Mais de sete décadas de conflito. Se é pelo território, pela cultura, pela religião, pela política ou por qualquer outro fator, não se sabe ao certo. Talvez seja por todos estes motivos e mais alguns.
“A guerra é o maior dos crimes, mas não existe agressor que não disfarce o seu crime com pretexto de justiça.” As palavras são de Voltaire, escritas no século XVIII. Como é possível um escritor ter previsto aquilo que se passaria três séculos depois? Só pode ter sido visionário… Ou será o Homem um ser retrógrado incapaz de progredir? A guerra como forma de justiça…
A Segunda Guerra Mundial deu palco a episódios que marcarão para sempre a História. O Holocausto consistiu no genocídio de cerca de seis milhões de judeus por parte dos nazis — que os encaravam como causadores de todos os males apenas por serem judeus. Tamanha desumanidade revoltou, à data, a população europeia. Aumentou o apoio internacional para a criação de um estado judaico como refúgio seguro para os sobreviventes do Holocausto.
A Palestina foi o território escolhido para a sua fixação, território que detém importância histórica e religiosa para o judaísmo, local das antigas terras bíblicas de Israel. Em 1947, a ONU propôs a partilha da Palestina entre o estado de Israel e o estado da Palestina. Mas a ideia de partilha não agradou tanto à Palestina como aos países vizinhos.
Em 1948 começaria a guerra, que nunca terminou. Mas como agora há bombas a explodir, mais pessoas a morrer, miséria e destruição quase absolutas, o assunto voltou a estar em cima da mesa.
A Palestina tinha uma casa e agora vive num quarto. Israel tinha um quarto e agora vive na casa que era da Palestina. Quartos e casas sem mobília, porque estão a destruir tudo, inclusive a esperança.
Quando já nada se tem, já nada se pode perder. O Hamas diz-se a “resistência”. A palavra árabe significa “Movimento de Resistência Islâmica”. Querem garantir que o pouco que resta da Palestina não acabe e que Israel desapareça. Que morra.
Tem vindo a morrer muita gente, de ambos os lados. Gente de bem, que não escolheu a guerra. Bebés decapitados, mulheres violadas, crianças feitas reféns, inúmeros desalojados, mortes e mais mortes. A ”resistência” está a ir longe demais. Israel também. O mundo, uma vez mais, permitiu que se ultrapassassem todos os limites.
Israel ordenou a saída dos palestinianos do norte da Faixa de Gaza para o sul, no prazo máximo de 24 horas. O Hamas pediu à população para ficar. Mas o ultimato de Israel foi claro: ou saem ou morrem. As pessoas estão a deixar as suas casas para sobreviverem sem qualquer tipo de dignidade, onde nem sequer sabem se estarão seguras. A Faixa de Gaza encontra-se bloqueada pelo Governo israelita, que impede ou limita a chegada de água, eletricidade, alimentação, medicação e outros suplementos, indispensáveis à vida humana. A violação do Direito Internacional Humanitário intensifica-se.
O Hamas e Israel parecem incapazes de chegar a um acordo mútuo. O mundo tem de intervir e procurar a paz. Caso contrário, a perda humana será devastadora e o conflito só terá fim quando não restar um único palestiniano ou israelita.