A “revolução” no onze inicial de Portugal era algo já expectável. Com o apuramento garantido para os oitavos de final, esta seria a melhor oportunidade para dar minutos aos jogadores menos utilizados. Aquilo que ninguém esperaria era que a seleção portuguesa protagonizasse uma exibição embaraçosa.
90 segundos bastaram para que Portugal sofresse o primeiro golo do jogo, distração de António Silva a fazer um passe diretamente para o adversário, contra-ataque da Geórgia e golo da estrela Kvaratskhelia. A partir deste momento, Portugal controlou o jogo, mas sem criar nenhuma oportunidade flagrante, parecendo uma equipa nervosa e desconfortável, dando sempre a sensação de que os jogadores não sabiam o que fazer em campo.
A segunda parte começou exatamente como a primeira, com Portugal a sofrer novamente um golo. Penálti de António Silva, convertido por Mikautadze. Depois do segundo golo, não há grande história para contar. Assistimos a um chorrilho de cruzamentos sem nexo para a grande área e às substituições falhadas do selecionador Roberto Martínez. Destaque para o remate de Diogo Dalot defendido com enorme brilhantismo pelo guarda-redes georgiano Mamardashvili.
Se para Portugal foi uma noite para esquecer, para a Geórgia foi uma noite histórica. O jogo de ontem ditou a primeira vitória dos georgianos numa fase final de um Campeonato da Europa, garantindo também a passagem inédita aos oitavos de final da competição, onde irão defrontar a Espanha. Para isso, muito contribuíram as exibições dos atacantes Kvaratskhelia (homem do jogo) e Mikautadze, que causaram enormes calafrios aos defesas portugueses, do médio Chakvetadze e do guarda-redes Mamardashvili.
No final da noite, conseguimos retirar três factos. O primeiro é que a seleção nacional apresenta uma dificuldade gritante quando joga contra seleções que defendem com um bloco mais baixo; o segundo é que António Silva não foi o único responsável pela derrota de Portugal; o terceiro facto é o recorde pessoal (mais um) batido por Cristiano Ronaldo: a primeira vez que fica em branco numa fase de grupos de uma grande competição internacional por Portugal — calma, foi uma piada, gosto do Ronaldo!
Agora é olhar para os oitavos de final onde a “seleção das quinas” vai defrontar a Eslovénia, um jogo que também não vai ser fácil até porque em março os eslovenos impuseram a primeira derrota (2-0) na era de Roberto Martínez.