Vencedor de 238 prémios, segundo dados do Imdb, “Mad Max: Estrada da Fúria” é um australiano filme de ação, realizado e co-escrito por George Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris.
Num futuro pós-apocalíptico, a humanidade sucumbe às leis da sobrevivência lutando por recursos valiosos como água e gasolina. Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um implacável tirano com o seu exército de rapazes de guerra, mantém sob controlo sobreviventes do apocalipse numa fortaleza chamada Cidadela. Quando uma das suas mais fiéis guerreiras, Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), o trai ao escapar com cinco das suas parideiras em busca de um futuro melhor isto desencadeia uma longa perseguição na tentativa de recuperá-las. Com a aliança de Max (Tom Hardy), um ex-polícia atormentado pelo passado, e à condução da armada “Máquina de Guerra”, este bando atravessará o deserto na tentativa de chegar ao tão desejado “Lugar Verde”, mas tal viagem será atribulada, pois Immortan e os seu bando de aliados não a facilitarão.
Apesar de ter uma história simples, “Mad Max: Estrada da Fúria” é uma grande experiência a assistir, muito por conta daquilo que é o conceito do filme. Longas perseguições, grandes sequências coreográficas de ação… é uma narrativa essencialmente visual e com poucos diálogos. É um filme que foge ao processo habitual de produção cinematográfica e faz uso de storyboards para contar a história. E é por isso que, nos aspectos técnicos, o filme se destaca, desde a maravilhosa fotografia à combinação sonora que é muito bem trabalhada e dá pulsação às eletrizantes sequências de ação. Outro aspecto fundamental no filme é a criação das enormes máquinas, os potentíssimos V8 e a caracterização visual das personagens que ilustram aquilo em que o mundo se tornou. É um grande trabalho técnico que não passou despercebido na altura das premiações.
Já no elenco, floresce aquilo que à partida seria a personagem secundária: Furiosa. Charlize Theron conseguiu que a sua personagem fosse uma autêntica “badass”… à semelhança de outras grandes personagens femininas do Cinema, como Sarah Connor e Beatrix Kiddo. Um traço comum nestas personagens é que, apesar de serem fortes e corajosas, não são invencíveis e como verdadeiros humanos também têm emoções. E Charlize conseguiu mostrar muito bem esta dualidade na sua personagem.
Tom Hardy quase relegado para segundo plano, embora não surpreenda também não desilude na sua personagem Max. Hugh Keays-Byrne, no incrível Immortan Joe, consegue encarnar bem a vilania da sua personagem. Talvez a personagem mais interessante seja Nux (Nicholas Hoult), que ao início demonstrava grande adoração ao culto de Immortan, mas que em determinado momento se alia a Furiosa e a Max. Engraçado desde o início por esta sua patética adoração, cria-se depois uma certa empatia por esta personagem, que se mostra confusa e num estado terminal. Gosta-se da personagem nos dois momentos e isso é bem escrito.
“Mad Max: Estrada da Fúria” é, assim, uma agradável experiência cinematográfica… uma experiência que se assemelha à sensação de se estar a ver algo grandioso como foi o caso de “2001: Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. George Miller criou uma autêntica obra eletrizante do início ao fim, e que se pode considerar uma quebra no conceito de ‘filme de ação’. Há o género ‘ação’ e, por cima disso, “Mad Max: Estrada da Fúria”. Em suma, estamos perante um filme que se tornará um verdadeiro clássico.