Somos (as) pessoas que pensam demais. As que vivem dentro de uma segunda realidade da vida. Somos aqueles que não se esquecem de aniversários, nem sequer o da vizinha do 5º esquerdo.

Somos aqueles que se lembram dos pequenos detalhes da vida, do sorriso que trocámos com um estranho às dez da manhã, do encontrão que nos deram na rua por volta das 12h45, ou a palavra que pronunciámos incorretamente há dois dias. A autocrítica em pessoa. Presente!

Julgamos tudo aquilo em que tocamos, mexemos, ouvimos, dizemos. Até o simples “ok” que nos foi dito deve possuir um porquê.

Há pessoas que adormecem com o chamado “ruído branco”. Nós, quando deitamos a cabeça na almofada, adormecemos com quinhentas perguntas. Perguntas extremamente barulhentas:

– será que demonstrei demasiado entusiasmo?

-será que a minha geração conseguirá sair de casa dos pais e comprar casa própria?

– o que irá acontecer com as tradicionais profissões quando o digital tomar conta disto tudo?

Somos os melhores combatentes de uma guerra eterna com a nossa mente. Temos, para cada dia, um lutador diferente. Um dia, “o preocupado”; outro dia, “o ansioso”; no dia a seguir, “o resistente”, que ficou na terra de ninguém… a pedir ajuda.

Se um realizador de cinema nos procurasse para criar os piores cenários do mundo é certo que ganharíamos um Oscar. Não existe ninguém que crie situações tão dramáticas como um overthinker. Estão a ver aquela ansiedade que vem do nada? Nós, meus caros, fazemos uma lista mental de más previsões do futuro: não vou conseguir arranjar trabalho na minha área quando sair da Universidade; de certeza que, daqui a uns anos, o mundo vai ser dominado por inteligência artificial; mais cedo ou mais tarde acabarei por ter que procurar trabalho noutro país…

É cansativo viver com esta condição. Se conheces alguém próximo que se identifique com estas características começa por lhe dizer ou reafirmar o quão importante essa pessoa é para ti. É bem possível que lhe “faças” o dia.

*Overthinking — a cura para o pensamento excessivo*, de Nick Trenton, está editado em Portugal. Uma possível leitura para quem pretende saber um pouco mais sobre este tema.

— A UAL disponibiliza um serviço — CUPA – Centro Universitário de Psicologia e Aconselhamento — de apoio a todos os estudantes. Os serviços prestados incluem consultas de psicologia, individuais ou em grupo.

— Tem ainda o GIRU – Gabinete para a Inclusão e Resiliência Universitária, um recurso para o apoio e suporte a todos os alunos que estejam determinados a seguir com o percurso escolar e superar os obstáculos que eventualmente possam surgir, no sentido de potencializar as suas aprendizagens e promover as melhores condições inclusivas.