Está no ar desde 1987. Durante estes 37 anos passaram várias vozes pelo programa da RFM, mas o sucesso e a boa disposição perduram. Fomos assistir a um dia de emissão do Café da Manhã e perceber como trabalha a equipa composta por Joana Cruz, Rodrigo Gomes e Daniel Fontoura. Saímos com um sorriso na cara e a certeza de que o improviso dá muito trabalho.
O relógio marca 8h15h, mas o dia da equipa do Café da Manhã já vai longo. Rodrigo Gomes troca piadas com os colegas, enquanto Joana Cruz está sentada e focada nas próximas intervenções. Já Daniel Fontoura — o terceiro elemento do trio que, de segunda a sexta-feira, vai para o ar das 6h às 10h — não está presente devido a motivos de força maior.
A trabalhar em conjunto desde 2022, o carinho e a cumplicidade entre ambos são evidentes. “Além de trabalharmos juntos, também somos grandes amigos fora do estúdio”, revela Rodrigo. Não se pense, contudo, que basta ligar o microfone e falar. O improviso dá trabalho e exige muita preparação. “Temos sempre um guião”, esclarece Joana. “É preciso estar a par do tema e seguir as regras da estação. Não podemos ligar o microfone e dizer o que nos apetece”.
Madalena Costa, produtora, esclarece que o processo de construção do guião tem várias etapas. Terminada a emissão, às 10h, a equipa reúne-se, mas os temas nunca ficam fechados. “Pode acontecer alguma coisa às 20h e temos de encaixar”. Um guião constituído por tópicos que os animadores desenvolvem com a sua capacidade de improviso no dia seguinte. Temas que surgem da atualidade, acontecimentos na vida dos animadores ou sugestões dos ouvintes”, conclui a produtora do programa.
Às 8h30 a porta pesada do estúdio abre-se para entrar Beatriz Lopes, jornalista da RFM. De meia em meia hora, junta-se aos animadores para transmitir as notícias. Terminado o direto, volta para o seu gabinete para escrever o texto do serviço noticioso das 9h. “No caso das notícias, a Beatriz está sempre conectada para saber o que se está a passar, já no trânsito temos alguém no terreno para perceber toda a situação”, explica Joana Cruz, enquanto faz sinal ao colega que têm de entrar no ar para fazer um anúncio. “Temos dois tipos de anúncios: os gravados, que tocam entre músicas, e os que são em direto, que misturamos entre conversa”, explica.
Mal o anúncio termina, Joana pergunta à equipa — constituída por Madalena Costa, Tomás Lopes, Marta Penaguião e Mariana Almeida — se já existe vencedor do Jogo da Mala, passatempo entre a RFM, Mega Hits e Rádio Renascença. É a vez da RFM anunciar o vencedor dos 8.902 euros. Mas há um contratempo: “Estamos sem sistema e agente da polícia”, informa Mariana. “No que toca a chamadas de valor registado, temos de ser muito rígidos”, esclarece Rodrigo.
Ana Garcia Martins: “Adoro escrever. É o que me dá mais prazer nesta rubrica”
Com o problema sobre a mesa a equipa tenta arranjar soluções para preencher o bloco, enquanto aguardam a chegada de Ana Garcia Martins, mais conhecida por A Pipoca Mais Doce, autora da rubrica diária Ninguém Pod Comigo. “Só se usarmos as declarações do primeiro-ministro sobre o auricular dos jornalistas”, sugere Madalena Costa ao verificar o guião. Toda a equipa concorda e a emissão prossegue.
Ana Garcia Martins chega entretanto. “A Pipoca escreve a sua rubrica”, explica Marta. Enquanto não entram no ar, Mariana Almeida, trata de posicionar a câmaras para os vídeos das redes sociais. Já os animadores discutem sobre a nova série acerca dos irmãos Menendez — disponível na Netflix. Pipoca entra no ar e fala sobre as frases tipo que os pais dizem aos filhos quando estes são pequenos.
No final, a comediante dá conta do seu processo de escrita. “Os temas aparecem de repente e eu tenho o bloco de notas e escrevo logo. Adoro escrever. É o que me dá mais prazer nesta rubrica”. Mais do que a escrita, garante que o maior desafio é conseguir chegar a horas para fazer a emissão.
“O pior é a hora de dormir. Parecemos as velhinhas a ir para a cama cedo”
9:30h, Beatriz Lopes regressa ao estúdio. A situação do jogo da mala continua por resolver e surge um novo problema. A equipa diz várias ideias, mas nenhuma parece agradar os animadores. Até que Rodrigo se lembra da conversa entre Ana Garcia Martins e Joana Cruz, sobre a série dos irmãos que assassinaram os próprios pais. Em poucos segundos o problema resolve-se e os colegas voltam a entrar em direto, a falar de um tema que não estava planeado. Perto das 10h conseguem, por fim, dizer o resultado do Jogo da Mala, onde ninguém atende a chamada.
No fim da emissão, a equipa descontrai e acaba por falar entre si sobre o que correu bem e mal. “Para isto ser assim é necessário sermos pessoas madrugadoras. O pior é a hora de dormir. Parecemos as velhinhas a ir para a cama cedo”, comenta Joana Cruz. Antes da despedida, relembram ainda “fatídico” episódio em que se esqueceram que tinham de entrevistar Manuel Luís Goucha. “Só nos lembrámos quando o Manuel enviou uma mensagem à Joana. Entrámos em pânico, mas, felizmente, como um grande senhor que ele é, entendeu a situação e voltou noutro dia”, conclui Rodrigo.
Por hoje, o trabalho está feito. Amanhã o processo repete-se.