionomia desaparecida

Luís Carmelo 07 Jun 2021 Crónicas, Crónicas

Ele anda muito devagar enquanto enrola o cigarro. Nas águas desenham-se aqui e ali círculos turvos e objectos perdidos – cruzetas, sacos, jornais e até uma luva com os dedos abertos -, embora o olhar persiga a folhagem dos amieiros de fruto negro que ladeiam a rua.

De repente, parte desse homem como que se dilui no papel que acolhe as onças do tabaco e uma outra parte mergulha nos frutos esféricos do amieiro. Foi como se bipartisse a desatenção e, não obstante, o corpo continua a andar, indiferente, mecânico, incólume a tudo, mas com a consciência de que a vida foi sempre a correr. Uma maratona demasiado tépida.

Parar subitamente e rever-se dentro da mortalha – estranho nome, esse – e do sabor acre dos frutos que se assemelham a pequenas pinhas ovóides tornou-se num verdadeiro desafio. Foi quando se virou de costas para o canal e viu a mulher.

No outro lado do passeio, ela empurra o carro do bebé e guarda do homem uma imagem meramente periférica. Não o encara sequer. Cada um no seu flanco da rua e apenas o chiar das pequenas rodas suspende a presença do asfalto ainda molhado.

A mulher caminha ao jeito de uma máquina de traço ocasional com pequenas mãos de bailarina. Como se ela fosse o duplo da música que lhe dá o ritmo certo à proporção das pernas e ao andar.

De um momento para o outro, ela mergulha na sensação de que ouve flautas ao longe. Uma espécie de anunciação num adro vazio onde o tempo, a pouco e pouco, poderia recomeçar a partir do zero. Foi quando se virou de costas para as janelas e para as tijoleiras da fachada e viu o homem.

Ele era incapaz de polir os seus sentimentos imóveis, vivia da rigidez que reavia da tristeza, mas o olhar, aquele olhar da mulher que avançava desenvolto de tanta solidão, definiu-lhe por dentro uma cratera que não ainda conhecia. A mulher tentou-o como nunca antes havia acontecido.

A mulher empurrava o mundo inteiro e, no entanto, o carro do bebé estava vazio. Para ela, este caminho diário era uma floresta proibida, quase fechada, e, apesar disso, o olhar do homem como que o lavrou em profundidade, ao ponto de ter pressentido que era ele quem a impelia em movimento. Foi deste modo que se sentiu tentada como antes nunca tinha acontecido.

Voltaram a olhar-se. O tempo. O homem e a mulher observam-se. Ainda o tempo.
Com dimensões diferentes as mãos do homem e da mulher são rigorosamente iguais, todas em forma de bandeira com os dedos juntos e sem flexão. O perfil e a forma do nariz dão a ver cópias quase precisas. Os olhares traçam em simetria uma brancura prestes a ser preenchida e repetem essa intenção inicial do mesmo modo no homem e na mulher.

Ela abre-se num estuário magnífico ao pau que o homem transforma em pedra. A afluência, para trás e para a frente ou levemente circular, permite ao infinito o seu sumo de possibilidades.

Ela pronuncia em voz baixa que os ombros são aquela parte que nos frutos se alarga das sépalas até à polpa. Ele responde que a bacia é o tratado que o corpo assina com a imagem secreta de um equador. Riem os dois. Ela volta a dizer que a cintura resolve em forma de golfo todas as peças da intimidade. Como se essa reentrância ditasse um ou outro verso em sânscrito. Ele abriu muito os olhos e ela imitou-o com a firmeza de uma flauta.

O homem e a mulher são iguais, nada os separa. A mesma ondulação nos braços, a mesma forma do queixo, a mesma fisionomia a arquear o fim do dia.

Ela abre as pernas ao jeito de um compasso, levanta-as no ar e junta a sola das sandálias ao tecto onde está colado um planisfério cheio de cores. Ele está dentro dela e ela está com o corpo todo a atravessar os trópicos, depois o Ártico, depois ainda o abismo que se perde na densidade dos oceanos.

O tempo naufraga e ele volta a fumar enquanto a mulher puxa o carro de bebé para junto da cama, dentro do qual permanecem os objectos que ela recolheu: cruzetas, sacos, jornais e a luva azulada com os dedos agora fechados em forma de bandeira.

O homem e a mulher encostam os lábios e trocam os frutos do amieiro. São viscosos e alternam a cor escura do castanho com o rosa-violáceo. O homem e a mulher são iguais, serão irmãos certamente.

É a partir deles os dois que vai nascer a memória daquela parcela de uma rua que não pertence a nenhuma cidade, a nenhum planisfério, a nenhum dia. A realidade é uma fisionomia sempre desaparecida.

Este texto foi publicado no jornal “Hoje Macau” e é aqui reproduzido com a devida autorização do seu autor.
    
2021-06-07
Ana Cabeças
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