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As escarpas

Luís Carmelo 07 Out 2021 Crónicas, Crónicas

Existe nas casas uma certa conformidade. Aqueles dois sofás sempre ali estiveram encostados um ao outro. O espaço que ocupam foi o mesmo em muitas casas, dando a ver os seus braços metálicos recurvados sobre a ondulação suave da pele onde recebiam os corpos. Reentras na sala e observa-los agora completamente nus, sem o resfolegar das molas que é próprio dos animais sem couraça, nem cascos. São dois deuses inertes que prefiguram na tua frente o cansaço, a repetição do cansaço. Estás de pé em cima do tapete, no momento em que desvias o olhar para a varanda e, logo a seguir, para o ajardinado.

Sobre a relva, evitando as roseiras que caem pelas traves de madeira, vês um homem e uma mulher. Estão ao longe, mas desarmam os gestos e as palavras com relativa facilidade. Dois seres físicos que recebem centelhas de luz, moléculas que lhes sulcam os ouvidos e as extremidades dos membros. Respondem espalhando círculos de ar que se entranham na paisagem, geometrias flutuantes que sobem lá de baixo até à varanda onde já te encostaste, de costas para os dois sofás. Ela relembra a roupa demasiadamente branca da cama naquele verão. Ele diz que há sentimentos que não são captados pela acção da consciência. Como que provêm de uma atmosfera longínqua e, de um momento para o outro, habitam-nos sem pedir qualquer licença.

Ficas combalido ao olhar para os teus dois sofás. O que eles sabem excede-te. Muitas gerações e talvez provações. E, no entanto, silenciam tudo na sua forma cristalina, igual a si mesma. Os objectos percorrem a alma do mundo e atam-se aos factos em bruto que são parte íntima do tempo irreversível. Lembras-te do dia de Setembro em que foi pela primeira vez. O tapete é azul, um azul vulcânico saído do mar. Uma frase arrastada pela lava nocturna que acende nos teus olhos a impaciência de não esquecer. Voltas a encarar o homem e a mulher. Eles sabem que não é o desejo que os explica, talvez a tristeza, talvez a grande música.

As roseiras que pendem sobre o cenário são também elas secretas como o rumor que vem do fundo da voz dela. Avisa que o amor é apenas uma palavra, uma palavra que não tem parte de trás. Ele discorda e imita as asas de um avião sem mexer uma única parte do seu corpo. Fica imóvel, mas a voar. Ela adoraria penetrar nessa turbulência, embora o faça sem dar por isso. Quando sorriem revêem a sonoridade dos sinos da igreja que agita esta área ascendente da cidade. Nessa altura dão as mãos, ainda que se toquem apenas no olhar para que aquilo que se esconde possa aparecer. Tudo é qualquer coisa antes de uma palavra. Apesar de o pronome indefinido não ser rigorosamente sinónimo de amor.

Os objectos da casa interrompem o dia-a-dia. Não é o caso apenas do tapete e dos sofás. São as mesas, as cristaleiras, os candeeiros, os armários, a ventoinha, os espelhos, as fotografias, as estantes e os livros. Sim, os livros. Todo o recheio entre paredes parece conspirar contra ti nessa manhã de início de Outono. Continuas de pé sem saber se já é hora para sair de casa. O relógio é um daqueles livros fechados, impenetrável. Um bálsamo secreto. Nada na vida é imune a interrupções, sabe-lo bem. No famoso Banquete de Platão, entre as intervenções de Pausânias e do médico Erixímaco, Aristófanes tem um ataque soluços e interrompe toda a discussão sobre o Eros que estava em curso. A sua intervenção – que colocará no debate a espécie dos andróginos – é adiada. Por que motivo terá Platão interrompido a narrativa com o registo de um simples ataque de soluços? Ninguém sabe.

Lá fora, o recheio é construído por canteiros geométricos, uma fonte minúscula, vestígios de um parque infantil. E rosas, muitas rosas que interrompem toda a superfície do dia. Ele ama-a no fundo dos seus rios mais duradouros. Ama-a desesperadamente, tal como ela o ama. Continuam a perguntar por aquele verão de que ela relembrara a roupa demasiadamente branca. Uma única flor é qualquer coisa antes de todas as palavras. Apenas tu os observas como quem admira duas ilhas geladas muito ao longe, no meio da densidade negra do oceano. A esperança vive nas camadas mais finas daquelas escarpas.

Este texto foi publicado no jornal “Hoje Macau” e é aqui reproduzido com a devida autorização do seu autor.
    
2021-10-07
Ana Cabeças
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