O Boarding Gate é uma rubrica onde entrevistamos desportistas portugueses que se encontram no estrangeiro. A convidada desta semana é Joana Soeiro, jogadora de basquetebol da Marian University, em Indianapolis.
Apaixonada por desporto, Joana começou a jogar basquetebol com apenas cinco anos. Deu os primeiros passos na modalidade com o Grupo Desportivo de Gafanha, em Aveiro. Permaneceu lá até aos seus 17 anos, quando se mudou para Lisboa e teve a sua primeira estreia na Liga portuguesa. Repensou o futuro quando, em 2015, lhe ofereceram uma bolsa de estudo que lhe permitia jogar pela equipa Marian University, em Indianapolis.
Porta de Embarque
As condições que a universidade lhe propôs superaram as oferecidas em Portugal. Assume que os clubes por onde passou e conheceu ainda estão pouco desenvolvidos face aos americanos. Tudo isto levou Joana a ver uma grande oportunidade para crescer enquanto atleta, “eu percebi que ia conseguir conciliar o desporto com os estudos, algo que em Portugal ainda não é tão fácil”.
Cultura
Habituada a um estilo diferente no país onde nasceu, quando chegou à nova universidade sentiu uma grande diferença na vida académica e na maturidade dos jovens, “a maioria dos alunos não saem do campus. Em Portugal, a liberdade é outra.”, acrescentado que “nos Estados Unidos o nível de maturidade dos jovens é relativamente baixo em relação aos estudantes europeus.”.
Ainda que esta mudança tenha sido um grande choque, após três meses habituou-se à vida de “aluna/atleta e tudo ficou mais fácil”. O facto da equipa se ter adaptado facilmente ao seu estilo europeu de jogar foi um grande suporte, “parte do staff técnico tem elementos que já trabalharam na Europa”. Toda esta experiência alterou a sua forma de “olhar” para o basquetebol, “nos Estados Unidos o jogo é muito mais físico. São mais exigentes no que toca ao corpo ideal para a prática da modalidade”.
Momento mais marcante
A sua passagem por Indianapolis ficou marcada pelo campeonato nacional que conquistou com a equipa e pelo titulo de “Most Valuable Player” (MVP) que lhe foi atribuído. Lembrando também o serviço comunitário às escolas primárias e casas de acolhimento que teve oportunidade de prestar “marcaram-me para a vida”, assume.
Desporto em Portugal
Ainda que Portugal seja um dos países menos ligados ao desporto no geral, as melhorias que sentiu desde a sua ida para o estrangeiro até ao seu regresso foram significativas, “senti uma grande melhoria e acho que estamos no caminho certo”, contudo lamenta que “enquanto Portugal se focar só em futebol dificilmente outras modalidades andam para a frente”.
Estados Unidos, sim ou não?
Joana considera que a América pode ser um bom caminho para quem pretender conciliar os estudos com o desporto. Após quatro anos a vestir a camisola pela Marian University, assinou contrato pela União Sportiva, nos Açores. Sente-se uma pessoa mais rica e orgulhosa por tudo o que alcançou até hoje, por isso, não fecha portas a possíveis ofertas para o estrangeiro.