21 de março de 2011. A data estava marcada há algum tempo. Com a chegada da primavera chegaria uma nova rádio, perdão, “uma nova estação”.
A ideia só poderia ser do “mestre” Vítor Nobre, sempre atento e sintonizado com a poesia das palavras e das datas. No lado prático estava eu, mais do que interessado e motivado em levar este projeto para a frente. Quem lá me aturava e dava espaço eram o Miguel e o João. O último sempre mais presente e o primeiro mais distante. Sempre foi a onda dele. Saber dar espaço e manter-se por perto sem precisar de se impor. Trabalhámos entre os três a ideia, o som que podia ter, que músicas deveria passar e ocupar no seu cantinho de internet.
Escolheu-se na altura o indie rock, associado à ideia de exibir uma nova vaga de música nacional, fresca, alternativa e acima de tudo sem um espaço no conhecimento geral – Há que dar conhecimento musical às massas – ou de conhecimento aos alunos já sintonizados com o som, naturalmente já virados para a divulgação musical. E os alunos no centro da ideia. Se é claro que encontrámos eco na direção do curso, a rádio teria de ser feita para os alunos, connosco a fornecer um apoio logístico e técnico para alicerçar os conhecimentos.
Mas voltamos a centrar a história no estúdio 3 do polo da Boavista, então casa do Curso de Ciências da Comunicação. Primeiro chegaram as mesas de mistura digitais. Para espanto do representante da marca apagámos a configuração de origem e começámos a explorar o potencial delas. A primeira vitória foi conseguir mudar os nomes das vias. Em 2011 era ainda algo de topo de gama. Antes das mesas já vinha a ideia, com experiências e programas soltos. A partir daí estávamos a passo de criar um brinquedo, mas dos sérios.
Nesse estúdio 3, a 21 de março de 2011, eram 9 da manhã. Estava no estúdio com o João. Tinha escrito um texto, escolhido canções – não é todos os dias que se lança uma rádio – e o primeiro slogan. Por trás disso já tínhamos locutores, programas, dezenas de emissões de teste e motivação. E eu abri a boca para dizer as primeiras palavras desta rádio. Depois veio tudo. A música, as histórias, os programas que apadrinhámos, os alunos que vimos crescer. Mas no estúdio 3, a 21 de março de 2011, terminava o silêncio, nascia a Rádio Autónoma.
Artigo relacionado: